Múcio Teixeira: o sacrifício do poeta ao hierofante

Paulo Henrique Pergher

RESUMO: O presente artigo discute parte da poesia de Múcio Teixeira, escritor brasileiro do século XIX, em especial a do livro Terra Incógnita de 1916, quando o escritor passa a assinar como Barão Ergonte. Buscou-se discutir a recepção da obra de Múcio Teixeira, na época, e sua relação, intelectual e literária, com seu contexto, tendo como objetivo compreender o apagamento do escritor, na tradição literária brasileira, a partir de uma afirmação do jornalista Rocha Pombo, de que o hierofante haveria sacrificado o poeta. Para tanto, o sítio da Hemeroteca Digital serviu de fonte primária para pesquisas em periódicos do período.

PALAVRAS-CHAVE: Múcio Teixeira. Poesia. Século XIX. Literatura Brasileira.

ABSTRACT: The present article discusses part of Múcio Teixeira’s poetry, a brazilian writer from the XIX century, in particular the book Terra Incógnita from 1916, when the writer started to sign his publications as Barão Ergonte. We intend to discuss his work’s reception, during the time, as well as his intellectual and literary relation to his context, intending to understand the absence of his literary carrer in brazilian traditional history of literature, starting from a statement from Rocha Pombo, saying that the prophet had sacrificed the poet. Therefore, Hemeroteca Digital’s website was used as a primary source of information, for searching in newspapers from that time.

KEYWORDS: Múcio Teixeira. Poetry. XIX Century. Brazilian Literature.

 

Introdução

No Correio da Manhã do dia 28 de fevereiro de 1928, Rocha Pombo, tratando da transição final e apagamento de Múcio Teixeira, poeta porto-alegrense, dois anos após sua morte, pontua que “a meia luz em que por último ficou Múcio (e de que Álvaro se queixa) deveu-a ele a esse esquecimento de si mesmo em que caiu, fazendo-se no fim da vida mais profeta do que vate…” (POMBO, 1928). Álvaro Teixeira, filho do escritor, buscou, em duas compilações de críticas ao pai – publicadas nos livros Novos Ideais e Terra Incógnita -, retratar a primeira fase de seus escritos, antes de ele tornar-se profeta. A “queixa de Álvaro”, de que fala Rocha Pombo, sinaliza, em parte, a má recepção sofrida pelo autor, quando do lançamento de seus últimos livros, em grave dissonância com sua aclamada juventude. Refere-se, também, ao intento de construir uma imagem positiva do escritor – projeto empreendido por ele -, em detrimento da recepção de seus projetos últimos. A transição, de vate à profeta, pois, refere-se à transformação de Múcio Teixeira em Barão Ergonte, isto é, quando o escritor torna-se o famoso Barão, profeta e adivinho, passando a praticar e divulgar questões esotéricas, místicas e do ocultismo, assim como profetizar calamidades nos jornais do Rio de Janeiro. E é nesse sentido que Rocha Pombo, então, afirma: “O hierofante sacrificou o poeta” (POMBO, 1928).

Se, por um lado, dizer que Múcio Teixeira foi um poeta é privilegiar parte de sua produção, e também o viés deste trabalho, por outro é reduzi-lo a um gênero. Múcio foi também romancista, dramaturgo, crítico, tradutor, historiador… e, ainda, folhetinista, tendo trabalhado no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, assim como na Gazeta da Noite, com Lopes Trovão. Publicou incessantemente. Aos vinte dois anos já somava dezesseis títulos sob sua alcunha1. Seu primeiro livro de poemas, de 1873, – “Vozes trêmulas” – foi publicado quando tinha quinze anos. Sua extrema fecundidade, todavia, é apontada por Agripino Grieco como ponto prejudicial: “Prejudicou-o ainda uma abusiva fecundidade: suas obras sobem a quase cem volumes e, mesmo como poeta, ele só produziu mais que Raimundo, Bilac e o sr. Alberto de Oliveira reunidos” (GRIECO, 1923). Pensar a fecundidade de um autor como fator prejudicial, no entanto, parece-nos pouco relevante. Um dos argumentos seria, como apontado por Manhães de Campos, de que Múcio Teixeira não haveria “a quantidade sacrificado a qualidade” (CAMPOS apud TEIXEIRA, 1903, p. 37). De qualquer modo, importa aqui destacar que já no início do século XX discutia-se motivos para o apagamento de Múcio Teixeira. Da diversidade de sua obra, ainda, decorre uma gama diversa de pesquisas, assim como uma maior dificuldade em se apreender sua totalidade. Algumas pesquisas, poderíamos citar, envolvem: a relação de Múcio Teixeira com o Partenon Literário; a publicação de O Negro da Quinta Imperial e a relação do escritor com a imprensa (Cf. SANTOS, 2000); sobre a compilação de traduções de poemas de Victor Hugo, realizada por Múcio; a relação entre poesia e vida diplomática (Cf. DINIZ, 2015); entre outras. Os trabalhos, todavia, contribuem pouco para a discussão da poesia de Múcio Teixeira, excetuando-se as contribuições de Paulo Roberto Alves dos Santos que, inclusive, além do artigo citado, defendeu sua tese com base na poesia do escritor porto-alegrense (Cf. SANTOS, 2005).

O objetivo do presente artigo2, então, é buscar compreender os motivos do apagamento do escritor Múcio Teixeira da tradição literária brasileira, tendo, como ponto de partida, a afirmação de Rocha Pombo de que o hierofante sacrificara o poeta. Para tanto, buscou-se averiguar, em fontes primárias, através do sítio da Hemeroteca Digital3 da Biblioteca Nacional, a recepção da obra do autor pela crítica da época, assim como seu envolvimento com o dado contexto intelectual e literário, em função de discussões que o envolvessem. Para a delimitação do escopo da pesquisa, enfatizou-se o período de publicação do livro Terra Incógnita – 1900 a 1920 – assim como os poemas produzidos pelo autor nessa época, visto que são esses anos que representam, com maior ênfase, o envolvimento de Múcio Teixeira com assuntos das ciências ocultas.

O poeta e o fim da monarquia

Múcio Scevola Lopes Teixeira, filho de Manoel Lopes Teixeira e Maria José de Sampaio Ribeiro Teixeira, nasceu em Porto Alegre, no ano de 1858, e faleceu no dia 8 de agosto, na cidade do Rio de Janeiro, em 1926. Foi Secretário do governo da província do Espírito Santo, de 1880 a 1882, e Cônsul-geral na Venezuela, de 1882 a 1884. Residiu junto ao imperador, no Rio de Janeiro, entre 1885 e 1888, retornando à Salvador após a proclamação da República e mudando-se para o Rio de Janeiro na sequência. Participou, ainda, do Partenon Literário, a primeira Sociedade de Homens de Letras Gaúcha, junto à Apolinário Porto Alegre e Francisco de Assis Brasil. Publicou diversos volumes de poesia, dentre os quais: Vozes trêmulas; Violetas; Sombras e Clarões; Prismas e Vibrações; Hugonianas; Celajes; Novos Ideais; Poesias e Poemas; Brasas e Cinzas; Campo Santo; e Terra Incógnita. E livros em outros gêneros, como: a biografia de Castro Alves; a biografia de D. Pedro II; A Revolução no Rio Grande do Sul; Os Gaúchos; e O Negro da Quinta Imperial.

Desses, os livros da transição de Múcio Teixeira, quando este passa a assinar como Barão Ergonte, são Campo Santo, de 1902, e Terra Incógnita, de 1916. E, nesta via, há uma interessante nota de Bastos Tigre, que nos servirá de plano inicial para as discussões vindouras, intitulada O Barão Ergonte, publicada no vespertino A Noite, do Rio de Janeiro, em 1952, que trata de Múcio e suas profecias, assim como de seu envolvimento com Dom Pedro II. Escreve Bastos Tigre:

Múcio foi um poeta lírico apreciável, e teve a sua fase áurea nos últimos anos da monarquia, nas “soirées” e “partidas” dos fidalgos do segundo império. Aliás, residiu por muito tempo no Paço de São Cristóvão com Guimarães Passos4 e outros literatos aos quais a munificência de Pedro II fornecia cama e mesa. Tinham também à disposição a opulenta biblioteca de que se utilizavam… nos dias chuvosos.

Múcio, vinda a República, manteve-se monarquista. Não sei se por gratidão, por convicção, ou por ser uma atitude rara e original. A moda era aderir ao novo regime e os saudosistas e “sebastianistas” contavam-se pelos dedos. (TIGRE, 1952).

A “fase áurea”, de que trata o escritor, refere-se aos primeiros volumes de poesia de Múcio Teixeira, quando o Brasil ainda se encontrava sob o regime monarquista de D. Pedro II, em especial, poderíamos pensar, os livros: Novos Ideais, de 1880, e Prismas e Vibrações, de 1882. Não foram poucas as críticas recebidas pelo autor – compiladas por Álvaro Teixeira em Poesias de Múcio Teixeira – Tomo I, muitas das quais positivas, sendo relevante citar aqui três dessas: as críticas de Fagundes Varela, Sílvio Romero e Raimundo Correia.

Fagundes Varela, poeta romântico brasileiro, perto da morte, em 1973, salienta a dificuldade de se escrever no período, tratando das novas disposições literárias – realismo, parnasianismo – que se colocavam contrárias ao lirismo romântico, lembrando que Múcio, especialmente no início, mostrava-se diretamente influenciado pelo movimento romântico. Entretanto, mesmo sendo essa a “estrada do infortúnio”, para Varela, também seria a única via, como diz ao final: “o livro de um poeta é o livro de sua alma”.

Triste Virgílio coube em sorte a este florentino adolescente, que entra, tão cheio de confiança, num verdadeiro inferno; com a alma tão rica de ilusões do céu!
Ao mais apedrejado de seus irmãos em utopias cabe a responsabilidade de desviar-lhe os pés das urzes do caminho, antepor-se-lhe ao assalto das feras, apontar-lhe o rastro das tribos sanguinárias… e ensinar-lhe a estrada do infortúnio, onde o desalento nos espera à porta de um cemitério de sonhos, enquanto os templários do ideal repousam, vendo que não passam de miragens as visões da glória!…
[…]
Repetirei apenas o que me foi dado dizer a outro poeta, que em melhores tempos me confiou o escrínio de suas fantasias: o livro de um poeta é o livro de sua alma, seus hinos são manifestações de seu coração, páginas de sua vida. (VARELA apud TEIXEIRA, 1903, p. 11-12).

Se Varela tece suas considerações sem ponderar especificamente sobre nenhuma obra de Múcio, Sílvio Romero, por outro lado, trata do livro Novos Ideais e, em especial, da parte Flores do Pampa, por ser, segundo suas palavras, “realista”. A crítica de Romero, que prefacia o livro em destaque, evidencia ainda a inclinação de Múcio à vertente lírica, pois seu livro acusaria o “dualismo” do período. O crítico termina por criticar a vertente parnasiana, dos “alexandrinos cheios de párias”, e conjectura a potência do novo escritor, pois “seu talento promete ainda mais”.

… em seu belo livro (Novos Ideais) a primeira parte, sob título Flores do Pampa, muito me agradou, porque é realista, mau grado a moda, quero dizer, exprime a verdade da vida pampeana pelo seu lado inocente e sério.
O poeta não teve necessidade de encher aquela parte do seu livro de almas enfermas e de pernas e corpos nus… E ele fez bem.
Múcio Teixeira é homem do seu tempo, e obedece às inclinações da época; é também homem de seu país, e não esquece o meio em que há vivido. Seu livro acusa este dualismo a que obedecem os bons poetas.
[…]
Múcio Teixeira é um cimo, no meio de algumas dezenas de rapazes que por aí vivem a fazer… alexandrinos cheios de párias, de crimes esverdeados, de alcouces e barregas… etc.
… teremos muitos frutos a colher, e Múcio Teixeira, se o quiser, há de ser dos mais avantajados na faina. – Seu último livro é uma realidade; mas seu talento promete ainda mais. (ROMERO apud TEIXEIRA, 1903, p. 32-33).

Raimundo Correia, poeta brasileiro, reconhecido parnasiano, da tríade com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac, coloca em debate, justamente, a vertente lírica de Múcio Teixeira, que, segundo ele, “foi uma doutrina efêmera e que nem já merece discussão” (apud TEIXEIRA, 1903). Segundo Raimundo Correia, Múcio deveria se livrar de tais lirismos, pois esta seria a pior aspiração de qualquer artista. O parnasiano, todavia, não só recrimina a poesia de Múcio Teixeira, mas realça duas composições que lhe agradam, quais sejam: A ironia da Estátua e Pérolas ideais:

Novos Ideais e Prismas e Vibrações são dois bons livros. Isto de poesia social científica, etc., com exclusão do lirismo, foi uma doutrina efêmera e que nem já merece discussão. A questão principal é hoje a da forma e do mais alto grau de perfeição e primor que se possa atingir.
O pior estorvo em que esbarra Múcio Teixeira para ser um legítimo artista é essa aspiração, que parece preocupá-lo, de ser mais fecundo do que todos os outros. Entretanto com vantagem poderia ele dispor dos belos predicados que transparecem nos Novos Ideais e mormente nos Prismas e Vibrações.
Neste último livro, que é o único motivo do que aqui deixo escrito, há poesias esplêndidas, de formosura e sonoridade estranhas, entre as quais realçam A ironia da Estátua, e Pérolas ideais. (CORREIA apud TEIXEIRA, 1903, p. 60-61).

Busca-se, com tal exposição, demonstrar as disposições conflitantes do período, em termos de escolas literárias, as quais Múcio se encontrava em função. Outro desses conflitos se refere a queda da Monarquia, pois Múcio não só se manteve monarquista, na sequência, como também, em 1912, profetizou o retorno do regime para o ano de 1913, em entrevista ao jornal O Imparcial5. A relação de Múcio Teixeira com o imperador, de qualquer modo, não remete só à fase em que ele viveu no Paço de São Cristóvão, no Palácio na Quinta da Boa Vista, mas aos cargos públicos que Múcio, por indicação imperial, assumiu ao longo da vida, como no caso de sua nomeação para cônsul geral do Brasil nos Estados Unidos de Venezuela, hoje República Bolivariana da Venezuela. Segundo Dantas Barreto, por exemplo, Múcio teria também sido indicado para a posição de folhetinista no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro – fato que o poeta negava6. Para além de cargos públicos e, possivelmente, em jornais, a amizade lhe rendeu a impressão de suas poesias, como nota Álvaro Teixeira7, tratando da proteção que Múcio recebera da filha do imperador, quando este se ausentara do Brasil, por encontrar-se enfermo.

Com a proclamação da República e o exílio de D. Pedro II, em 1889, o “poeta imperial”, que ao lado do imperador tinha cama e mesa fornecidas, como escreve Bastos Tigre, teve de procurar novas formas para sobreviver. Segundo Tigre, novamente, sua relação com o ocultismo, não puramente intelectual, mas prática, estaria relacionada à tal disposição. Escreve ele:

De inteligência ágil e brilhante, dotado de um belo físico de mosqueteiro, olhar aquilino, a um tempo penetrante e suave, Múcio adivinhou, a tempo, que a poesia no Brasil não tinha futuro.
Assim, atirou-se as ciências herméticas. Enfronhou-se na quiromancia, na nicromancia, na oniromancia, na palmística. Estudou a astrologia e os mistérios do ocultismo, desde os da Sibila de Cunes às da Pitonisa de Endor, das cubas de Marones às esferas de cristal de Bernheim e Liabault.
Assestando o monóculo e atirando ao ar a cabeleira romântica, proclamou-se “Barão Ergonte” e passou a profetizar e a curar mazelas físicas e morais, “sob as sete palmeiras do Mangue”, com a nebulosidade apocalíptica de Cassandra e Cagliostro.
Fizera-se, o poeta, adivinho do futuro porque o dinheiro não lhe advinha do presente… E acertou, porque, por muitos anos, viveu confortavelmente da sua ciência divinatória. (TIGRE, 1952).

Múcio Teixeira se transformara em Barão Ergonte, em profeta, hierofante, não só em sua vida literária, por não se tratar de artifício artístico, mas também pública, passando a profetizar, com maior ênfase entre 1911 e 1915, calamidades nacionais, tanto em periódicos da época, como também em edições de seu almanaque, o Almanaque do Barão Ergonte, que o vendia junto a outros textos e poemas. São frequentes os anúncios da venda de seu almanaque, no jornal A Época. Aqui destacamos apenas um, o anúncio de venda do Almanaque do Barão Ergonte de Múcio Teixeira para 1913, com o intuito de demonstrar parte de sua produção intelectual, próxima de sua poesia da época, que discutiremos na sequência:

Contendo 100 profecias para o corrente ano, das quais já se realizaram 49; e mais o seguinte: – Juízo da imprensa sobre o Almanaque do Barão Ergonte para 1912. – O que vai acontecer em 1913. – Ano purpúreo. – Sabedoria Teosófica. – Entrevistas com O Impacial, A Imprensa e O Comércio de S. Paulo. – Demonstração das 94 profecias anteriores. – As 7 maravilhas do mundo. – Fragmentos do poema Terra Incógnita, do Barão de Múcio Teixeira. – Casas mal assombradas. – O número cabalístico de cada um, com exemplos na vida do imperador D. Pedro II, de Múcio Teixeira, dos Luíses de França e do Barão do Rio Branco. – Os signos cabalísticos da Magia Negra. – Remédio contra o medo. – A ciência da respiração. – O valor das letras. – A transmissão ao pensamento, ou o segredo de Onofroff. – Os talismãs. – A Grafologia ao alcance de todos. – Guia Prático de Magnetismo pessoal. – Astrologia. – Dias azíagos. – A Cabala oriental. – O primitivo alfabeto. – O mistério das esfinges. – Evocações infernais. – Os signos dos zodíacos. – Além de numerosas gravuras e finas gravuras. (ALMANACH…, 1913).

O Almanaque do Barão Ergonte, contendo profecias, comprovações, artigos e poemas, é, em certo sentido, um compêndio de sua produção da época. Em O Imparcial, diário ilustrado do Rio de Janeiro, Múcio escrevia, durante o ano de 1913, uma coluna sobre Ocultismo, ora assinando como Barão Ergonte, ora como Múcio Teixeira, da qual poderíamos destacar alguns textos, próximos de se almanaque, como: Múcio Teixeira demonstra esotericamente o valor das letras pelos anagramas (TEIXEIRA, 1913d); Múcio Teixeira demonstra que a Grafologia é uma ciência experimental (TEIXEIRA, 1913c); A influência dos números no destino das nações (TEIXEIRA, 1913b); e A Cabala demonstra que o anticristo tanto pode ser Nero como Pinheiro Machado (TEIXEIRA, 1913a).

Mas se os jornais serviam para divulgar as novas investigações teóricas de Múcio, assim como seu almanaque, serviam também para divulgar suas práticas, sempre de maneira muito elaborada, intelectual e trágica, com prenúncios de fim do mundo. Em 1914, Múcio Teixeira se dirigia ao redator do Jornal do Brasil solicitando a renovação de seu pedido: nada mais, nada menos, do que 777 pessoas deveriam procurá-lo, para que qualquer catástrofe não acometesse a todos.

Se vos peço espaço nas colunas do Jornal do Brasil é porque o assunto interessa a todos e nenhum outro jornal entre nós dispõe de tamanho número de leitores. Move-me, pois, a necessidade urgente de ser lido pelo maior número possível.
Agradeço do fundo do coração às numerosas pessoas que recorreram ao meu apelo, a fim de nos livrarmos do perigo iminente que paira sobre todas as cabeças, sem distinção de classes sociais. Mas, estando a terminar o prazo marcado, quando ainda falta um terço do número exigido, que é, sem mais nem menos, 777 pessoas, renovo o pedido que fiz a 27 de agosto, para que venham a mim, sem perda de tempo, à travessa Barão de Petrópolis 4, a fim de que não paguem os justos pelos pecadores. (TEIXEIRA, 1914).

Requisições como essa eram frequentemente solicitadas por Múcio, que se colocava sempre em função de sua cifra cabalística (777). Em 19188, novamente, o hierofante reforçava a necessidade da população encontrá-lo em sua residência, “sob as sete palmeiras do Mangue”, com o “humanitário intuito de [lhes] ser útil”. Importa notar, com tais referências, que Múcio Teixeira, nesse momento, construía sua imagem muito mais como profeta do que como poeta. Ou, melhor, sua poesia da época – o livro Terra Incógnita – partilhava de tais ideais. De qualquer modo, o que movia os “dois terços” que o procuravam eram suas profecias, sempre muito sangrentas9. Dois casos, pois, tornaram-se famosos, e frequentemente citados por jornalistas e escritores10: a profecia da morte de R. B.; e a profecia da morte de integrantes da Academia Brasileira de Letras. No primeiro caso, Múcio, em 1911, havia anunciado a morte de alguém cujas iniciais seriam R. B. Na época, Ruy Barbosa, então presidente da Academia Brasileira de Letras, encontrava-se enfermo, e todos temeram por sua vida. Mas Ruy Barbosa viria a falecer somente em 1923 e a profecia se cumpriria com certa inventividade. Uma nota, de 1913, retoma o caso com certa ironia:

Assim, quando há dois anos o Barão Ergonte anunciou, que via numa eça as iniciais R. B., todo o mundo temeu pela sorte de Rio Branco e de Ruy Barbosa. Como nenhum dos dois grandes vultos tivesse sido vítima d’aquele terrível vaticínio, mestre Múcio transferiu a profecia para o Coronel Rodolfo Brasil, e uma bela manhã declarou pelo Jornal do Brasil que na Igreja da Cruz dos Militares estava armado um catafalco, onde rutilavam em ouro as iniciais fatídicas. (VIAGEM… 1913).

Nem todos, obviamente, tomavam as palavras proféticas do Barão por absolutas, questionando, inclusive, seus jogos. Carlos de Laet, por exemplo, em 1914, decidiu, sentindo-se incluído nas previsões, argumentar contra as famosas profecias de Múcio, comprovando-as falsas. O fato decisivo, para Laet, fora o anúncio da morte de todos os membros da Academia Brasileira de Letras para 1917. O escritor, então, retoma algumas das profecias que não se concretizaram – o caso R. B., o desabamento do Teatro Municipal, a volta da monarquia -, questionando a legitimidade do hierofante, e termina por, enfaticamente, clamar pela volta do antigo poeta, do sacrificado:

Vós todos […] que acreditais em bruxedos, influências astrais, destinos em linhas da mão, prognósticos de aves agoureiras e vôos de morcego, vós todos que comprais e lêdes livros de magia e de outras crendices, quando aliás volveis costas à verdadeira, à salutífera, à divina religião do Crucificado – vós todos, os inclinados à superstição, atentai nos fatos e não ligueis importância a temerosas predições.
Múcio, o poeta admirável, é também um trocista de força. Ele vos está debochando (deixai-me falar dialeto carioca) e debochando a vossa crendice.
As famosas letras R. B. dão justa medida dos seus recursos inventivos. A restauração da monarquia não se fez ainda em Portugal nem no Brasil. O Século não foi arrasado, nem tampouco o amável Brício Filho. O Teatro Municipal não desabou.
Quando virdes uma profecia do Múcio, ride, a bom rir, porque será mais uma pilhéria. E fazeis comigo votos para que lhe passe a mania hierofântica. Nesse dia ganharíamos o brilhante poeta de outros tempos. (LAET, 1914).

Carlos de Laet, devemos enfatizar, que após o afastamento de Ruy Barbosa da presidência da Academia em 1919, tornaria-se o novo presidente, exercendo três mandatos até 1922. Não obstante, importa pensarmos no contexto evidenciado até aqui, tendo em vista a produção poética de Múcio Teixeira, que passamos, agora, a discutir.

Terra Incógnita

Terra Incógnita, de Múcio Teixeira, publicado em 1916, é dividido em três livros – dos quais nos ocuparemos dos dois primeiros -, precedidos de uma introdução crítica, realizada por Álvaro Teixeira, e de uma Gênese Espiritual, escrita pelo autor, além de notas do autor, ao final. As divisões, pois, são: Contemplação e crença; Os precursores; e Irradiações. Faz-se notar, ainda, a epígrafe do livro, retirada do décimo canto de Os Lusíadas de Camões, que anuncia críticas à ciência positivista, em ascensão no período:

Fez-te mercê, Barão, a Sapiência
Suprema, de co’os olhos corporais
Veres o que não pode a vã ciência
Dos errados e míseros mortais!
(TEIXEIRA, 1916, p. 5).

Importa ressaltar, em tais versos, que a “Sapiência Suprema” será temática de outros escritos de Múcio, em sua busca por novos dogmas e uma ciência oculta. A Gênese Espiritual, de qualquer forma, que antecede o primeiro livro, dedicada “aos espíritos imortais” que guiam Múcio “do além” (TEIXEIRA, 1916, p. 115), assim inicia: “No princípio Deus me fez poeta” (TEIXEIRA, 1916, p. 117). Retomando a gênesis cristã, na qual “no princípio Deus fez o verbo”, o escritor tece considerações acerca de sua história: a morte dos pais, quando jovem; o contato com Apolo, cultor da poesia, e sua iniciação nos caminhos líricos; até o ponto de sua transformação em profeta, vidente. Escreve ele: “E foi assim que eu, que tive os sonhos da poesia desde que saí do berço, tenho as visões do acordado, agora que vou me encaminhando para a cova.” (TEIXEIRA, 1916, p. 119). Não só de ensinamentos divinos se comporia a “Sapiência Suprema” muciana, como também de conhecimentos advindos do Céu, das Estrelas e da Natureza.

Esse é o anúncio, a gênese de Múcio Teixeira para a poesia que virá. O primeiro livro, Contemplação e Crença, anuncia, ainda, outra questão: tratará de novos mares. “Por mares nunca dantes navegados” – epígrafe do primeiro livro -; a Terra Incógnita é, para Múcio Teixeira, o lugar do desconhecido. São trinta poemas, escritos entre 1900 e 1916 – com exceção do poema O infinito de 1877, publicado anteriormente em Novos Ideais -, que tratam de questões relacionadas ao ocultismo, palmística, karma, ensinamentos da Cabala, Paracelso… A jornada à terra incógnita, todavia, não ocorre por mares mansos, como o autor coloca em A viagem da vida, poema composto por cinco quadras de decassílabos.

A VIAGEM DA VIDA

Parte um navio em busca de outras plagas,
Cortando ufano as ondas murmurantes;
E na esteira que deixa à flor das vagas
Fervem fosforescências cambiantes.

Toma do leme um argonauta louco,
Pelo seu louco sonho arrebatado:
A terra, que se esvai a pouco e pouco,
Perdeu-se para sempre: – é o Passado.

Como os cinquenta príncipes da Grécia
Em procura do velho ou tosão d’ouro,
Alenta o mísero a esperança néscia
De ser feliz em novo ancoradouro.

E nem percebe que o fatal navio,
Exposto sempre ao temporal fremente,
Tem na flâmula um dístico sombrio
Que quer dizer: – agora, hoje… o Presente!

Insensato! o país que ele demanda
Foge ao raio visual do palinuro:
Sopra o tufão, a bússola desanda…
É o naufrágio nas costas do Futuro!…
(TEIXEIRA, 1916, p. 137-138).

O Passado, a terra da partida, dá lugar aos novos mares, alimentado pela “esperança néscia / de ser feliz em novo ancoradouro”. O tempestuoso Presente, todavia, naufraga frente ao Futuro em um país que o impossibilita, pois o homem do mar pouco vê sua terra propícia. É importante notar que o século XIX, principalmente a partir de 1870, é marcado pelo declínio do catolicismo tradicional, assim como do elo entre estado e religião (SOUZA, 2013), em decorrência da ampla difusão dos ideais positivistas e cientificistas, assim como do liberalismo, do racionalismo, do fim da monarquia (1989) e da abolição da escravatura (1988). Com isso, também, novas religiões, as terras incógnitas, tornaram-se populares, suprindo querelas deixadas pelo catolicismo ou simplesmente visíveis, por antes serem repreendidas, como é o caso das religiões afro-brasileiras. João do Rio, no início do século XX, descreve, em As religiões no Rio (RIO, 1976), algumas das religiões que podiam lá ser encontradas na época. Publicadas, inicialmente, no jornal carioca Gazeta de Notícias em 1904, as reportagens tratam, dentre outras, de religiões como: A Igreja Positivista; Os Maronitas; Os Fisiólatras; O movimento evangélico; e A Igreja Metodista. É interessante frisar, através dos próprios nomes, que nem todas erigiam-se sob a égide clássica do dualismo fé x ciência, mas buscavam uma conciliação entre os polos, como é o caso da Igreja Positivista, em aparente conflito segundo a lógica tradicional. Múcio Teixeira, seguindo esta nova premissa, propunha sua teosofia, e também sua poesia. Em A origem das coisas, por exemplo, o autor, tratando de outro dualismo, do visível x invisível, critica a ciência ocidental, e aqui deveríamos pensar positivista, que teima em não sair de sua limitada esfera, esta, material, analítica e visível:

A ORIGEM DAS COISAS

A ciência ocidental teima, vaidosa,
Em não sair da limitada esfera
Onde a matéria simplesmente impera
No campo de análise viciosa.
Sem ver o além da vastidão radiosa,
Onde o fluido vital se retempera,
Classifica de sonho de quimera,
Toda a investigação mais minuciosa.

Algema no finito os raciocínios,
Pretendendo que além dos seus domínios
Nada existe, porque ela nada vê:

Só aceita os efeitos, no visível,
Sem ir buscar as causas, no invisível,
Onde há, de tudo, o como e o porquê.
(TEIXEIRA, 1916, p. 195-196).

Mas não há só temas místicos em o primeiro livro de Terra Incógnita, como poderíamos discutir a partir de Palmarum lentus in umbra, ou o ócio das palmeiras à sombra. Neste, Múcio Teixeira evoca o símbolo romântico de Gonçalves Dias, de Canção do Exílio – “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá” -, para torná-lo, não mais saudoso, mas ocioso. O eu-lírico do poema assiste às estátuas palpitantes serem abatidas pelo machado que as golpeia sem grande comoção, bucólico.

PALMARUM LENTUS IN UMBRA

[…]

As palmeiras! estátuas palpitantes
Das olímpicas deusas e das fadas,
Nos firmes pedestais, sempre abanadas
Pelo leque das frondes oscilantes;
Se têm nos troncos o perfil dos mastros
Que descobriram mundos nas viagens,
Como que os capacetes de plumagens,
Querem meter na região dos astros!…

O homem que rolar na sepultura
Sem ter plantado uma semente ao menos
No fôfo seio de húmidos terrenos,
É a figueira maldita da Escritura.
Para esses lenhadores, como o vândalo,
Que as árvores abatem sobre a areia,
Há o exemplo das árvores do sândalo
Perfumando o machado que as golpeia.
(TEIXEIRA, 1916, p. 225-227).

O título remonta, ainda, à primeira bucólica de Virgílio, na qual o pastor Títiro, interpelado por Melibeu, em seu repouso “tranquilo à sombra [lentus in umbra]”, diz:

Títiro, tu, sentado embaixo da ampla faia,
tocas na tênue flauta uma canção silvestre;
nós deixamos a pátria e estas doces pastagens;
nós fugimos, e tu, tranquilo à sombra, Títiro,
levas selva a ecoar Amarílis formosa.
(VIRGÍLIO, 2005, p. 13).

Neste sentido, Múcio, não mais envolve-se propriamente com questões pátrias, mas, distanciando-se, compõe uma cena mítica, na qual o homem infértil é comparado à figueira maldita, amaldiçoada por Jesus a não dar frutos.

No segundo livro de Terra Incógnita, intitulado Os precursores e composto por quinze poemas, os temas bíblicos e teosóficos tornam-se o tema central. Nele, Múcio Teixeira busca sintetizar parte da história do pensamento teosófico a que se filia. O primeiro poema – Cenário – antecipa parte dos pensadores – Zoroastro, Platão, Sócrates, Aristóteles, Pitágoras e Hermes Trimegisto – de que tratará ao longo do livro. Cada um, na sequência, terá a si dedicado um poema, que narra parte de sua história ou pensamento. Além desses, Múcio ainda escreve sobre Moisés, “Ave, Maria”, os Reis Magos, Jesus Cristo, Apolônio de Tiana, Hipátia, Paracelso, Cornélio Agrippa e Helena Blavatsky, além de um poema sobre a oração “Pai Nosso”. Poderíamos citar, como exemplo deste livro, o soneto dedicado a Moisés, que trata de alguns dos fatos mais familiares associados à sua figura, como a libertação dos Hebreus e a escritura dos mandamentos:

MOISÉS

Hierofante, dos templos prodigiosos
De Heliópolis e Tebas, hoje em ruínas;
Tu, que domaste as multidões tigrinas
Do Egito pelos meandros tenebrosos;
Tu, o maior dos vultos grandiosos
Do Antigo Testamento, – onde dominas
Com teus preceitos e lições divinas
Dos Hebreus, os destinos misteriosos…

Tu, que viste o Senhor na sarça ardente!
Duvidaste do Verbo Onipotente,
Foi-te vedada a Terra Prometida.

Do Alto do Sinai as leis ditaste:
Mas do nada de tudo não falaste…
Num silêncio de morte sobre a vida! …
(TEIXEIRA, 1916, p. 271-272).

Nota-se, com este, o caráter historiográfico que assume Múcio nos poemas do segundo livro, assim como a subordinação da palavra à figura de Deus, pois “do nada de tudo não falaste”. Se a palavra é a matéria do poeta, que a manipula em seu gesto, deixa de ser quando pré-escrita, torna-se ditado. É válido, de qualquer modo, demonstrar que o autor discute, em notas, a escolha de tais figuras da tradição, ou comenta suas considerações. No caso de Moisés, por exemplo, diz ele:

Esta ligeira síntese não me permitiu, ao tratar do moralista e legislador dos hebreus, mostrar nele o Mosché, o guerreiro, historiador, estadista e poeta; nem tão pouco aludir à romântica lenda do seu nascimento, que deu assunto a uma das belas poesias de Victor Hugo. (TEIXEIRA, 1916, p. 397-398).

Mas Múcio Teixeira, em Terra Incógnita, não só recorre a figuras ilustres da tradição judaico-cristã, como Moisés ou Jesus Cristo, como reclama também a história de predecessores desta, como os pensadores gregos Apolônio de Tiana, Hipátia, Platão, e etc. Todavia, a busca do escritor, como discutido anteriormente, não se recolhe em terras conhecidas. E é neste sentido que Múcio toma o pensamento Paracelso, Cornélio Agrippa e Helena Blavastsky, sucessores e renovadores da teosofia, para finalizar seus Precursores.

Considerações finais

A afirmação de Rocha Pombo, por fim, de que o hierofante haveria sacrificado o poeta, deve ser entendida em função da mudança da poesia do escritor Múcio Teixeira, em pouca sintonia com as demais escolas literárias da época, assim como de sua produção intelectual, relativa às publicações sobre ocultismo e palmística, dentre outros temas, em jornais. Também, em relação à seu envolvimento com rituais pouco quistos pelos demais literatos, seus conterrâneos e membros da Academia Brasileira de Letras, como é o caso de suas profecias. O impacto de tais, obviamente, não deve ser questionado, pois, por muito, no período, renderam-lhe citações e debates polêmicos, transformando o Barão Ergonte em uma figura bastante conhecida. Mas, nesse movimento, passara-se a questionar com maior ênfase quem seria o Barão, e Múcio Teixeira, o escritor, tradutor e poeta, foi aos poucos sendo sacrificado, esquecido.

Múcio Teixeira, com o fim da monarquia, todavia, não se dedicou somente à questões de teosofia ou do esoterismo, como poderíamos discutir a partir de outras de suas produções, por exemplo: O negro da Quinta Imperial, romance publicado após a morte do escritor; e Esculhambações, livro de poemas eróticos. O próprio livro Terra Incógnita traz traduções de Campoamor e Pitágoras, que parecem ter surtido pouco ou nenhum respaldo. Quer se dizer com isso, pois, que outras pesquisas mostram-se necessárias para investigar o apagamento do poeta porto-alegrense da historiografia brasileira, assim como da recepção de suas obras no início do século XX. Espera-se que este artigo contribua para tanto, mas que não seja tomado como fator determinante ou final.

Referências

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DINIZ, Célio. Poesia e vida diplomática em Francisco Alvim. 2015. Tese (Doutorado em Literatura), Universidade Federal Fluminense, Niterói. 2015. Disponível em: <http://www.repositorio.uff.br/jspui/bitstream/1/3224/1/Tese%20pronta%20PDF.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2017.

RIO, João do. As religiões no Rio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000185.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2017.

SANTOS, Paulo Roberto Alves dos. Múcio Teixeira: poeta e homem de jornal. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES DE PERIÓDICOS LITERÁRIOS: PERCURSOS E PROPOSTAS, 4, 2000, Bahia. Anais… Disponível em: <http://www2.uefs.br/enapel/files/4enapel_anais.p279-285.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2017.

______. Múcio Teixeira: a trajetória de um poeta singular. 2005. Tese (Doutorado em Linguística e Letras), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2005.

SOUZA, Maurício Severo de. A relação entre Igreja e Estado no Brasil do século XIX nas páginas d’O Novo Mundo (1870-1879). Sacrilegens, Juiz de Fora, v. 10, n. 2, p. 48-62, jul./dez. 2013. Disponível em: <http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2014/07/10-2-5.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017.

TEIXEIRA, Álvaro. Múcio Teixeira: julgado por escritores nacionais e estrangeiros. In: TEIXEIRA, Múcio. Terra Incógnita. São Paulo: Ed. Casa Duprat, 1916.

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______. Poesias de Múcio Teixeira: Tomo I. Rio de Janeiro: Garnier, 1903.

______. Terra Incógnita. São Paulo: Ed. Casa Duprat, 1916.

VIRGÍLIO. Bucólicas. Tradução de Raimundo Carvalho. Belo Horizonte: Crisálida, 2005.

Jornais

ALMANACH do Barão Ergonte de Múcio Teixeira para 1913. A Época, Rio de Janeiro, 17 ago. 1913.

ERGONTE, Barão. Profecias para 1913. O Imparcial, Rio de Janeiro, 30 dez. 1912.

______. A Cabala demonstra que o anticristo tanto pode ser Nero como Pinheiro Machado. O Imparcial, Rio de Janeiro, 20 fev. 1913a.

______. A influência dos números no destino das nações. O Imparcial, Rio de Janeiro, 24 fev. 1913b.

______. Múcio Teixeira demonstra que a Grafologia é uma ciência experimental. O Imparcial, Rio de Janeiro, 1 mar. 1913c.

FREITAS, Luís Paula. O poeta do Paço. Ilustração Brasileira, Rio de Janeiro, 1928.

GRIECO, Agripino. Vida literária. O Jornal, Rio de Janeiro, 28 out. 1923.

LAET, Carlos de. Anti-hierophantice. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 ago. 1914.

POMBO, Rocha. Múcio Teixeira. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 28 fev. 1928.

TEIXEIRA, Múcio. Múcio Teixeira demonstra esotericamente o valor das letras pelos anagramas. O Imparcial, Rio de Janeiro, 19 fev. 1913d.

______. Múcio Teixeira e o Ocultismo: perigo iminente. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 set. 1914.

______. Múcio Teixeira e o Ocultismo: perigo iminente. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 11 ago. 1918.

TIGRE, Bastos. O Barão Ergonte. A Noite, Rio de Janeiro, 11 jan. 1952.

VIAGEM ao Sul: projetos políticos. Vaticínios. O Imparcial, Rio de Janeiro, 30 jan. 1913.

 

1 Segundo Luís Paula Freitas, em reportagem publicada na Ilustração BrasileiraO poeta do paço -, Múcio Teixeira teria, aos vinte e dois anos, dezesseis títulos publicados. O número, todavia, é incerto. Carlos Ferreira, em transcrição contida em Poesias de Múcio Teixeira: Tomo I (1903), afirma que Múcio, então com vinte e quatro anos, teria apenas oito.

2 Este artigo é resultado de pesquisa desenvolvida através do Programa de Iniciação Institucional Científica.

3 O sítio da Hemeroteca Digital pode ser acessado através do link: <http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/>.

4 Guimarães Passos, poeta Brasileiro, convidado a ser um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Fez seu patrono, na ocasião, o poeta Laurindo Rabelo.

5 “Vejo, num dia ímpar, de mês ímpar, de ano ímpar de 1913 – a restauração da monarquia do Brasil, com o príncipe Dom Luiz de Bragança coroado imperador” (TEIXEIRA, 1912).

6 “Diz o general Dantas Barreto que Múcio Teixeira ‘escrevia folhetins no Jornal do Comércio da Côrte, em cuja folha foi recebido, segundo me informa um jornalista, a pedido do Sr. D. Pedro II, por meio de um cartão, ao Dr. Luís de Castro’. O poeta, porém, autoriza-nos a declarar que o Imperador não influiu de forma alguma para a sua colaboração no grande órgão da imprensa brasileira.” (TEIXEIRA, 1916, p. 82).

7 “Além da estima pessoal do imperador, Múcio Teixeira também alcançou a proteção da digna filha de D. Pedro II, que, não consentindo que o poeta se retirasse do palácio imperial durante a demorada permanência do soberano na Europa, colmou-o dos maiores obséquios e gentilezas, mandando também imprimir os seus versos em preciosas edições, e tomando as precisas providências para que nada faltasse ao seu principesco tratamento no palácio de sua residência e na casa dos semanários, em Petrópolis, onde Múcio costumava passar parte do verão”. (TEIXEIRA, Álvaro apud TEIXEIRA, 1916, p. 83).

8 “Pela ‘Época’, de 7 do corrente, chamei um determinado número de pessoas à minha presença, no humanitário intuito de ser útil aos meus semelhantes, apenas exigindo que venham a mim com a consciência limpa e a confiança no poder maravilhoso da vontade, que é uma das forças que Deus concedeu à humanidade. O número exigido ainda não satisfaz a cifra cabalística […].” (TEIXEIRA, 1918).

9 Em uma entrevista para o jornal O Imparcial, em 1912, Múcio predizia: “Morte de dois vultos do passado regime e de três figuras das mais salientes da atual política brasileira. Três cadeiras vazias no Senado, oito na Câmara dos Deputados e uma no Supremo Tribunal Federal. Sangue de Sul a Norte, muito sangue nesta capital […]”. (TEIXEIRA, 1912).

10 O caso R. B. é também citado por Bastos Tigre, por exemplo, no texto supracitado.

 

Data de envio: 21 de agosto de 2017.