A crítica à arte realista é, de antemão, racionalista. Aquilo que parte do pressuposto de ser defesa de uma ‘causa’ menos formalista, isto é, a técnica e o método utilizados no processo de criação de arte, é, na verdade, sustentado em cima de uma crítica racional do ‘efeito’, por meio da própria obra de arte e de sua relação com o referente. Desse modo, atesta contra si mesma, precisamente quando se considera, ambiguamente, defensora de uma suposta “arte verdadeira”, já que em sua origem, desde Platão, a premissa de tal crítica é sempre a de colocar o ‘referente’ (ou ‘o ser’ da coisa) em posi-ção de superioridade à ‘representação’ (ou ‘imitação’).
Arte e referente são de naturezas distintas, e a ação de causa, seja qual for seu caráter, neste caso, sempre será (nas devidas medidas éticas e morais) engrandecedora para o artista, da mesma maneira que o objeto de efeito o é para o público.
___________________________________________________________________
Descrição: Flores Mortas. Caneta nanquim ponta fina sobre papel A5, 150g/m².
“Agradeço a Caio Selva e à Rudra Cordeiro, sem os quais a produção de ‘Flores mortas’ não seria possível”.