O tempo mitopoético em “Pedra de sol”, de Octavio Paz

Tiago Eric de Abreu

RESUMO: O presente artigo é uma reflexão sobre o modo como o tempo se configura nas imagens do poema “Pedra de sol” (1957), do escritor mexicano Octavio Paz (1914-1998), considerando os aspectos mitopoéticos da linguagem. A partir das associações entre imaginação e memória, mitologia, experiência e história, o presente estudo reflete sobre o tempo na acepção simbólica da linguagem poética. Mostram-se correspondências entre imagens representativas da cosmovisão dos povos da Mesoamérica, e as imagens do texto poético de Octavio Paz. O tempo mitopoético é apresentado como a forma da imaginação literária expressar e personificar os ciclos do tempo, através das imagens recorrentes das mitologias. A abordagem dos símbolos presentes no corpus baseia-se no estudo comparado das imagens mitológicas presentes em diversas tradições, sobretudo, nas cosmovisões mesoamericana e indiana. Considerando que a imagem é a linguagem fundamental do texto poético, as observações conduzem a aprofundamentos no entendimento das relações entre a percepção temporal e a experiência poética do tempo.

PALAVRAS-CHAVE: Poesia hispano-americana. Mitologia. História mesoamericana. Octavio Paz, 1914.

ABSTRACT: This study aims to reflect about how is time figured in the images of the poem “Piedra de sol” (1957), by the Mexican writer Octavio Paz (1914-1998), considering the mythopoeic aspects of language. By making associations among imagination, memory, mythology and historical experience, this paper tries to demonstrate how the symbolical language of poetry reconfigures temporality. The text presents correspondences between Octavio Paz’s poetic images and ancient Mesoamerican cultures. Mythopoeic time characterizes the primordial form of literary imagination, which manifests the cyclical temporality in the recurrence of mythological images. The approach of the symbols in the poem is based on the compared study of mythological images, as they appear in Mesoamerican and in Indian ancient traditions. Considering the image as the primordial poetic language, the observations lead to more elaborated reflections concerning the relations between temporal perception and the poetic time experience.

KEYWORDS: Hispano-American poetry. Mythology. Mesoamerican history. Octavio Paz, 1914.

 

Mesmo que o mundo mude com rapidez,
como nuvens em movimento,
tudo volta outra vez
ao primeiro momento
(Rainer Maria Rilke, Sonetos a Orfeu)

Introdução

O tempo é um fenômeno que condensa múltiplos significados e, assim como os mitos, suscita inúmeras representações no campo literário. As imagens míticas constituem um assunto universal e inesgotável, cujos símbolos se manifestam nas realizações artísticas da humanidade, desde tempos remotos. Para os poetas, as imagens míticas constituem fontes de associações que sempre renovam seu valor simbólico ao serem reinventadas pela imaginação criadora. No campo da poesia, abordar o tema mito significa abrir-se às várias correspondências transculturais sugeridas pelas imagens do texto poético. Assim consideradas as convergências dos tempos e das imagens simbólicas na poesia, o presente estudo se atém aos aspectos mitopoéticos do poema “Piedra de sol”, de Octavio Paz.

A experiência literária que o poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (1914-1998) condensa em suas obras, apresenta-nos o trabalho do escritor com a poesia e o ensaio filosófico, conciliando a dimensão reflexiva da crítica e a expressão simbólica da linguagem poética. Os dois eixos da obra do escritor, o pensar e o criar, entretecem com o fenômeno do tempo uma relação constantemente presente em seus textos. Para Octavio Paz o tempo é o seu verdadeiro interlocutor.

A poesia transfigura o tempo por meio da imaginação e da memória. O tempo torna-se imagem no texto poético. Os espaços da imaginação são povoados de mitologemas, isto é, mitos em gérmen, em formação, que são a matéria-prima da criação artística e do conhecimento.

Na obra ensaística El arco y la lira, Octavio Paz (1972, p. 234) discorre, dentre outros temas, sobre o pensamento do escritor inglês Coleridge, para quem a imaginação é não somente um órgão do conhecimento, mas, também, a capacidade de expressar o saber na forma de símbolos e mitos. A partir desta reflexão, Octavio Paz observa que a imaginação e o pensamento racional ligam-se ao saber mais alto, que somente poderia ser expresso por meio de uma apreensão simbólica e integral: o mito.

Octavio Paz, afirma: “nem todos os mitos são poemas, mas todo poema é mito” (1972, p. 63). O poeta assim reflete que aquilo que chamamos mito está relacionado com um modo de ser que é constitutivo da imaginação e do pensamento. Assim compreendido, o poema é mito no sentido de apresentar uma corrente subliminar de imagens que, por correspondência com a superfície visível da palavra, amplia o horizonte simbólico da linguagem. Em “Pedra de sol” (1988, p. 47), a linguagem se constrói na tensão entre o verbal e o não verbal:

melhor a castidade, flor invisível
que se move nos talos do silêncio,
o difícil diamante dos santos
que filtra os desejos, sacia o tempo,
núpcias de quietude e movimento,
canta a soledade em sua corola,
pétala de luz em cada hora,
o mundo se despoja de suas máscaras
e em seu centro, vibrante transparência,
o que chamamos Deus, o ser sem nome,
se contempla no nada, o ser sem rosto
emerge de si mesmo, sol de sóis,
plenitude de presenças e de nomes;
(PAZ, 1988, p. 17)

Otavio Paz descreve o tempo mítico como uma categoria temporal flutuante sobre o tempo presente. Na escritura poética, tal como os sonhos, o tempo mitopoético apresenta suas imagens como realidades vivas, frutos da imaginação autogeradora e atemporal. Para Octavio Paz, o poema é dual: enquanto criação humana, ele é fruto de um tempo e de um lugar, mas, ainda assim, situa-se além das datas, anteriormente a toda história, no “princípio do princípio” (1972, p. 186). Por esse prisma, o poema é tempo puro, origem, surgimento:

volto onde comecei, busco teu rosto,
caminho pelas ruas de mim mesmo
sob um sol sem idade, e tu a meu lado
caminhas como um rio, como um árvore,
caminhas e me falas como um rio (PAZ, 1988, p. 49)

Na escritura de Paz, a imaginação e o desejo são o alento da linguagem poética. A linguagem universal da poesia é a imagem. Através do ritmo, o poema comunica “aparições”, imagens instantâneas; a isto se chama “presentificação do tempo”, ao que se associa a imagem mítica da Criação (mitos cosmogônicos) e a expressão metafórica “dar à luz”:

                                  abre a mão
senhora de sementes que são dias,
o dia é imortal, ascende, cresce,
acaba de nascer e nunca acaba,
cada dia é nascer, um nascimento (PAZ, 1988, p. 63)

Em linguagem simbólica, a palavra poética, enquanto trabalho humano, propicia extrair o ser do caos coletivo (através da expressão imagética), dando voz ao que há de singular no homem e que constitui sua temporalidade constitutiva:

aonde eu sou tu somos nós,
ao reino dos pronomes enlaçados,

porta do ser: abre teu ser, desperta,
aprende a ser também, labora a tua cara,
cultiva tuas feições, tem um rosto
para meu rosto ver e que te veja,
para a vida encarar até a morte (PAZ, 1988, p. 65)

O poema mostra o ser como escritura diante da memória que recria a experiência vivida. De maneira simbólica, a memória criadora evoca o tema mítico da volta dos mortos, como metáfora do passado que retorna clamando por voz e expressão:

não há redenção, não volta atrás o tempo,
o mortos estão fixos em sua morte
e não podem morrer de outra morte,
intocáveis, cravados em seu gesto,
desde sua solidão, desde sua morte
sem remédio nos olham sem nos verem,
sua morte é a estátua de sua vida,
um sempre estar já nada para sempre (PAZ, 1988, p. 57)

O tema da volta dos mortos simboliza tanto a dimensão experiencial do poeta quanto a dimensão coletiva da história. Isto é, aquilo que foi (passado) se apresenta vivo e presente; os mortos da história humana personificam a memória na qual os tempos sempre voltam. As imagens do poema evocam o tempo cíclico, presente na cosmovisão de muitos povos, dentre os quais, os que habitaram a Mesoamérica pré-colombiana.

Na poética de Octavio Paz é visível a recorrência dos motivos míticos e históricos do México pré-colombiano, ao que Manuel Ulacia, estudioso da obra paziana, descreve como a descida até as “raízes do que hoje chamamos mexicano” (ULACIA, 1999, p. 101). Assim, as imagens advindas do mundo mesoamericano que encontramos em “Pedra de sol” (1957), encarnam um movimento de escavação das origens, em que o poeta intenta conciliar, por meio de um exercício de imaginação crítica, as antigas tradições, com o olhar moderno, o espírito da época atual. Assim escreve Octavio Paz: “meus pontos de vista são de um poeta hispano-americano; não são uma dissertação desinteressada, mas sim uma exploração de minhas origens e uma tentativa de auto identificação indireta” (PAZ; CAMPOS, 1994, p. 309).

Na escritura do poema “Pedra de sol”, o motivo mítico da “queda” aparece como uma imagem do retorno, em que o passado encarna o futuro e desemboca no presente:

cair, voltar, sonhar-me e que me sonhem
outros olhos futuros, outra vida,
outras nuvens, morrer-me de outra morte!
– esta noite me basta, e este instante
não acaba de abrir-se e revelar-me
onde estive, quem fui, qual o teu nome
e qual é meu nome: (PAZ, 1988, p. 33)

A poesia e o tempo: “um sol sem idade”

“Pedra de sol”, escrito por Octavio Paz em 1957, é um poema circular em que os últimos versos retomam o início do poema, perfazendo uma roda mântrica. O título do poema é uma analogia à Pedra dos sóis mexica – conhecida como calendário asteca –, monólito esculpido em rocha, que tem a forma de um mandala ou disco. O referido monólito, esculpido em basalto, é uma “roda de aniversários” que registra as festas, os ciclos do ano e da gestação humana. Os povos mesoamericanos deixaram marcas talhadas em pedra, pintadas em murais, que recordam o modo como ritmavam o tempo.

A cosmovisão da Mesoamérica se caracteriza por uma concepção cíclica do tempo. No sistema calendário e nos livros pintados (tlacuilolli) do México pré-colombiano está presente uma complexa escrita pictoglífica (SANTOS, 2002, p. 39) que sincroniza números e símbolos de forma sinestésica; até mesmo as cores são plenas de significado e atuam como linguagem não verbal. Segundo o estudioso da literatura americana Gordon Brotherston (2005, p. 2), trata-se de uma escrita em que convergem a imagem (linha, disposição e forma), a aritmética e o poema-narração. Numa das representações dos livros mesoamericanos, por exemplo, o ano é figurado como um círculo no interior de outro, anel pintado em cor turquesa ou vermelha, o que expressa a visão circular do tempo. Em língua náuatle, a palavra xiuh significa, ao mesmo tempo, ano, turquesa e fogo (BROTHERSTON, 1997, p. 144), detalhes que mostram a contiguidade dos fatores semânticos e imagéticos da pictografia náua. Note-se que Aztlan, lugar de origem dos mexicas (astecas), era representada por uma espiral, remetendo, simultaneamente, a um lugar de procedência histórica e a uma origem mítica.

O encontro de história e mito transparece no poema “Pedra de sol”, cujas imagens fazem alusão às formas circulares, remetendo à experiência histórica mexicana. O círculo é, pois, a principal representação do tempo na Mesoamérica. Entre os livros pintados dos povos do vale do México, os tonalámatl (ou “Livro dos dias”) tinham função divinatória e preditiva de acontecimentos futuros, baseando-se na recorrência das datas, sendo que cada dia, mês, ano, era, possui um signo cíclico que o nomeia, conferindo um caráter específico a cada fase periódica, como se o tempo tivesse um “temperamento”. Em “Pedra de sol”, o “amanhecer” é um símbolo do tempo-espaço do nascimento, o dia e a noite encarnam feições e caráter próprios:

cada dia é nascer, um nascimento
é cada amanhecer e eu amanheço,
amanhecem todos, amanhece
o sol cara de sol, João amanhece
e se parece a todos os Joões,
porta do ser, desperta-me, amanhece,
deixa-me ver o rosto deste dia,
deixa-me ver o rosto desta noite (PAZ, 1988, p. 63)

A relação dos mesoamericanos com o tempo era tão arraigada em sua cosmovisão que, como demonstra León-Portilla (1987, p. 17), historiador e filósofo mexicano, os mexicas relatavam ter havido vários “prodígios e presságios anunciando o que haveria de acontecer”, alguns anos antes da chegada dos espanhóis a Tenochtítlan (atual Cidade do México).

Correspondências mitopoéticas: os versos e o universo

O poema “Pedra de sol” incorpora as linguagens mesoamericanas de tal modo que o texto produz analogias por meio da imagem e do número: o poema é composto de 584 versos hendecassílabos. O número onze tem notáveis significações para o mundo mesoamericano. Nos teoamoxtli (livros “rituais”), o Onze tem natureza astronômica, relacionando-se às onze fases do céu noturno (BROTHERSTON, 1997, p. 93). Além disso, associa-se às onze figuras do Zodíaco maia. Nas pinturas murais em Cempoala, no México, o sol é divido em conjuntos de onze sinais distintivos do Zodíaco. Mais além da Mesoamérica, os índios Navarro colocam onze raios em sua pintura seca chamada Sotsoiji (que significa “Grande Estrela”, ou Vênus). Ademais, significativo é o fato de que Onze era o número do período (katun) em vigência no calendário Maia, quando os espanhóis chegaram à península de Iucatã, no México (1511). Tendo estes rastros históricos em vista, “Pedra de sol” incorpora o simbolismo numérico-imagético ligado às representações do tempo da América pré-colombiana, conferindo à sua linguagem poética uma relação de analogia com as origens do escritor, com o universo mais amplo, com a história humana e a história da terra.

A paisagem atemporal, “um sol sem idade”, aparece em “Pedra de sol” como

tempo total onde nada acontece
afora seu transcurso afortunado,

nada acontece, piscas e te calas,
(silêncio: passou um anjo neste instante
extenso como a vida de cem sóis) (PAZ, 1988, p. 51)

Nos versos, a extensão do tempo, a espacialidade do tempo cósmico, é incalculável em medidas humanas. Nos mitos cosmogônicos, a percepção espaciotemporal mostra-se como sincronia e convergência, conjunção de múltiplos tempos e espaços. Paz afirma que a experiência do sagrado, comum à poesia e outras manifestações, tem como origem a percepção de que “aqui é ali […] o espaço não é uma extensão, mas uma qualidade; ontem é hoje; o passado regressa; o futuro já aconteceu” (PAZ, 1972, p. 126). Todos os tempos confluem no instante poético: a história do que não ocorreu, ou do que se desejou tivesse acontecido, ou do que ainda virá a ser, pairam na imaginação como mundos contíguos de possibilidades que encontram realização na escrita.

A escritura poética e o instante: os “corpos do fogo”

Em “Pedra de sol”, o instante crepita no símbolo do fogo, na imagem do desejo que se consome e se extingue. Na chama, que é sempre um começo fulgente na experiência imediata dos sentidos, a luz e o calor presentes culminam instantâneos e se volatilizam na memória:

                                              são chamas
os olhos, e são chamas o que veem,
chama é a audição e chama é o som ouvido,
brasas os lábios e tição a língua,
o tato e o que é tocado, o pensamento
e o pensado, e também chama é quem pensa,
tudo se queima, o universo é uma chama,
arde o mesmo nada que não é nada
mais que um pensar em chamas e ao fim fumo: (PAZ, 1988, p. 55)

Em “Pedra de sol”, a temporalidade é marcada pela copresença e confluência de tempos: um tempo irredimível, que oblitera nomes e rostos, e outro tempo, instantâneo, presente em que deságuam as forças paradoxalmente criativas e destruidoras:

enquanto o tempo em seu leque se encerra
nada deixando atrás de suas imagens
o instante se aprofunda e sobrenada
rodeado de morte, ameaçado
pela noite e seu lúgubre bocejo,
ameaçado pela algaravia
da morte pertinaz e mascarada
o instante se aprofunda e se penetra,
se fecha como um punho, como um fruto
que para dentro de si amadurece
e a si mesmo se bebe e se derrama,
este instante translúcido se fecha,
amadurece e cria raízes,
cresce dentro de mim, me ocupa inteiro,
me expulsa sua flora delirante,
meus pensamentos voam como pássaros,
por meu sangue circula seu mercúrio,
frutos sabor tempo, árvore mental (PAZ, 1988, p. 25-27)

O instante, na visão de Octavio Paz, é a estância da poesia, o tempo dos amantes e da morte, dos poetas e das crianças, do desejo que se corporifica em imagens não apenas visíveis, mas palpáveis (“frutos sabor tempo”) – tempo passível de ser experimentado. Nos versos citados, o instante está associado à fecundidade da natureza – árvore e frutos. Ademais, a imagem dos “frutos sabor tempo” associa-se, por analogia, à pictografia dos livros da Mesoamérica, nos quais, segundo Brotherston (1997, p. 375) a imagem de cada fruto de uma árvore expressa a soma de um valor cronológico, isto é, representa a conta de períodos de tempo.

A “árvore mental” dos versos de “Pedra de sol”, de modo análogo, evoca a ancestralidade, sua ascendência e enraizamento no solo coletivo que se alastra eras afora, uma vez que a estrutura psicofisiológica é herança de milhares de anos de experiência humana. A ideia de enraizamento expressa, ainda, a união com o mistério maior da vida, o parentesco e a semelhança do ser com o universo sem idade.

O tempo presente na poesia: a “flor do instante”

Os pensadores e poetas de língua náuatle deixaram escritos poemas que expressam algumas das sutilezas da cosmovisão mesoamericana; seus cantos (cuícatl) dizem com singeleza a magnitude do instante, tal como se lê nos versos que seguem:

Ah, só um breve instante!
Só, igual a uma magnólia, abrimos as pétalas!
(LEÓN-PORTILLA, 1986, p. 149)

Nos poemas nauas a flor é um símbolo do canto, da celebração, da beleza, da poesia e do deleite. Os versos aludem à brevidade da vida, que floresce e logo fenece. Mas, para além da perspectiva melancólica do desvanecimento, o instante que está sempre começando faz do ato poético um ato de criação que nunca acaba de se gerar completamente. O tempo mitopoético se mostra, deste ponto de vista, na momentânea conjunção do eterno com o presente singular – um símbolo vivo. Segundo Jung, “a matéria-prima elaborada pela tese e antítese, e que une os opostos em seu processo de formação é o símbolo vivo” (JUNG, OC, 2013, v. 6, p. 493). Em “Pedra de sol”, o eterno presente aparece na imagem do beijo dos amantes, simbolizando a suspensão do fluxo do tempo, a comunhão de vida e morte:

tudo se transfigura e é sagrado,
é o centro do mundo cada quarto,
é a primeira noite, o primeiro dia,
o mundo nasce quando dois se beijam,
gotas de luz de entranhas transparentes,
o quarto como um fruto se entreabre
ou explode como um astro taciturno
e as velhas leis roídas pelos ratos
[…] derrubam-se
por um instante imenso e vislumbramos
nossa unidade perdida, o abandono
de ser homens, a glória de ser homens,
e repartir o pão, o sol, a morte,
o esquecido assombro de vivermos (PAZ, 1988, p. 43-45)

O poema presentifica o tempo original: a experiência poética rompe com a familiaridade do visto e faz retornar o espanto ou assombro mítico diante da constatação da magnitude da vida e da pequenez humana diante dos fenômenos da natureza – morte e nascimento. Nos versos de “Pedra de sol”, as imagens do homem e da mulher integram-se no “ser total”, na unidade da vida compartida. Para os amantes que se unem, é sempre a “primeira noite, o primeiro dia” – o eterno presente. Logo adiante no poema, a presença passa pelo corpo diáfano da linguagem como uma luz momentânea:

corpo de luz filtrada por uma ágata,
corpo de luz, ventre de luz, baías,
rocha solar, e corpo cor de nuvem,
cor viva de dia que salta rápido,
a hora resplandece e toma corpo,
o mundo já é visível por teu corpo,
transparente por tua transparência (PAZ, 1988, p. 10)

No poema, a escrita se mostra como um corpo de linguagem “transparente”, através do qual “o mundo já é visível”: o tempo toma forma no presente da escritura/leitura por meio da analogia.

A analogia é um dos elementos que Octavio Paz retoma das antigas artes e filosofias. O pensamento analógico concebe o universo como um tecido de correspondências, e a linguagem como um microcosmo, um corpo de ressonâncias com o universo mais amplo. O verso “tudo se comunica e transfigura” (PAZ, 1988, p. 63) sugere o paralelismo entre a linguagem e a imagem do mundo em movimento. De maneira análoga, afirma o filósofo e historiador Walter Benjamin (2011, p. 190): “a natureza da língua contém todos os mistérios da natureza material”. Em outros termos, a poesia retoma aquela dimensão da linguagem que mimetiza a natureza e o universo. Assim, a poesia apresenta a conjunção do ser temporal e da imaginação atemporal, o espaço histórico e o mítico. A este fenômeno Octavio Paz (PAZ, 1972, p. 188) descreve como a “encarnação da poesia na história”.

Os mitos aquáticos na poesia: “corpos de água”

Na obra de Octavio Paz a linguagem poética expressa diferentes concepções sobre o tempo. Pelos versos de “Pedra de sol” as imagens da água que circula aparecem como emanação fluida do tempo arquetípico. Nas palavras de Jung (2013, OC, v. 5, p. 273), as imagens arquetípicas seriam “as formas ou leitos nos quais o rio dos fenômenos psíquicos corre desde sempre”. O poema paziano convoca as imagens do rio serpenteante, das águas correntes, símbolos da água primordial e do movimento:

um sálix de cristal, um choupo de água
um alto repuxo que o vento arqueia
uma árvore firme porém dançante,
um caminhar de rio que se curva,
avança, retrocede, dá uma volta
e chega sempre: (PAZ, 1988, p. 7)

Com os versos supracitados principia o poema; são igualmente os últimos. Com eles o poema recomeça perpetuamente, e continuamente regressa, circulando. Assim como a fonte em que jorra o instante, a água do rio em movimento que “chega sempre”, desenha uma imagem do surgimento, que poderia ser vista como um “símbolo da força vital em incessante renovação” (JUNG, 2013, OC, v. 12, p. 132).

Nos ciclos de mitos cosmogônicos da Mesoamérica, a água é um elemento primordial da criação. No Popol Vuh (REYNOSO, 1990, p. 19), conjunto de narrativas da tradição Maia-Quiché, um dos primeiros movimentos do mundo criado é o caminho dos rios. A água ainda aparece na cosmovisão mesoamericana como gênese, nomeando a primeira era ou idade do mundo: o “Sol de Água”. Segundo a “Lenda dos sóis”, nesta primeira era, a humanidade pereceu pela água de um dilúvio “que a tudo levou” (LEÓN-PORTILLA, 1986, p. 50). Além de expressar a geração, portanto, as águas também perfazem a dissolução.

A água também é um símbolo da permanência pela transformação, uma imagem do ser que se metamorfoseia para vir a ser aquilo que é. O movimento, expresso no “caminhar de rio” corrente em “Pedra de sol”, encontra paralelos no pensamento chinês sobre o Tao:

O caminho por descobrir é como algo psiquicamente vivo, que a filosofia clássica chinesa denomina Tao, comparando-o a um curso de água que se movimenta inexoravelmente para a meta final. Estar dentro do Tao significa perfeição, totalidade, desígnio cumprido, começo e fim, e a realização completa do sentido inato da existência. Personalidade é Tao (JUNG, 2013, OC, v. 17, p. 200).

O pensamento sobre o sentido da existência vai ao encontro da visão de Octavio Paz sobre a poesia como revelação da condição humana e sua relação com o tempo. Por sua possibilidade de encarnar entre os homens, a poesia paziana é “manancial, fonte: o poema dá de beber a água de um eterno presente que é, contudo, o mais remoto passado e o futuro mais imediato” (PAZ, 1972, p. 188). Neste sentido, o simbolismo da água em “Pedra de sol” encarna a irrupção das fontes primárias da energia criativa.

“Águas abissais”: reflexões poéticas sobre a morte

Mas, se as águas, enquanto imagens do tempo mítico, geram a vida, elas também dão voz à morte:

racimo já seco, buraco negro
e no fundo do buraco os dois olhos
de uma menina afogada há mil anos,
olhares enterrados em um poço,
olhares a nos ver desde o princípio (PAZ, 1988, p. 33)

Para a cosmovisão mesoamericana, depois de findada a vida humana, existe-se, de algum modo, em algum lugar. Dentre as imagens do mundo mesoamericano que colorem os possíveis destinos dos homens e mulheres após a vida, Tláloc, o deus da chuva, é quem acolhe os que deixam o mundo pelo afogamento, cujo destino é a estância chamada Tlalocan, onde “sempre para sempre/as coisas germinam e verdejam” (LEÓN-PORTILLA, 1987, p. 22). Os textos náuas narram que, neste “além”, “sempre há frescor, sempre brotos verdes, e é sempre primavera” (LEÓN-PORTILLA, 2009, p. 47). Em “Pedra de sol” correm símbolos paralelos:

                      um caminhar tranquilo
de estrela ou primavera sem urgência,
água que com as pálpebras fechadas
profecias emana a noite inteira,
unânime presença na folhagem,
onda pós onda que a tudo oculta,
verde soberania sem ocaso

Quanto à dimensão individual da existência, os cantos dos poetas náuas, reunidos nos Cantares mexicanos, mostram a ideia de que à morte poderia seguir-se um renascer: a teyolía do indivíduo, ou, seu alento vital, seria enviado de novo à terra, ao seio de uma mulher que haveria de ser sua mãe (LEÓN-PORTILLA, 2009, p. 48).

A perspectiva da vida que retorna em outro tempo, outros corpos, em outra vida, numa nova dimensão espaciotemporal, percebida na copresença dos tempos, é cantada em “Pedra de sol”:

olhares infantis da mãe já velha
que vê no adulto jovem o filho pai,
olhar materno da menina só
que no pai grande  vê o filho menino,
olhares que nos miram desde o fundo
da vida e são armadilhas da morte
– ou cair nestes olhos, ao contrário,
é retornar à vida verdadeira?

cair, voltar, sonhar-me e que me sonhem
outros olhos futuros, outra vida,
outras nuvens, morrer-me de outra morte!  (PAZ, 1988, p. 33)

“Corpo do mundo”: Vênus, a linguagem e os símbolos mitopoéticos

A imagem de Vênus é omnipresente em “Pedra de sol”. 584 é o número de versos do poema – uma analogia ao ciclo do planeta em torno do sol, que tem a duração 584 dias da Terra, ciclo este que é de importância cabal para o calendário mesoamericano. A imagem de Vênus, para o povo Mexica, era associada ao númen Cintéotl (a divindade do milho) e, em seus ciclos festivos celebrava-se a semeadura, a estação chuvosa, a geração e a fecundidade, renovação, purificação e renascimento da natureza (GRAULICH, 2001, p. 364). Assim, segundo as narrações, associavam-se a aparição de Vênus-milho e o surgimento da terra. De acordo com as festas cíclicas mesoamericanos, os ritos e cerimônias reatualizavam os eventos do princípio de uma idade, a era mítica antes do nascimento do sol, na qual o mundo estava em trevas e era apenas iluminado por Vênus. Segundo Graulich (2001, p. 359), numerosos ritos simbolizavam fecundação, plantio e nascimento. Com danças e ritos, celebrava-se, na Mesoamérica, a água e a germinação do milho, presentificando o nascimento de Vênus-milho, o deus que fez emergir a terra.

Nos versos de “Pedra de sol”, as imagens do tempo mitopoético estão associadas à água como “surgimento”, propiciando fecundidade criativa, correspondendo à imagem do renascimento primaveril. Como expressão correspondente da força geradora, Vênus é também Afrodite para os mediterrâneos, a divindade do amor. Ambos os aspectos da deusa – da cosmovisão mesoamericana e da antiguidade greco-romana – transparecem em “Pedra de sol”:

vestida com a cor dos meus desejos
como meu pensamento vais desnuda,
vou por teus olhos como pela água,
os tigres bebem sonhos nesses olhos,
o beija-flor se queima nessas chamas,
vou por teu pensamento como pela lua,
como a nuvem vou por teu pensamento,
vou por teu ventre como por teus sonhos,

tua saia de milho ondula e canta,
tua saia de cristal, saia de água,
teus lábios, teus cabelos e olhares,
todas as noites choves, todo o dia
abres meu peito com teus dedos de água (PAZ, 1988, p. 13) 

As imagens aquáticas, pela natureza mesma da água, mostram o aspecto fluido e líquido da linguagem mitopoética, em perpétua transformação. As mutações da palavra-imagem poética são análogas à plurivocidade mítica da figura de Quetzalcóatl. Conhecido como Gucumatz entre os maias-quichés, Quetzalcóatl encarna a imagem primordial que pode se transformar em serpente, águia, jaguar, e ir ao Céu ou ao Inframundo. Esta aptidão camaleônica do arquétipo reflete a força geratriz da imagem mitopoética, que dá alento à linguagem, fazendo de cada palavra um mundo. As imagens cambiantes são, pois, a chave da analogia: “Podemos mudar, ser pedras ou astros, se conhecemos a palavra justa que abre as portas da analogia” (PAZ, 2006, p. 66), escreve Octavio Paz.

As imagens formadas pela analogia são a união de tempos, espaços e forças contrárias. Marcando essa convergência pelas imagens da transformação e do renascimento, no poema “Pedra de sol”, a imagem de Vênus é invocada, dentre tantos epítetos, como a “pastora dos vales submarinos/e guardiã eterna do vale dos mortos, […] flor de ressurreição, uva de vida” (PAZ, 1988. p. 21). A divindade feminina – encarnação da Grande Mãe que engendra em si o mundo – aparece, assim, como “mãe” de todas as metáforas, origem da linguagem:

                                  vida e morte
pactuam em ti, senhora da noite,
torre de luz e rainha da aurora,
virgem lunar e mãe da água mãe,
corpo do mundo e morada da morte (PAZ, 1988, p. 61)

A caraterística fluidez da água-palavra nasce da linguagem poética como uma fonte plurívoca, como a “mãe da água mãe”, a que origina, dá vida a todas as imagens, e também dá a morte (“Na palavra morre o que dá vida à palavra. A palavra é a vida dessa morte”, escreve Blanchot, 1997, p. 335). Notável é o fato de que, para a alquimia medieval, a água é nomeada a prima materia (matéria-prima), a mãe de todos os elementos e de todas as criaturas, o elemento primordial, o “‘puro sujeito e a unidade das formas’, que tem a possibilidade de abarcar todas as formas” (JUNG, OC, 2013, v. 12, p. 340).

Em “Pedra de sol”, o tempo mitopoético é, portanto, a corporificação fluida do desejo da conceber a forma:

tua saia de milho ondula e canta,
tua saia de cristal, tua saia de água,
teus lábios, teus cabelos e olhares,
todas as noites choves, todo o dia
abres meu peito com teus dedos de água,
fechas meus olhos om tua boca de água,
choves obre meus ossos, no meu peito
cria raízes uma árvore líquida,

vou por teu corpo como por um rio,
por tua forma como por um bosque,
como por uma senda na montanha
a terminar em repentino abismo (PAZ, 1988, p. 15)

O “repentino abismo” marca o ponto limítrofe entre a linguagem e o inexprimível. Como imagem do tempo gerador e destruidor, Vênus é símbolo. O símbolo, segundo Jung (2013, OC, v. 5, p. 152) “é uma expressão indeterminada, ambígua, que indica alguma coisa dificilmente definível, não conhecida completamente”, como o mistério do tempo, da vida e da morte, aludindo ao fato de a linguagem verbal ser constituída de “sinais” que apenas apontam sentidos possíveis, mas não abrangem o significado total, sendo limitada pela zona irascível do mundo natural.

A imagem poética e os limites da linguagem: rumo à “margem de lá”

O não ser, a morte, é uma imagem do limite entre a palavra e o inefável. A experiência do homem com a palavra indica, nas fronteiras do dizível, uma limitação inerente à linguagem e à condição humana. O poema, ao recriar a linguagem e fazer com que cada imagem seja única, ainda que se expresse em signos conhecidos, aporta no desconhecido, na “outra margem”.

Nos versos finais do poema “Pedra de sol”, o despertar do estado empedernido se expressa na imagem de um renascer para a outra margem:

dormi sonhos de pedra que não sonha
e depois de anos e anos como pedras
ouvi cantar meu sangue encarcerado,
com um rumor de luz o mar cantava
uma a uma cediam as muralhas,
todas as portas se desmoronavam
e o sol batia a secas em meu rosto
abria minhas pálpebras fechadas,
desprendia meu ser de seus limites,
de mim me arrancava, liberava-me
de meu dormir séculos de pedra
e sua magia de espelhos revivia: (PAZ, 1988, p. 67)

Na circularidade da voz poética em “Pedra de sol”, o ser se converte em não ser, imagem da dissolução: “uma a uma cediam as muralhas,/todas as portas se desmoronavam”; a alusão a um lugar “cercado”, cidade muralhada ou casa, que se arruína, reflete a extinção de uma imagem do ser individual, e sua subsequente expansão e imersão e transcendência dos limites pessoais.

Segundo Octavio Paz (1972, p. 113), “a poesia põe o homem fora de si, e, simultaneamente, o faz regressar ao seu ser original: restitui-o a si mesmo”. Neste sentido “a poesia é entrar no ser”, é vivência.

Quanto ao mistério do tempo sugerido pelos versos supra, o despertar da pedra, do estático, sugere o anseio humano sempre renovado de ir mais além de si mesmo, um impulso universal que, na natureza, exprime-se nas manifestações cíclicas de formação, conservação e destruição, e também de renascimento cultural.

Considerações finais

Como imagens do tempo, o sol e a pedra encarnam as “núpcias de quietude e movimento” (PAZ, 1988, p. 47), como está expresso em “Pedra de sol”. Na escultura do poema inscreve-se o espaço da memória, o testemunho poético da história de um século arrebatado por guerras e conflitos, pela dialética entre o estático e a mudança, o arcaico e o futurista, a permanência e a transformação.

O tecido poético em que se dá a coexistência de múltiplas fontes, épocas, cosmovisões, na escritura de Octavio Paz, relaciona-se à ideia da convergência e copresença dos tempos, como se o passado das experiências culturais mais arcaicas se agitasse ainda no tempo presente das civilizações. Sobre o paradoxo do tempo, em “Pedra de sol” a voz poética lança a indagação que reflete sobre o sentido das revoluções culturais: “nada acontece quando passa o tempo?”.

Referências

BENJAMIN, Walter. Origem do drama trágico alemão. Trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

BLANCHOT, Maurice. A Parte do Fogo. Trad. Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

BROTHERSTON, Gordon. Feather crown. The eighteen Feasts of Mexica year. Londres: The Trustees of the British Museum, 2005.

BROTHERSTON, Gordon. La América indígena en su literatura: los libros del cuarto mundo. Trad. Teresa Ortega Guerrero y Mónica Urtilla. Ciudad de México: FCE, 1997.

BROTHERSTON, Gordon. Painted books from Mexico. London: Trustees of British Museum, 1995.

GRAULICH, Michael. Atamalcualiztli. Fiesta Azteca de nacimiento de Cintéotl-Vénus. In: Estudios de cultura nahuatl, México, vol. 32. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2001.

JUNG, Carl G. Obras Completas. Trad. Dora M. R. F. da Silva Petrópolis: Vozes, 2013.

LEÓN-PORTILLA, Miguel. A conquista da América Latina vista pelos índios: relatos astecas, maias e incas. Trad.: Augusto Ângelo Zanatta. Petrópolis: 1987.

______. Cantos y crónicas de antiguo México. Madrid: Historia 16, 1986.

______. “Memorial nahua de la muerte”. In: ______. Muerte Azteca-Mexica: renacer de dioses y hombres. México, D. F.: Editorial Artes de México, n. 98, nov. 2009. P. 43-51.

PAZ, Octavio. El arco y la lira. México: FCE, 1972.

______. La otra voz: poesía y fin de siglo. México: Seix Barral, 1990.

______. Obras completas, vol. 11: Obra poética I (1935-1970). México: FCE, 1997.

______. Obras completas, vol. VII: Los privilegios de la vista II: Arte de México. México: FCE, 1994.

______. Los Hijos Del Limo. In: ______. La Casa de la Presencia: poesía e historia. Obras Completas, v. I, Edición del autor, letras mexicanas. México, DF: FCE, 1999.

______. O labirinto da solidão. Trad. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.

______. Pedra de sol. Trad. Horácio Costa. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

______. Signos em rotação. Trad.: Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Perspectiva, 2006.

PAZ, Octavio; CAMPOS, Haroldo. Transblanco. São Paulo: Siciliano, 1994.

REYNOSO, Diego. Popol Vuh. Trad. Antonio Augusto Pires Schmidt. São Paulo: ícone, 1990.

SANTOS SILVA, Maria Ivonete. Octavio Paz e o tempo da reflexão. São Paulo: Scortecci, 2006.

SILVA, Eduardo Natalino dos. Os deuses do México indígena. São Paulo: Palas Athena, 2002.

ULACIA, Manuel. El árbol Milenario: un recorrido por la obra de Octavio Paz. Barcelona: Galaxia Gutenberg, 1999.

VÁSQUEZ, Alfredo e RENDÓN, Silvia. El libro de los libros Chilam Balam. México, D.F.: FCE, 1995.

ZIMMER, Heinrich Robert. A conquista psicológica do mal. Trad. Marina da Silva Telles Americano. São Paulo: Palas Athena, 1988

______. Mitos e símbolos na arte e civilização da Índia. Trad. Carmen Fischer. São Paulo: Palas Athena, 1989.

 

Data de envio: 7 de fevereiro de 2017.