Chers lecteurs,
Cá estamos nós outra vez. E que bom, não é? Muitos são os sentimentos. Um deles é gratidão, gratos estamos por mais um trabalho finalizado. Trabalho esse feito em coletividade, e que é fruto de muita dedicação e comprometimento. E é com esse sentimento que viemos anunciar aos senhores e às senhoras a mais nova edição da nossa tão querida e estimada Mafuá: a EDIÇÃO 43 está no ar!
Como de praxe, apresentamos, nos próximos parágrafos, um pequeno panorama da edição:
A seção de ensaios inicia-se a partir do trabalho realizado pela discente Apoliana dos Santos Silva, denominado A construção das personagens e das temáticas a partir da oralidade em Angu de sangue, de Marcelino Freire, autor da literatura brasileira contemporânea que produz contos de denúncia social. Ela utiliza autores como Dalcastagne (2012) e Pelegrini (2005), que tratam sobre a violência, para analisar como os marginalizados são colocados em foco na escrita de Freire, já que, por meio da linguagem que procura imitar a oralidade, tais personagens são autores dos próprios discursos, interligando, dessa maneira, a literatura com a realidade social brasileira.
Em seguida, em Análise do conflito razão x desejo em O homem, de Aluísio Azevedo, Lidia Carolina Arnhold Casper demonstra como o conflito entre a razão e o desejo, do sonho e da realidade, é construído na obra escrita por esse autor, a qual alcança não apenas o âmbito individual, mas também o coletivo, já que esse livro não diz unicamente à Magdá, protagonista da narrativa, mas também denuncia as opressões sobre a mulher na sociedade burguesa. Ademais, ela ainda evidencia, com fundamentação em Rouanet (2004), a relação entre os estudos psicanalíticos de Sigmund Freud com a histeria que a personagem desenvolve ao longo da narrativa.
Ainda nos ensaios, Vitória Rodrigues Porto apresenta Encarnar a palavra: reflexões acerca da virtualidade dos corpos das vítimas da ditadura militar de 1964, no qual a autora explora a crise existente entre virtualidade e fisicalidade decorrente dos meios digitais nos últimos anos, abordando a ausência de materialidade proporcionada pelos primeiros em contraste com aquela vivida — e sofrida até hoje — por milhares de brasileiros, em razão das mortes e desaparecimentos de inúmeros entes queridos durante a ditadura militar de 1964.
Finalizando essa seção, Vinícius Ryan destrincha A beleza mórbida dos personagens de Os Pobres, de Raul Brandão, trazendo à luz, por meio de questões filosóficas e narrativas, a construção das entranhas dos personagens inseridos no enredo do romance, os quais encontram, em sua miséria e abandono, a criação de uma beleza proveniente da grotesca catástrofe social exposta por Brandão.
A resenha sobre o quarto livro publicado por Alê Motta, intitulado Minha cabeça dói, traça um caminho entre os capítulos da obra, comentando-os e retratando as questões apresentadas na história. A narrativa conta sobre o adolescente Otávio, menino que não teve uma vida fácil, repleta de traumas e frustrações. Em primeira pessoa, ele conta a sua experiência de vida, que envolve temas sensíveis, como agressão, alcoolismo e abandono paterno, mas que, no fim, consegue superar as dificuldades. Na resenha, são apresentadas algumas das muitas críticas sociais presentes na narrativa, enfatizando, ainda, que esse é um livro para pensar e refletir, fazendo com que a cabeça doa ao se deparar com trechos fortes sobre as coisas reais da vida.
Na categoria Criações, Thomás Borges da Silva apresenta um de seus trabalhos artísticos: Flores Mortas, desenho feito à mão com Caneta nanquim ponta fina sobre papel A5, 150g/m2. A criação acompanha uma nota artística, em que reflete sobre sua concepção de arte realista e sobre o próprio fazer artístico.
Para finalizar, na seção obra rara, Katiely Michielin e Maria Tereza Nicolau Alves apresentam Caderno 91, de Franklin Cascaes. Trata-se de um caderno com alguns dos manuscritos do escritor e artista, que pertence a Coleção Elizabeth Pavan Cascaes, sua esposa, grande colaboradora e incentivadora, e que está preservado e sob guarda do Museu Universitário MARquE -UFSC. Para conhecer um artista que é considerado figura central na preservação da cultura açoriana em Santa Catarina, vale muito a leitura desses registros. Neste pequeno caderno, ele deixa sua marca, símbolo da resistência cultural e exemplo de como a arte e a educação podem caminhar juntas para valorizar as raízes de um povo.
Bonne lecture!