Sylvia Beirute, natural de Faro, Portugal. Estuda cinema e teatro e nasceu em 10 de dezembro de 1984. Escreve poesia e teatro para mudar o seu mundo e diz-se a favor do Acordo Ortográfico na versão de 1945. Integra o grupo literário texto-al e é autora do blogue Uma casa em Beirute. Tem colaborações dispersas em revistas literárias de Portugal, Espanha, Argentina e Brasil.
Reserva
Sylvia Beirute
melancolizamo-nos com verdades
discretas que chegam
em primeiros instantes, vagalumes, parcelas
de vida em repetição, aquela que chega
como um nada
inexpressivo e inexprimível
em qualquer documento, em qualquer pedra,
em qualquer água.
e ouvimos notícias de nós como um
vento que vem
por baixo do solo, nos levita até ao
esquecimento violento, e
assimila uma natureza de lugar
criado a partir de uma idade adulta e dentro
de um bule muito quente como
uma explicação única.
melancolizamo-nos com
verdades de instinto,
corpos estranhos dentro de corpos estranhos,
o dia que passa através do olho
perfurador de uma espécie,
a pequena reserva de felicidade
inesgotável mas para sempre pequena,
o hoje em que nada
quer dizer nada, e as palavras
ajudam a dizer tudo.