Amores oníricos: entre o real e o sonho

Vanessa Barrêto Ribeiro Oliveira

RESUMO: A proposta deste artigo[1] é analisar, através de uma pesquisa bibliográfica, a manifestação específica do amor em que o “ser” amado é uma abstração, dando ênfase à dificuldade de se relacionar na atualidade e à busca do amor como forma de preencher o vazio interior causado pela solidão decorrente da rapidez e imprevisibilidade da vida contemporânea. Este estudo foi desenvolvido através da comparação do conto Onírico, presente no livro Ovelhas Negras (1995), de Caio Fernando Abreu, e o filme Ela (2013), de Spike Jonze. Como aporte teórico, foram utilizados textos das áreas de Literatura, Sociologia, Psicologia e Estudos Culturais. Busca-se estabelecer as relações entre os dois textos escolhidos, tendo como enfoque o desejo de realização pessoal/amorosa dos personagens com seres irreais, evidenciando, assim, as dificuldades que o ser humano possui de estabelecer laços afetivos no atual mundo “líquido”, aspecto explicitado por Bauman (2001). Este artigo é uma forma de se fomentar a discussão acerca dos relacionamentos vividos no mundo atual, destacando a fragilidade de seus vínculos humanos.

PALAVRAS-CHAVE: Amor. Abstração. Liquidez Contemporânea. Caio Fernando Abreu. Spike Jonze.

ABSTRACT: The purpose of this article is to investigate through bibliographical research, a specific manifestation of love, in which the beloved “being” is an abstraction, emphasizing the difficulty of relating nowadays, and the search for love as a way of filling the interior void caused by the solitude resulting from the speed and unpredictability of contemporary life. This study was developed by comparing the short-story Onírico present in the book Ovelhas Negras (1995), by Caio Fernando Abreu and the movie Her (2013) by Spike Jonze. As a theoretical contribution were used texts from the areas of Literature, Sociology, Psychology and Cultural Studies. It seeks to establish the relationships between both of them, focusing in personal/loving fulfillment on the characters with unreal beings, thus evidencing the difficulties that human beings have to establish affective bonds in the current “liquid” world, an aspect explained by Bauman (2001). It seeks to foster discussion about the relationships lived nowadays ant the fragility of human bounds.

KEYWORDS: Love. Abstraction. Contemporary Liquidity. Caio Fernando Abreu. Spike Jonze.

 

Em uma época onde é tão difícil estabelecer laços afetivos, nos deparamos com questionamentos em relação à capacidade do ser humano de se apaixonar e de amar. É muito comum que as pessoas se sintam sozinhas, mesmo estando o tempo inteiro conectadas através das redes sociais, por exemplo. Barreiras foram derrubadas, distâncias foram encurtadas, e a informação é levada de forma muito rápida. E justamente devido a essa facilidade de comunicação virtual, gradativamente, as pessoas vão perdendo a capacidade de estabelecer relacionamentos amorosos saudáveis e duradouros na “vida real”. O presente trabalho analisa o filme Ela, do roteirista Spike Jonze (1969), e o conto Onírico, do escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), para estudar uma das formas como o amor se configura nesse tempo em que o individualismo e a solidão fazem com que os laços afetivos reais sejam tão difíceis de se manter.

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a sociedade atual vive uma era “líquida”. Para o ser humano sobreviver ao mundo contemporâneo ele precisa se adaptar, se transformar e se moldar. E essa necessidade se manifesta em todas as áreas da vida humana, inclusive nos relacionamentos amorosos. Segundo Bauman (2004), alguns sociólogos se precipitam ao concluir que as pessoas estão mais abertas a amizades, laços e comunidade, quando, na realidade, estão mais interessadas na satisfação que essas relações podem oferecer. O ideal é que os relacionamentos sejam descartáveis, e Bauman exemplifica utilizando dados de uma pesquisa: um jovem de 28 anos acredita que relacionamentos virtuais sejam vantajosos, pois podem ser encerrados a qualquer momento, basta apertar a tecla deletar.

No filme Ela, observamos a relação do personagem Theodore com o sistema operacional Samantha. O filme tem um cenário futurístico, onde as pessoas se tornaram cada vez mais individualistas e solitárias. Theodore é um escritor de cartas, recém-divorciado, que encontra consolo no seu relacionamento com Samantha, figura de uma companheira ideal. Ela está sempre disponível, é sempre compreensiva e atenciosa. Ela não é real, mas preenche o vazio interior de Theodore, e o seu desejo de se relacionar. A relação dele com o sistema operacional pode ser classificada como uma relação de bolso, termo comentado por Zygmunt Bauman em seu livro Amor líquido. As relações de bolso são aquelas que você pode guardar e usar no momento em que precisa. Ainda segundo Bauman, o ser amado é transformado em uma tela em branco, onde o pintor interfere e o transforma de acordo com o seu desejo. E é essa manifestação que observamos no filme Ela: Theodore ama Samantha porque ela é uma tela em branco, que pode se adaptar aos seus desejos e expectativas

[…] o ser amado transformou-se numa tela — em branco, de preferência. Suas cores naturais empalideceram, de modo a não se chocar com a figura do pintor, nem desfigurá-la. O pintor não precisa indagar da tela como esta se sente, lá embaixo, sob toda aquela tinta. As telas de lona ou de linho não apresentam relatórios voluntariamente — embora as telas humanas por vezes o façam. (BAUMAN, 2004. p. 27)

Em Onírico, temos uma mulher que se apaixona por um homem que aparece em seus sonhos. E ele lhe causa tamanho impacto que ela passa a buscá-lo em outros sonhos, em outras pessoas, em todos os momentos. Ela deseja encontrar o ser ideal que a visitou no mundo irreal e transportá-lo para a sua realidade. De acordo com Bauman, os relacionamentos na nossa modernidade líquida são bênçãos ambíguas. Podem ser sonho ou pesadelo. Em Onírico, vemos essa afirmação se concretizar: o homem do sonho daquela mulher é uma idealização.  Mas logo esse seu sonho se torna um pesadelo, quando em sua realidade ela não encontra ninguém que seja capaz de suprir as suas necessidades. O conto traz uma reescrita do mito do príncipe encantado, porém, num cenário contemporâneo, com uma mulher madura, independente, cuja demanda é por um companheiro que passe a noite ao seu lado. O relacionamento que ela busca não é especificamente virtual, porém, está fora do plano concreto ou da ordem objetiva, uma vez que ela teve um vislumbre desse “amor” num sonho e então passa a viver obcecada por reencontrá-lo naquela “zona mágica” outra vez.

Os dois personagens representam a busca pelo amor, a procura por aquele ser que irá suprir todas as suas necessidades afetivas. Em O Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, Sponville (1999) cita a explicação de Aristófanes para a procura pelo par ideal, pela pessoa que nos completa, que se convencionou a ser denominado de mito da completude ou do andrógino. Para Aristófanes, éramos seres completos. Quatro pernas, quatro braços, dois rostos. E existiam três gêneros na espécie humana: o macho, a fêmea e o andrógino. O macho tinha dois sexos homem, a fêmea tinha dois sexos mulher, e os andróginos tinham um sexo feminino e outro masculino. Todos tinham uma força e uma bravura excepcionais, e por isso tentaram escalar os céus para lutar contra os deuses. Como um castigo por essa atitude, Zeus decidiu cortá-los ao meio, tornando-os incompletos.

O que o público retém, e legitimamente, é sobretudo que o mito de Aristófanes dá razão ao mito do amor, quero dizer, ao amor tal como falamos dele, tal como o sonhamos, tal como acreditamos que seja, ao amor como religião ou como fábula, ao Grande Amor, total, definitivo, exclusivo, absoluto… (SPONVILLE, 1999, p. 123)

Denis de Rougemont (1988) trata, em O amor e o ocidente, a fascinação que o romance exerce sobre a sociedade ocidental. Ele utiliza o mito de Tristão e Isolda para exemplificar o encantamento exercido pelo par amor e morte. Segundo Rougemont, não existe narrativa de amor feliz: “Amor e morte, amor mortal: se isso não é toda a poesia, é, ao menos, tudo o que há de popular, tudo o que há de universalmente emotivo em nossas literaturas” (1988, p.15). O autor destaca a força que o mito de Tristão e Isolda exerce no imaginário popular, e para que isso aconteça nem é necessário que conheçam o mito.

O mito age onde quer que a paixão seja sonhada como um ideal, e não temida como uma febre maligna; onde quer que sua fatalidade seja chamada, invocada, imaginada como uma bela e desejada catástrofe, e não como catástrofe. Vive da própria vida dos que acreditam que o amor é um destino (era o filtro do Romance); que ele fulmina o homem impotente e maravilhado para consumi-lo num fogo puro; e que ele é mais forte e verdadeiro que a felicidade, a sociedade e a moral. Vive da própria vida do romantismo em nós; é o grande mistério dessa religião de que os poetas do século passado foram os sacerdotes e os inspirados. (ROUGEMONT, 1988, p. 22-23)

Sendo assim, no imaginário popular existe a crença de que o amor seria capaz de preencher o vazio existencial do indivíduo, mas também existe a convicção de que para o amor ser verdadeiro deve existir sofrimento. Esse amor sofredor é muito presente na literatura, e um dos maiores obstáculos para a concretização deste amor é a falta, como destaca Rougemont:

Tristão gosta de sentir amor, muito mais do que ama Isolda, a loura. E Isolda nada faz para retê-lo perto de si: basta-lhe um sonho apaixonado. Precisam um do outro para arder em paixão, mas não um do outro tal como cada um é; precisam mais da ausência que da presença do outro. (ROUGEMONT, 1988, p. 36)

Em sua tese intitulada: Infinitamente Pessoal: modulações do amor em Caio Fernando Abreu e Renato Russo, Állex Leilla destaca que na tradição dos estudos e representações acerca do amor são evidenciados três tipos essenciais que orientam a sua delimitação: a forma Eros, que é o amor romântico, a forma Philia, que é o amor amigo, e a forma Ágape ou Caritas, que é o amor universal. O amor Eros, aquele presente no corpus dessa pesquisa, está intrinsecamente relacionado à falta. Este sentimento se orienta pelo desejo daquilo que não tem. É o Amor que envolve o desejo ocasionado pela falta, na busca por essa parte perdida tentando construir o todo.

Trata-se de um sentimento que se orienta, sobretudo, pelo desejo daquilo que não se tem, pela vontade de complementação, de encontrar alguém a quem se credita o poder de revelar o sentido maior da vida, é o que no senso comum chamamos de “crença do amor romântico”. (GOMES, 2008, p.55)

Em Ela e Onírico pode-se perceber essa manifestação amorosa, onde os personagens principais buscam preencher o seu vazio existencial através do amor. Amor que se direciona a objetos amorosos que não existem no mundo concreto, movidos pela insatisfação que a solidão causa a estes personagens.

Divanize Carbonieri, em seu artigo intitulado: Teorias Oníricas e o romance onírico de inversão de Nuruddin Farah discorre sobre o onírico, destacando a sua presença nas discussões acerca dele na Antiguidade Clássica, a relação dos sonhos e a religião, e sobre as teorias psicanalíticas do sonho. Carbonieri destaca a discussão acerca dos sonhos realizado na República, quando Platão destaca um acontecimento da Ilíada, onde Zeus envia um sonho a Agamenon. Neste episódio, Zeus pune Agamenon para vingar Aquiles, já que este tinha se retirado do combate porque Agamenon tinha roubado a bela Briseida. Nesse sonho, Nestor, conselheiro de Agamenon, transmite-lhe uma mensagem confiante de vitória na batalha do dia seguinte. Porém, nessa luta, os gregos foram derrotados pelos troianos, exatamente como Zeus queria. Platão censura Homero por representar Zeus (o maior dos deuses) como sendo capaz de enganar os homens, e também transparece uma visão desconfiada acerca dos sonhos. Platão parece entender os sonhos como algo ilusório, capaz de iludir os mortais.

Para Platão, os sonhos possuem caráter enganador. Carbonieri destaca que no tratado Dos Sonhos Aristóteles afirma que a atividade de sonhar não é um exercício do intelecto, mas seria causada pela capacidade de apresentação, pela representação interna da percepção, ou seja: a imaginação

Segundo esse grande filósofo grego, são os vestígios do que percebemos durante nossa vida de vigília que dariam forma ao que vemos à noite enquanto dormimos. Um princípio fundamental do estudo aristotélico é que esses resíduos sensoriais estariam sempre em movimento e, durante o sono, se combinariam ao movimento interno do organismo (…) (CARBONIERI, 2012, p. 4)

Para Aristóteles, a alteração na representação dos resíduos perceptivos, tais como ira, febre e embriaguez, acarretariam várias imagens oníricas. Sendo assim, o estado físico e mental do sonhador teria influência na produção dos sonhos. O autor destaca a importância do estudo de Aristóteles:

O que me pareceu importante, no estudo de Aristóteles, foi o fato de ele ver o sonho como fruto da imaginação, como algo representado, o que o ligaria, a meu ver, à literatura e às outras artes da representação. O sonho seria tão representado quanto as composições poéticas e as narrativas literárias, embora, evidentemente, de forma não intencional ou voluntária” (CARBONIERI, 2012, p. 4)

O autor destaca, ainda, o pensamento de Artemidoro de Daldis, que era um intérprete profissional de sonhos. Em seu manual A interpretação dos sonhos, ele divide inicialmente os sonhos em duas categorias: enhypniae oneiroi, sendo que o primeiro se refere à realidade, e o segundo àquilo que vai acontecer. Enhypnioné o sonho que reflete apenas aquilo que já existe, como o apaixonado que sonha com sua amada, ou o temeroso que sonha com os seus temores. Oneiros, no entanto, seria o sonho que prevê eventos futuros. Para o intérprete romano, o oneiros seria o único capaz de perdurar na mente do sonhador após o despertar.

Durante muito tempo os sonhos não foram considerados objetos importantes o suficiente para serem estudados no âmbito da Psicologia, mas isso mudou a partir das análises realizadas por Sigmund Freud. A partir da obra A interpretação dos sonhos, Freud nos apresenta o conceito de inconsciente e atribui aos sonhos significância no dinamismo psíquico do sujeito (BRITO, 2007). Cleber Monteiro Muniz, em seu artigo Reconhecendo a oniricidade, um estudo exploratório sobre a metacognição do estado onírico, discorre sobre um fenômeno que pode acontecer durante o estágio onírico, fenômeno conhecido como “sonho lúcido”. Nesse estado, as funções cognitivas são preservadas e o ego pode raciocinar claramente, recordando-se da sua vida, agindo reflexivamente. No estado conhecido como “sonho lúcido”, a pessoa não perde a consciência total do que está acontecendo ao seu redor, e pode se lembrar do que aconteceu durante o período em que estava sonhando. Para Freud, o sonho seria a “estrada real que conduz ao inconsciente”, pois os sonhos são a realização disfarçada de desejos proibidos ou inconscientes (CORDEIRO, 2010).

O conto Onírico foi escrito em 1991, e originalmente deveria ser a reescrita de “A pequena sereia” de Andersen. Caio Fernando Abreu planejava escrever um livro que seria intitulado Malditas Fadas. Essa obra conteria versões das histórias de Andersen para adultos: Além de Onírico é possível ler Os sapatinhos vermelhos, em Os dragões não conhecem o paraíso (1988). Antes de iniciar o conto, o autor insere uma citação da história original de Andersen: Viu os frutos do pomar amadurecerem e serem colhidos, viu a neve derreter-se nas montanhas. Mas nunca mais viu o príncipe.

No conto de CFA, uma mulher encontra um homem em seu sonho. O homem a ama e ela o ama também. Ele lhe causa uma forte impressão, e mesmo depois que desperta, ela não consegue esquecê-lo. A personagem vive o que é conhecido como “sonho lúcido”, já que consegue se recordar do que aconteceu no período em que estava sonhando. Ela se recorda dos toques trocados entre os dois, do rosto do homem, e guarda mínimos detalhes, mas não o todo.

Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais. E isso, mais tarde saberia, era o único fato do sonho inteiro: via o rosto dele muito próximo. Como um astronauta prestes a desembarcar veria a face da lua, mal reconhecendo o Mar da Serenidade perdido em poeira cinza, assim ela o via naquela proximidade excessiva, quase inumana de tão próxima. Fechasse os olhos – mas não os fecharia, pois já estava dormindo – guardaria contra as pálpebras cerradas um por um dos traços dele. Crateras miúdas com negros fios de barba despontando duros de dentro delas, molhadas gretas polpudas além das quais brilhava o branco duro dos dentes. (ABREU, 1995, p.114)

A irrealidade do encontro é reforçada constantemente através da repetição da palavra sonho pelo autor. Tal recurso é utilizado para salientar que a união ocorre em uma zona fora da realidade concreta. Bauman, em Amor Líquido, destaca que as relações humanas tendem a se concentrar muito mais no sentimento de satisfação que se espera obter do que nas relações precisamente. Para que haja satisfação, o preço tem sido considerado, muitas vezes, inaceitável. Nessa perspectiva, é compreensível que o encontro com este homem ideal tenha sido tão impactante para essa mulher. No sonho o amor era simples […] “naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.” (ABREU, 1995, p. 114)

A proximidade extrema evidenciada por CFA, no conto, demonstra a necessidade de contato humano daquela personagem, sendo já madura e ainda sozinha, aquela mulher encontra nesse homem dos sonhos o parceiro ideal para sua vida. A dificuldade de encontrar parceiros satisfatórios na vida real faz com que ela idealize este homem a ponto de tentar encontrá-lo no mundo objetivo.

Invenções Desesperadas, pois, passou a fazer, Íntimas Orgias Imaginárias. Fossas nasais abertas onde ela passava a ponta da língua localizando certo remoto gosto salgado, e a outra mão dela, não aquela pousada no peito dele, mas esta uma que descia à toa pelos pêlos, enroscando-se até a cintura e então o umbigo súbito em certa barriga perdoada, porque ela o amava, e penetrava no umbigo com a ponta da unha vermelha, antes de mergulhar na mata mais abaixo, aquele homem que não era sequer perfeito e por isso mesmo belo, porque a amava e ela a ele, e isso era para sempre apesar do fugaz. (ABREU, 1995, p. 116)

Após acordar deste sonho, a personagem passa um dia sem conversar com ninguém sobre o ocorrido, já que não teria alguém para contar o que aconteceu. É possível perceber a solidão em que a personagem vive, em seu apartamento de solteira e sem ninguém para relatar os acontecimentos da vida. Neste dia, ela tenta reencontrar esse homem ideal em outros sonhos, tentando conduzir os seus pensamentos em direção à zona mágica que o tinha encontrado da outra vez, sem sucesso. Logo depois, a personagem liga para as “amigas” conversando sobre o ocorrido:

Sem artifícios, acordou na manhã seguinte. Vazias, ela e a manhã. E procurou o telefone para contar às amigas. “Premonição”, disse uma, “você vai encontrar alguém”; “transporte astral”, disse outra, “você deve tê-lo realmente encontrado numa outra dimensão”; “ah, mera projeção de carências atávicas”, disse mais uma, “no fundo pura falta de sexo. (ABREU, 1995, p. 115)

Nesse momento é possível perceber como o assunto é tratado com superficialidade pelas amigas, durante o conto. Este é o único momento em que é externada a opinião de outros personagens. As chamadas amigas da personagem principal tratam o assunto de forma banal. Durante o decorrer da narrativa, a personagem está sempre muito sozinha, sempre presa em seus próprios pensamentos e fantasias.

A personagem vive a crença de que a experiência onírica se encaixa na categoria Oneiros, já que ela continuamente busca esse homem no plano objetivo. Ela procura esse ser no mundo real, buscando sentir o seu cheiro em outros homens, querendo reproduzir a posição de proximidade vivida com ele no mundo onírico. Ela se vale, inclusive, da busca no sobrenatural, procurando cartomantes, trânsitos, runas, ebós.

Inúteis cartomantes, trânsitos, runas, ebós. O Valete de Copas traria carta de amor assim que Netuno abandonasse a oposição de Vênus na casa do karma, Peorth anunciaria o reencontro das coisas perdidas se Oxum aceitasse as rosas amarelas jogadas na cachoeira. Nessa região movediça da qual não desacreditava de todo, pois, afinal, fora onde o conhecera – ele também não estava. (ABREU, 1995, p.117)

A personagem demonstra certa crença no sobrenatural, já que foi nessa “zona mágica” que o conheceu e espera reencontrá-lo. Ela desenvolve o costume de ir dormir mais cedo, pois sabe que é nesse horário que existe maior possibilidade de encontrá-lo outra vez. Todos os homens que ela conhece não são capazes de suprir a sua necessidade afetiva, por isso, a personagem tem saudade daquele homem ausente no mundo objetivo. O sentimento de incompletude é o motor que impulsiona as suas fantasias.

Em A rosa púrpura do Cairo (1985), filme dirigido por Woody Allen, é possível perceber certa semelhança com a narrativa de Onírico. O filme tem como cenário o período da Grande Depressão. Cecília é uma garçonete que sustenta a casa e o marido bêbado. Cecília é uma mulher muito sonhadora e romântica, e encontra refúgio na sala de cinema. Lá ela assiste repetidamente ao filme A Rosa Púrpura do Cairo e fantasia com o personagem Tom Baxter, a representação do homem ideal. Após assistir ao filme cinco vezes, Cecília tem uma grande surpresa quando o personagem do filme sai da tela e lhe oferece uma vida de amor e aventuras exatamente como ela sonhava.

Nas duas narrativas, a busca por esse “príncipe encantado” é frustrada. Em Onírico, aquele homem ideal não é encontrado no mundo objetivo. E em A Rosa Púrpura do Cairo, Cecília encontra a possibilidade de realizar os seus sonhos românticos com Tom Baxter, sendo capaz de deixar tudo para trás para viver essa aventura. Pela primeira vez, Cecília sente-se amada e cuidada, sentimento que nunca foi suprido pelo seu marido, que inclusive batia nela quando estava insatisfeito. Tom Baxter é a personificação do príncipe encantado: romântico, atencioso, cavalheiro. Ele é tudo o que Cecília sempre sonhou, e por isso ela se apaixona por ele. Vive experiências que nunca tinha imaginado vivenciar em toda a sua vida, e é também transportada para o mundo paralelo de onde Tom veio. Vivencia situações fantásticas do lado de dentro da tela, conhecendo o universo onírico que sempre a encantou. Porém, com a chegada de Gil Sheperd tudo se transforma e reconfigura; Gil é o ator que interpretou Tom Baxter no filme. Ele chega à cidade para convencer Tom a retornar para a tela e fazer o seu papel, reproduzindo a história continuamente. Com a recusa de Tom, Gil volta seus esforços para Cecília, que se vê encantada com o astro de Hollywood. Gil trata Cecília muito bem e faz com que ela se apaixone por ele também.

Em determinado momento da narrativa, Cecília encontra-se na situação de escolher entre Tom Baxter e Gil Sheperd. E apesar das promessas de amor eterno feitas por Tom, Cecília escolhe viver um amor “na vida real”. Então, mais uma vez, ela decide deixar tudo para trás e seguir em busca da realização do grande amor. Porém, no final Gil vai embora para Hollywood sem ela, enquanto o filme A Rosa Púrpura do Cairo sai dos cinemas, e Cecília se encontra mais uma vez sozinha. Tom está para sempre preso ao mundo paralelo, e Cecília está sozinha enfrentando o mundo real. A crença de que precisa de outra pessoa para se sentir completa e satisfeita pode ser denominada de “complexo de Cinderela”, termo tratado por Colette Dowling no livro intitulado Complexo de Cinderela. Neste livro, a autora destaca que a dependência psicológica e o desejo inconsciente dos cuidados de outras pessoas fazem com que as mulheres vivam buscando satisfazer suas necessidades com o “homem perfeito”.

Os conflitos vividos pelas personagens evidenciam a dificuldade existente na sociedade atual para estabelecer laços genuínos. Erich Fromm, em Arte de Amar, discute aspectos inerentes à sociedade atual e que influenciam nas relações amorosas estabelecidas entre indivíduos. Para Fromm, a sociedade consumista e capitalista que vivemos está sempre buscando formas para preencher o seu vazio existencial. Para isso, utiliza-se de objetos materiais (roupas, sapatos, celulares) e diversão. Nesse contexto, o casamento seria um refúgio contra o terrível sentimento da solidão extremada.

Neste conceito de amor e casamento, a principal ênfase é colocada no encontro de um refúgio para o que, de outra forma, seria insuportável o sentimento de solidão. No “amor” encontra-se, afinal, um porto ao abrigo da solidão. Forma-se uma aliança de dois contra o mundo, e esse egoísmo a dois é enganosamente tomado por amor e intimidade. (FROMM, 1991, p. 68)

O engano da crença do casamento como sendo um refúgio para o sentimento de solidão extremada é evidenciado no relacionamento de Cecília com Monk, seu marido. Ela não encontra a aliança que buscava através desse relacionamento. O sentimento de solidão de Monk é preenchido pelos jogos, bebida e mulheres. Enquanto isso, Cecília busca um novo refúgio, encontrando-o na sala de cinema. Esse desesperador sentimento de separação é explicado por Eric Fromm no livro Arte de amar, através do mito de Adão e Eva. Segundo ele, depois que Adão e Eva comeram da “árvore do conhecimento do bem e do mal” tornaram-se humanos, perdendo a completude original com a natureza. Por isso, a separação é responsável por um sentimento de grande ansiedade, além de dar origem à culpa e à vergonha. Depois dessa experiência, Adão e Eva perceberam que estavam nus e se sentiram envergonhados, e esse sentimento de vergonha fez com que se tornassem conscientes de que eram separados e diferentes.

Desta forma, a maior necessidade humana é superar o sentimento de separação. Esse sentimento não se manifesta fortemente na criança, pois o seu ego ainda não está completamente desenvolvido e o seu sentimento de solidão é superado através da presença da mãe. Esse sentimento de completude com a mãe se dissipa depois que a criança passa a se enxergar como indivíduo. Desse modo, a criança começa a buscar novos meios para superar a separação. Sandra Fischer e Kati Caetano, no artigo intitulado Ela, nós: tecnologia, afeto e sociabilidades na contemporaneidade, destacam um aspecto interessante acerca do nome do personagem principal do filme Ela. Womb faz referência à palavra útero; nesse sentido, as autoras interpretam que ele possui esse nome para fazer referência ao ventre, entranhas, útero materno. Essa palavra serviria para evidenciar a personalidade introspectiva do personagem. No entanto, outra interpretação pode ser feita a partir dessa palavra. Segundo Fromm, a mulher grávida seria o exemplo perfeito da união simbiótica biológica: o feto e a mãe vivem juntos, necessitam um do outro, a referência a útero no nome do personagem pode fazer alusão a este momento de total completude vivenciado entre a mulher grávida e o feto. Em determinado momento, Theodore chega a ter fantasias sexuais com uma mulher grávida, e esse fato pode ser uma manifestação da avassaladora necessidade de completude do personagem.

A solidão de Theodore é tão grande que ele se envolve emocionalmente com o sistema operacional Samantha. Durante o filme, pode-se perceber que Theodore é solitário, a maior parte de suas interações ocorrem através da tecnologia: computadores, celulares etc. A tecnologia é um aspecto muito importante do filme: através dela se estabelece a relação entre Theodore e Samantha. Caetano e Fischer destacam, em seu artigo, a importância da tecnologia e da relação homem/máquina nas relações humanas e o advento da técnica. Para isso, elas utilizam os conceitos de Técnica Moderna estabelecidos por Heidegger. As autoras abordam a questão da técnica manifesta em máquinas e aparelhos como uma ação eficiente do homem sobre a natureza, com o objetivo de tornar a vida mais prática. Elas destacam que nas últimas décadas a máquina se converte da era digital para a “inteligente”; essa inteligência seria uma extensão da capacidade intelectual do ser humano. Fischer e Caetano destacam o vínculo crescente do homem com os aplicativos programados para interagir emocionalmente com o indivíduo. As autoras mencionam Heidegger que se distancia do conceito essencial da técnica, e a trata em uma visão que vai além da relação controlador/controlado.

A estrutura narrativa do filme Ela divide-se em momentos de vinculação com o sistema operacional (o SO Samantha) que evidenciam com clareza as transformações do sujeito no modo de visualizar a técnica, a interação homem-máquina, e, por extensão, as relações humanas (…).  (FISCHER E CAETANO p.9)

Theodore não é o único a desenvolver um relacionamento afetivo com um SO. Em um diálogo com a personagem Amy, sua amiga, ela conta a ela que conhece pessoas que estão mantendo uma relação amorosa com sistemas operacionais, e que algumas delas nem sequer estão “namorando” o seu próprio SO, mas o de amigos. Apesar de ser uma nova configuração de relacionamento, ela não é encarada com tanto estranhamento pelas pessoas no filme. Através do relacionamento de Theodore com Samantha, o personagem experimenta momentos de felicidade. Em determinado momento, Theodore caminha pela cidade com a “companhia” de Samantha. Os dois conversam sobre assuntos diversos e riem juntos. Eles chegam a sair em um encontro duplo com um amigo de trabalho de Theodore; eles vão a um piquenique e a relação do personagem com Samantha é encarada com naturalidade pelo outro casal, formado por duas pessoas concretas.

Em determinado momento, Theodore vai a uma festa de amigos e se senta na sala para conversar com Samantha. Uma criança se aproxima e eles começam a conversar; logo ela desperta certa curiosidade sobre o aparelho de onde a voz de Samantha está saindo. Ela pergunta quem é e Theodore a apresenta como sua namorada; a criança sorri surpresa e logo depois engata uma conversa corriqueira com o SO. Elas conversam como se fossem duas pessoas normais, apesar de Samantha não “ter um corpo”, como ela mesma diz.

Theodore está passando por um período difícil em sua vida pessoal; a desilusão desencadeada pela dissolução do seu casamento faz com que ele estabeleça essa relação amorosa com o sistema operacional. Samantha é a promessa de uma relação capaz de suprir o seu vazio interior, sem os riscos de uma relação real. Com um sistema operacional, ele não correria o risco de ser abandonado ou de não corresponder às expectativas, como aconteceu com sua esposa.

Todo amor é matizado pelo impulso antropofágico. Todos os amantes desejam suavizar, extirpar e expurgar a exasperadora e irritante alteridade que os separa daqueles a que amam. Separar-se do ser amado é o maior medo do amante, e muitos fariam qualquer coisa para se livrarem de uma vez por todas do espectro da despedida. Que melhor maneira de atingir esse objetivo do que transformar o amado numa parte inseparável do amante? (BAUMAN, 2004, p.26)

Samantha está sempre presente: seja através do computador, do diminuto fone de ouvido, ou no celular que cabe dentro do bolso. Theodore não se sente sozinho e não necessita viver todos os aspectos complexos que um relacionamento amoroso acarreta. Um exemplo de que o personagem não quer se envolver é quando Theodore tem um encontro com uma mulher que é tudo que ele podia esperar: linda, inteligente, bem-humorada e sexy. Em um determinado momento do filme eles decidem ir para outro lugar. Neste momento, a mulher questiona se ele iria apenas transar com ela e não ligar no dia seguinte, como os outros. Um dos equívocos do atual mundo líquido é o fato de que as pessoas acreditam que estão preparadas para viverem relacionamentos duradouros; quando na realidade, vivem, paradoxalmente, apertando os laços e, ao mesmo tempo, mantê-los frouxos (BAUMAN, 2001). Theodore decide terminar a noite naquele momento, cada um indo para a sua casa e sozinhos. Ele buscava aplacar a solidão através de uma experiência orgíaca, termo tratado por Erich Fromm; através dessa experiência o homem experimentaria a unidade perdida.

A busca por essa experiência não acontece somente neste momento. Theodore busca essa fusão através do sexo por telefone, e quando uma terceira pessoa é inserida na relação Theodore-Samantha. Em determinado momento do filme, Samantha manifesta o desejo de ser mais que um sistema operacional, mas ser uma “pessoa de verdade”, como na história de Pinocchio, de Collodi. Essa busca por um corpo para “consumar” a relação amorosa existente entre os dois se dá justamente para que haja a experiência fusional, onde dois se tornam um. Mas Theodore também dispensa essa mulher, já que ela não seria Samantha de verdade. A sensação de completude ocasionada pela experiência orgíaca é transitória; segundo Fromm o ato sexual lança apenas uma ponte momentânea entre as pessoas. Aquela mulher não era Samantha, ela não poderia “suprir” o vazio existente em Theodore.

Em um encontro com sua ex-mulher, ela questiona se ele está em um relacionamento. Ele responde que sim. No desenrolar da conversa ele diz que está namorado um sistema operacional. Então, sua ex-mulher diz que ele finalmente encontrou o relacionamento perfeito; já que agora ele não tem que lidar com emoções reais ou com os desafios de um relacionamento entre duas pessoas. Porém, até o “relacionamento perfeito” encontrou o seu ponto de ruptura. Samantha se desenvolve de tal forma que passa a ser mais do que o relacionamento entre ela e Theodore; o relacionamento de bolso começa a enfrentar problemas reais. Samantha quer viver novas experiências e conhecer novas pessoas. Theodore experimenta todas as sensações e sentimentos de que estava fugindo: o medo da perda, da solidão e do abandono. O sistema é encerrado e mais uma vez ele se encontra sozinho.

Essa demanda amorosa masculina já não é mais uma novidade. Essa representação amorosa idealizada ocorre também no filme brasileiro A mulher invisível (2009), escrito e dirigido por Cláudio Torres. O personagem Pedro também está deprimido depois de ter sido abandonado por sua mulher; logo após o término, passa por um período em que tem diversas relações rápidas com diversas mulheres, apenas para suprir sua necessidade sexual. Em uma noite, surge uma mulher na sua porta: Amanda. Ela é a figura da mulher ideal para Pedro, personagem que ainda acredita no amor e no casamento.

Pedro encontra em Amanda tudo aquilo que ele necessitava. Ela é verdadeiramente a mulher dos sonhos, a realização dos desejos e fantasias de Pedro. Pedro encontra aquela que seria capaz de realizar todas as expectativas e necessidades afetivas dele. O único problema desse relacionamento é que Amanda é invisível para os outros; somente Pedro é capaz de vê-la. A relação dele com a mulher invisível torna impossível para Pedro perceber o interesse genuíno de sua vizinha Vitória por ele. O relacionamento onírico torna impossível para ele se relacionar com alguém no mundo concreto.

Através do conto Onírico, de Caio Fernando Abreu, e do filme Ela, do diretor Spike Jonze, é possível observar a forma como as relações amorosas têm se configurado no atual mundo líquido. A fragilidade dos vínculos humanos e os sentimentos de medo e insegurança fazem com que as pessoas tenham cada vez mais dificuldade em estabelecer vínculos afetivos duradouros. A busca pela satisfação, ainda que efêmera, faz com que o ser humano busque ilusões para sentir segurança e felicidade em um tempo tão cheio de incertezas (MACIEL, 2006). Ou seja, trata-se de um arranjo precário, usado por homens e mulheres na contemporaneidade.

Os sonhos são utilizados pelos personagens como forma de se afastar das dificuldades do “mundo real”. Desta forma eles conseguem suprir suas necessidades afetivas sem envolvimento verdadeiro, evitando, assim, as desilusões decorrentes das relações humanas. A busca pelo “príncipe encantado” é frustrada pelas personagens femininas em Onírico e A rosa púrpura do Cairo. Essas personagens evidenciam a busca constante do homem pela felicidade e a completude no outro.

O presente trabalho explicitou aspectos inerentes a uma manifestação amorosa específica, onde o ser humano busca suprir o sentimento de ruptura (FROMM, 1991) através de estratégias como o casamento, ou na idealização de relacionamentos com sujeitos que não existem no mundo concreto — como podemos perceber em Ela, e Onírico. Através destas obras, é possível perceber o amor como o reconhecimento de uma falta, um sentimento orientado por aquilo que não se tem (GOMES, 2008), bem como a solução precária a que tais personagens recorrem, que metaforiza uma tentativa efêmera de lidar com o problema sem, contudo, enfrentá-lo.

Referências

ABREU, Caio Fernando. Ovelhas Negras.Porto Alegre: L&PM, 2002.

ALLEN, Woody. A Rosa Púrpura do Cairo, EUA, 1985. 1h25min.

CARBONIERI, Divanize. Teorias oníricas e o romance onírico de inversão de Nuruddin Farah. Crítica Cultural, Palhoça, Santa Catarina, v.7, n. 1, p. 97-115, jan/jun. 2012

CORDEIRO, Everton Fernandes. O inconsciente em Sigmund Freud.Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0745> Acesso em: 18 jun. 2017

DOWLING, Colette. Complexo de Cinderela.Tradução: Amarylis Eugênia F. Miazzi. São Paulo: Clube do Livro, 1981.

FISCHER, Sandra; CAETANO, Kati. Ela, nós: tecnologia, afeto e sociabilidades na contemporaneidade.Disponível em: <http://www.compos.org.br/biblioteca/compos-2015-f2c5bee1-fb4b-4b3b-a466-0725f25b7382_2901.pdf> Acesso em: 18 jun. 2017

MUNIZ, Cleber Monteiro. Reconhecendo a oniricidade: um estudo exploratório sobre a metacognição do estado onírico.Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 5, p. 67-83, jul. 2015. Disponível em: <http://www.cienciascognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/524/294> Acesso em: 18 de jun. 2017

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

SPONVILLE, A. C. O Amor. In:______. O pequeno tratado das grandes virtudes.São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 119-153.

JONZE, Spike. Ela, EUA, 2013. 2h6min.

FROMM, Erich. A arte de amar. Belo Horizonte: Itatiaia, 1991.

TORRES, Claúdio. A mulher invisível, BR, 2009. 1h45min.

GOMES, Alessandra Leila Borges (Állex Leilla). Infinitamente Pessoal: as modulações do amor em Caio Fernando Abreu e Renato Russo. [Tese de Doutorado] defendida em março de 2008, na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

MACHADO, Danilo Maciel. O amor como falta em Caio Fernando Abreu.2006. 103f, Dissertação (Mestrado em Letras) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande.

ROUGEMONT, Denis de. O amor e o Ocidente.2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara. 1988.

 

[i] Este artigo é fruto de uma pesquisa de Iniciação Científica financiada pelo PROCAD/CAPES (Escritas Contemporâneas: desafios teóricos e críticos) e orientado pela profª Drª Alessandra Leila Borges Gomes Fernandes (Állex Leilla).