Charlotte Stoker’s Account of “The Cholera Horror” in a Letter to Bram Stoker (c. 1875), de Charlotte Stoker

Iliane Tecchio

Este texto apresenta uma tradução da carta de Charlotte Stoker para seu filho Bram Stoker contando sobre “O Horror da Cólera” (1875). A carta está incluída no apêndice II da edição da obra “Drácula de Bram Stoker” (1897) publicada pela editora Penguin Books em 2003.

A importância de traduzir este texto está relacionada ao fato de que Stoker adorava ouvir sua mãe, Charlotte Stoker, contar histórias sobre os mitos e o Folclore Irlandês. Ele amava a Irlanda e a sua cultura, e escreveu seu primeiro romance, “The Snake’s Pass” (1890), estabelecendo-o geograficamente no oeste do país, como personagens falando cuidadosamente o dialeto irlandês. Trabalhando e morando em Londres, Bram Stoker decidiu começar a escrever uma história baseada em que ele se lembrava sobre as histórias que sua mãe lhe contava em relação ao surto de cólera em Sligo (condado localizado no oeste da Irlanda) em 1832. A carta que sua mãe escreveu sobre suas experiências na época do surto da cólera, inspirou o escritor a produzir suas primeiras histórias para crianças “The Invisible Giant”, que faz parte da coleção “Under the Sunset” (1881).

A carta foi publicada por Harry Ludlam em “A Biography of Dracula: The life Story of Bram Stoker”, pela W. Foulsham & Co: Londres, 1962, p. 25-31.

Referência

STOKER, Bram. Dracula. Revised edition. Apêndice II. Penguin Group: 2003, p. 412-418.

 


 

O horror da cólera
Charlotte Stoker

Nos dias de minha juventude, o mundo estava sendo abalado com o medo de uma nova e terrível praga que estava devastando todas as terras por onde passava, e a sua marcha era tão regular que os homens poderiam contar onde o seria o próximo lugar e o dia provável de sua chegada. Era a cólera, que pela primeira vez atacou na Europa Ocidental. É um estranho e amargo beijo, e o homem desejava ter a experiência ou o conhecimento de sua natureza, ou como melhor resistir aos seus ataques, aliás, se algo fosse possível ser feito, contra este horror.

Naqueles dias eu estava morando com meus pais e irmãos em uma província no oeste da Irlanda chamada Sligo. Foi bem antes do tempo das ferrovias (eu acho) e dos barcos a vapor, e as notícias viajavam lentamente. Rumores da grande praga chegavam até nós de tempos em tempos, quando os homens falavam de acontecimentos distantes que nunca chegariam perto deles. Mas, gradualmente, o terror cresceu em nós quando nós ouvimos a praga chegar cada vez mais perto e perto. “Estava na França”, eles falavam. “Estava na Alemanha”, e “Está na Inglaterra”.

Então, com um susto violento, nós ouvimos um murmúrio: “Está na Irlanda”. Por causa do medo, o bom senso dos homens começou a abandoná-los, e ações foram realizadas, levadas pelo pavor egoísta, e foram suficientes para fazer descer a vingança direta de Deus sobre nós.

Uma ação permanece viva na minha memória. Um viajante pobre foi resgatado doente na margem da estrada a algumas milhas da cidade, e como os samaritanos cuidaram dele? Eles cavaram uma cova e com longas estacas empurraram-no vivo para dentro da cova, e o cobriram rapidamente, vivo. Severamente, como Sodoma, nossa cidade pagou por estes tipos de crime.

Trincheiras agora atravessavam ao longo das estradas na direção em que a cólera provavelmente estava chegando, com o propósito de parar todos os contatos com os distritos infectados. Sem serventia, sem serventia!

Uma noite nós ouvimos que a Senhora Feeny, uma mulher gorda que era uma professora de música, havia morrido subitamente e, com ordens do médico, tinha sido enterrada uma hora depois. Pálidos, os homens olharam uns para os outros e murmuraram: “Cólera”; mas no dia seguinte os murmúrios se transformaram como um troar de canhão, e em muitas casas caiu um, ou melhor, dois ou três mortos. Uma casa seria atacada e a próxima poupada. Não havia qualquer comentário sobre quem seria o próximo, e quando alguém dizia adeus para um amigo, ele falava como se fosse para sempre.

Em poucos dias a cidade se tornou um lugar de mortes. Nenhum veículo era avistado circulando pelas ruas, além dos carrinhos de cólera ou as carruagens dos médicos. Muitas pessoas fugiram, e muitos desses foram surpreendidos pela praga, morrendo pelo caminho. Alguns dos médicos “deram o seu melhor” como eles falavam para si mesmos, em princípio, mas um por um, eles também se tornaram vítimas, e outros vieram para os substituírem, e também outros chegaram para preencher o lugar desses.

A maior parte do clero de todas as congregações fugiu, e houve realmente poucos casos em que a Prece dos Mortos foi lida para as vítimas.

Os grandes County Infirmary e Fever Hospital se transformaram em hospitais para tratamento da cólera, mas quase insuficientes para a grande necessidade da situação. As enfermeiras morriam uma após a outra, e nenhuma outra poderia ser encontrada para preencher os lugares, exceto mulheres das piores descrições, que se encontravam bêbadas na maioria do tempo, e estas cenas poderiam ser vistas lá, e saber disso provocava calafrios.

Um padre católico romano permaneceu na cidade (talvez tivessem outros, mas eu só conhecia este). Seu nome era Girlen, e ele contou para nós que era obrigado a ficar sentado dia após dia, e noite após noite, no topo dos grandes degraus de pedra com um cavalo e um chicote, para impedir aqueles miseráveis de arrastar os pacientes pelas pernas escadas abaixo, com suas cabeças batendo nos degraus de pedras, antes mesmo estarem mortos.

A rotina consistia em que, quando chegava um novo grupo para os quais não havia camas, os que estavam entorpecidos (doentes) por causa do ópio e quase mortos eram removidos para dar lugar aos recém chegados. O que se ouvia era que muitos deles eram enterrados ainda vivos. Um homem trouxe sua esposa para o hospital, carregando-a em suas costas e, ela como estava agonizante, ele amarrou um lenço vermelho em seu pescoço e o enlaçou fortemente na cintura dela para tentar aliviar a dor da sua esposa. A noite, quando ele chegou novamente no hospital, ele ouviu que ela estava morta e deitada na casa junto com os outros mortos. O homem procurou o corpo para dar a ela um enterro mais descente do que poderia ser dado naquele local (o costume era cavar uma grande vala, colocar quarenta ou cinquenta corpos sem caixões, jogar cal sobre eles e cobrir a sepultura). Ele viu uma ponta do seu lenço vermelho no meio de vários corpos que ele havia removido, encontrou, então, sua esposa e viu que ela ainda estava viva. Ele a carregou para casa. Ela recuperou e viveu por muitos anos.

Havia uma pessoa singular na cidade, um homem de grande estatura, que tinha sido um soldado e que era habitualmente conhecido como “o grande Sargento Callen”. Ele contraiu a cólera, foi dado como morto, e um caixão foi trazido para ele. Como o construtor tinha sempre uma grande quantidade de caixões prontos, e como os enterros eram realizados imediatamente após as mortes, os caixões eram praticamente do mesmo tamanho e, é lógico, eram por demais pequenos para o grande Sargento Collen. Os homens que colocaram o Sargento em um desses caixões perceberam que não seria do tamanho suficiente para Callen, então eles pegaram um grande martelo para quebrar as pernas dele de modo que ele coubesse no caixão. O primeiro golpe acordou o Sargento de seu estupor, e ele se ergueu e recuperou. Eu o via frequentemente após este acontecimento.

Nossa família deixou aos poucos de sair, ou ouvir o que estava acontecendo lá fora. A última noite que nós saímos, nós fomos ver a família do Coletor de Impostos, o Sr. Holmes. Eles eram uma família grande; pai, mãe, avó, três ou quatro filhos, três filhas, e um netinho. Quando nós saímos da casa deles às nove da noite, eles estavam todos bem, e na manhã seguinte as nove, nós ficamos sabendo que o Sr. Holmes, sua mãe, dois filhos, uma filha e o netinho estavam todos mortos e enterrados.

Depois disso, (que aconteceu no sexto dia que a cólera havia chegado à cidade) nós ficamos mais tempo dentro de casa. Havia uma constante fumigação. Placas de sal com caustico, substância corrosiva, eram espalhadas de tempos em tempos por fora de todas as janelas e portas. Todas as manhãs, tão logo nós levantávamos, uma dose de uísque misturada com gengibre era servida para cada um de nós, na quantidade de acordo com nossas idades. Gradualmente, a rua na qual nós morávamos dizimou-se, na medida em que dois ou três de nossos vizinhos morreram e foram levados. Uma manhã (o décimo dia) quatro mortos de uma única vez foram carregados para fora de uma casa em frente a nossa. Nossos vizinhos de ambos os lados, morreram. De um lado uma menininha chamada Mary Sheridan foi levada sozinha e doente, nós ouvimos seus gritos. Eu implorei a minha mãe para eu ajudá-la, e ela me deixou ir, mas com muito medo. Uma hora após, a pobre Mary morreu em meus braços. Eu voltei para casa e, sendo bem desinfetada, não fui contaminada.

Alguns tipos de mantimentos tornaram-se quase impossíveis de conseguir. Leite, acima de tudo, em decorrência de que ninguém do país poderia ser persuadida a chegar perto de uma cidade condenada. Nós tínhamos uma vaca, e muitas pessoas (senhoras, que nós nunca esperávamos ver) costumavam ir até nossa casa e implorar um pouco de leite para suas crianças. Os cântaros geralmente eram deixados na entrada da porta, cheios, e então, levados para casa.

Durante a noite, muitos barris de alcatrão e outros combustíveis eram usados para serem queimados ao longo das ruas, para tentar purificar o ar e, eles tinham uma aparência estranha e assombrosa, brilhando na escuridão. Os carrinhos de mão e camas portáteis ou berços que eram designados para a cólera, tinham sinos, o que aumentava ainda mais o horror que sentíamos, e o fabricante de caixões, um homem chamado Young, costumava bater nas portas para perguntar se alguns caixões eram necessários.

Esta era uma situação difícil de suportar. Poucos nervos poderiam aguentar, e nós pedimos para Young desistir. Mas ele retornava, e um dia eu falei a ele que se ele voltasse novamente eu jogaria água nele. No dia seguinte, como de costume, ele bateu na porta — e eu joguei na cabeça dele um jarro grande e cheio de água. O rapaz sacudiu-se e olhou para mim com um sorriso diabólico, ergueu o punho e falou: “Se você morrer em uma hora você não terá um caixão”.

“Obrigado”, eu falei. “Neste caso, eu não me importo”. Ele nunca mais voltou.

Dias passaram sem nenhuma alteração. A praga não foi controlada. Toda manhã, de madrugada, um grito se fazia ouvir vindo de todos os lugares da casa, “Tem alguém morto?”. Mas éramos misericordiosamente poupados. Em nossa desabitada rua, somente a família do Dr. Little e a nossa continuavam sem perdas.

Em alguns dias a cólera era mais fatal que em outros, e nestes dias nós poderíamos ver uma pesada nuvem sulforosa parada acima da casa. Nós ficamos sabendo que os passarinhos haviam morrido nas margens do Lough Gill.

No décimo quarto dia, bem cedo pela manhã, minha mãe ouviu uma grande agitação vinda das aves no quintal, e quando saiu para averiguar, encontrou muitas delas mortas ou morrendo. Ela entrou e disse que estava na hora de arrumarmos nossas bagagens e partir. Então, pegamos poucas coisas, levamos a vaca para o prado em um lugar na região onde havia água, imploramos as pessoas para alimentá-la e fazer uso do leite produzido por ela. Ás dez horas nós (meu pai, mãe, dois irmãos, eu e um criado) iniciamos a jornada, em um coche, para Ballyshannon, onde moram alguns amigos do meu pai que, nós tínhamos certeza, nos receberiam por alguns dias até que nós pudéssemos encontrar algum lugar para morar.

A manhã estava úmida, garoando, e estávamos nos sentindo miseráveis, como se nós estivéssemos com um prenúncio do que viria a acontecer conosco. Tudo ocorreu bem até que estávamos uma milha adentro de uma vila, distante quatro milhas de Ballyshannon, quando o coche que estávamos foi encontrado e parado por uma multidão de homens armados com cacetes, foices e forcados. Eles estavam sob o comando do Doutor John Shields, que era meio louco. Ele era o filho de um dos primeiros médicos do país, que era um homem dos mais respeitados, mas ele não se parecia com seu pai. O coche foi parado e nós fomos ordenados a sair dele, nossas bagagens foram retiradas, e não houve uma súplica sequer que pudesse ser ouvida para que aqueles homens permitissem nossa passagem. O medo havia enlouquecido aqueles homens. Após uma longa negociação e muitas ameaças de represarias da lei, o coche foi permitido continuar, e nós fomos deixados na margem da estrada, sentados nas nossas bagagens, com frio, molhados, com fome, e quase sem esperança. Meu pai tinha medo de nos deixar ir procurar por ajuda, mas cerca de uma hora e meia após, nós vimos a carruagem do nosso tio e uma outra pequena carruagem puxada por um cavalo velho, se aproximarem de nós.

Um dos nossos primos estava na carruagem. A família tinha ouvido sobre nossa situação e ele saiu a nossa procura para tentar nos ajudar. Um velho criado da família que tinha uma estrebaria trouxe sua carruagem — por agradecimento aos velhos tempos. Nós entramos na carruagem, mas quando estávamos perto de Ballyshannon nós ficamos sabendo que não tínhamos autorização para ficar; apenas poderíamos passar pela cidade. Meu tio tinha uma velha amiga, a Senhora Walker, em Donegal, e escreveu a ela implorando para nos receber por alguns dias. Então, lá fomos nós, minha mãe e as crianças na pequena carruagem, e meu pai, o criado a as bagagens, na carruagem aberta.

Estava chovendo tanto agora, que parecia que o céu e a terra estavam unidos, e após termos andado cerca de dez milhas, meu pai parecia muito doente. Nossos suprimentos de remédios contra a cólera (sem os quais ninguém poderia andar nem no quintal da sua casa) foram preparados, mas não havia nenhuma vasilha para misturá-los, então um dos cocheiros correu pelos campos, implorando por um empréstimo de uma caneca e um pouco de água. Uma mulher emprestou, mas quando a caneca foi devolvida, ela a quebrou em vários pedaços, e quando alguém ofereceu algum dinheiro, ela disse para deixar na estrada e que pegaria mais tarde, mas tinha medo de tocar em qualquer coisa que nossas mãos haviam tocado.

A doença do meu pai não era cólera, mas o resultado de um resfriado, juntamente com ansiedade exaustão, e ele logo estava recuperado o suficiente para continuar. Nós chegamos a Donegal, mas nossa chegada havia sido anunciada de alguma maneira que a área por onde nós entramos estava abarrotada de homens uivando como demônios. Imediatamente, nós e a nossa bagagem fomos arrancados das carruagens. A bagagem foi colocada em uma pilha no centro da rua, nós fomos colocados perto dela, e um grito se fez ouvir: “Queimem as pessoas com cólera”! Nós pensamos que nossa hora havia chegado, e sentamos tão silenciosos quanto possível, tentando aceitar o nosso destino. Por sorte, o oficial que estava no comando do regimento alojado na cidade, era um homem de grande agilidade e benignidade. Em um piscar de olhos, as tropas irromperam pelo portão do quartel para dentro da rua, e ele ordenou ao grupo, que estavam nos cercando, para saírem, enfrentando a multidão com baionetas.

Nós estávamos agora em situação comparativamente segura, mas em que situação! Molhados, famintos, sem casa, e cercados por uma multidão gritando que não permitiriam até mesmo que nós continuássemos nossa viagem. Então, uma reunião dos magistrados foi marcada para decidir o que fariam conosco, e (eu me arrependo de ter contado isso a um ministro de Cristo) o mais severo e menos misericordioso entre eles, era o reitor da paróquia. Enquanto isso, algumas pessoas mandaram para nós um grande jarro de chá quente e um pão, que nós recebemos com grande gratidão. Esta foi toda a comida que nós tivemos naquele dia.

Os magistrados decidiram que não deveríamos ser permitidos passar pela cidade, mas mandados de volta para o lugar de onde havíamos saído, escoltados por militares para nos proteger contra a fúria da multidão. Então, nossas carruagens foram carregadas novamente, e voltamos com nossa escolta, que nos deixou na estrada após ter nos acompanhado por cerca de sete milhas. Nós agora realizamos uma reunião, uma espécie de conselho de guerra, para decidir o que deveríamos fazer. Os cocheiros nos aconselharam que era melhor esperar até a noite, e então eles nos conduziriam de volta até a casa dos nossos primos em Ballyshannon, onde nós estávamos certos que seríamos recebidos quando chegássemos lá.

Cerca de dez horas da noite nós chegamos, sem sermos descobertos, e fomos recebidos calorosamente pelos nossos primos. Eles nos alimentaram e nossos pés foram aquecidos. Tão logo nós começamos a sentir um pouco de conforto, houve um grande alvoroço na rua e nós ouvimos a voz de nosso velho inimigo, o Sr. John Shields, gritando para que voltássemos para o lugar de onde viemos. Mas agora nós estávamos em uma situação melhor, e nossos primos se recusaram a abrir a porta.

O alvoroço continuou, e num instante o chefe dos magistrados e dois médicos da cidade chegaram, e educadamente pediram permissão para entrar. Eles foram autorizados, mas com a promessa de não serem violentos, e que nós deveríamos ser submetidos a um exame médico. Nós fomos diagnosticados livres da cólera, mas a casa foi posta em garantia e ninguém poderia sair por alguns dias.

Naquela época, foi possível viver em paz, até que a praga foi combatida e nós retornamos para Sligo. Lá, nós encontramos as ruas com gramas crescidas e 5,8% da população morta. Tínhamos uma grande razão para agradecer a Deus por ter nos poupado.

 


 

Charlotte Stoker’s Account of “The Cholera Horror” in a Letter to Bram Stoker (c. 1875)
Charlotte Stoker

Bram Stoker’s mother Charlotte seems to have provided a mine of information to satisfy her son’s avid curiosity about the experiences of ‘Irish folk’. He loved Ireland and its culture, and set his first novel, The Snake’s Pass (1890), in the remote west of the country, with characters speaking carefully crafted Irish dialect. In the early 1870s the financial pressure of bringing up a large family forced Abraham and Charlotte Stoker to seek a cheaper mode of life in France. Still working and living in London, Bram Stoker decided to start a story based on what he remembered of his mother’s grim tales of the cholera outbreak in Sligo in 1832. When he asked her to write down her experiences, she wrote what follows to him, which he later turned to account for the first of his ‘children’s’ stories ‘The Invisible Giant’, in the collection Under the Sunset(1881). It is printed from Harry Ludlam, A Biography of Dracula: The Life Story of Bram Stoker (London, W. Foulsham & Co., 1962), pp. 25-31.

In the days of my early youth (wrote Charlotte Stoker) the world was shaken with the dread of a new and terrible plague which was desolating all lands as it passed through them, and so regular was its march that men could tell where next it would appear and almost the day when it might be expected. It was the cholera, which for the first time appeared in Western Europe. Its bitter strange kiss, and man’s want of experience or know­ledge of its nature, or how best to resist its attacks, added, if anything could, to its horrors.

In those days I lived with my parents and brothers in a provincial town in the west of Ireland called Sligo. It was long before the time of railroads and (I think) of steamboats, as news travelled slowly. Rumours of the great plague broke on us from time to time, as men talk of far-off things which can never come near themselves, but gradually the terror grew on us as we heard of it coming nearer and nearer. ‘It is in France, they said. ‘It is in Germany,’ and ‘It is in England.’

Then, with wild affright, we began to hear the whisper passed, ‘It is in Ireland!’ Men’s senses began failing them for fear, and deeds were done, in selfish dread, enough to call down God’s direct vengeance on us.

One action I vividly remember. A poor traveller was taken ill on the roadside some miles from the town, and how did those samaritans tend him? They dug a pit and with long poles pushed him living into it, and covered him up quick, alive. Severely, like Sodom, did our city pay for such crimes.

Trenches were now cut across the roads in the direction in which the cholera was said to come, concisely for the purpose of stopping all intercourse with the infected districts. No use, no use!

One evening we heard that a Mrs Feeny, a very fat woman who was a music teacher, had died suddenly and, by the doctor’s orders, had been buried an hour after. With blanched faces men looked at each other and whispered ‘Cholera!’; but the whispers next day deepened to a roar, and in many houses lay one, nay two or three dead. One house would be attacked and the next spared. There was no telling who would go next, and when one said goodbye to a friend he said it as if for ever.

In a very few days the town became a place of the dead. No vehicles moved except the cholera carts or doctors’ carriages. Many people fled, and many of these were overtaken by the plague and died by the way. Some of the doctors ‘made a good thing of it’ as they said themselves, at first, but one by one they too became victims, and others came and filled the gaps, and then others again filled their places.

Most of the clergy of all denominations fled, and few indeed were the instances in which the funeral service was read over the dead.

The great County Infirmary and Fever Hospital was turned into a cholera hospital, but was quite insufficient to meet the requirements of the situation. The nurses died one after another, and none could be found to fill their places but women of the worst description, who were always more than half drunk, and such scenes were perpetrated there as would make the flesh creep to hear of.

One Roman Catholic priest remained (there may have been others, I but knew of this one). His name was Gilern, and he told us himself that he was obliged to sit day after day, and night after night, on the top of the great stone stairs with a horse whip, to prevent those wretches dragging the patients down the stairs by the legs with their heads dashing on the stone steps, before they were dead.

The habit was when a new batch arrived for whom there were no beds, to take those who were stupified [sic] from opium and nearest death and remove them to make room for the new arrivals. Many were said to be buried alive. One man brought his wife to the hospital on his back and, she being in great agony, he tied a red neck handkerchief tightly round her waist to try and relieve the pain. When he came again to the hospital in the evening he heard that she was dead, and lying in the dead house. He sought her body to give it more decent burial than could be given there (the custom was to dig a large trench, put in forty or fifty corpses without coffins, throw lime on them and cover the grave). He saw the corner of his red handkerchief under several bodies which he removed, found his wife and saw there was still life in her. He carried her home and she recovered and lived many years.

There was a remarkable character in the town, a man of great stature, who had been a soldier and was usually known as ‘long Sergeant Callen’. He took the cholera, was thought dead, and a coffin was brought. As the coffin maker had always a stack of coffins ready on hand, with the burials following immediately on the deaths, they were much of a uniform size and, of course, too short for long Sergeant Callen. The men who were putting him in, when they found he would not fit, took a big hammer to break his legs and make him fit. The first blow roused the sergeant from his stupor, and he started up and recovered. I often saw the man afterwards.

Our own household gradually ceased to go out, or hear what went on outside. The last evening we were out we went to see the family of the Collector of Excise, Mr Holmes. They were a large family; father, mother, grandmother, three or four sons, three daughters, and a little grandchild» We left them all well at 9 p.m. and next .morning at nine o’clock we heard that Mr Holmes, his mother, two sons, a daughter and the little child were all dead and buried.

After that (which occurred the sixth day of the cholera) we stayed pretty much in the house. There was a constant fumigation kept up. Plates of salt on which vitriolic acid was poured from time to time were placed outside all the windows and doors. Every morning as soon as we awoke, a dose of whiskey thickened with ginger was given us all, in quantities according to our ages. Gradually the street in which we lived thinned out, as by twos and threes our dead neighbours were carried away. One morning (the ninth day) four were carried at once dead out of the opposite house. Our neighbours on both sides died. On one side a little girl called Mary Sheridan was left alone and sick, and we could hear her cries. I begged my mother’s leave to help her, and she let me go, with many fears. Poor Mary died in my arms an hour after. I returned home and, being well fumigated, was not affected.

Some descriptions of provisions became almost impossible to get. Milk, most of all, as none of the country people could be induced to come near the doomed town. We had a cow, and many persons (ladies whom we did not know except by sight) used to come and beg a little milk for their young children. The jugs used to be left on the doorstep, filled, and taken away.

At night many tar barrels and other combustible matters used to be burned along the street to try to purify the air, and they had a weird, unearthly look, gleaming out in the darkness. The cholera carts and cots had bells, which added to the horror, and the coffin maker, a man named Young, used to knock on the doors to inquire if any coffins were wanted.

This was a climax hard to bear. Few nerves could stand it, and we asked Young to desist. But still he would come, and one day I told him that if he came again I would throw water on him. Next day he knocked as usual – and out went the full of a big jug on his head. The fellow shook himself, looked up at me with a diabolical grin, shook his fist and said, ‘If you die in an hour you shall not have a coffin.’

‘Thank you,’ said I. ‘In that case I shan’t care.’ He came no more.

Day by day went without any change. The plague was not stayed. Every morning at daybreak a cry used to go from room to room over the house, ‘Is anyone dead?’ But we were mercifully spared. In our whole lone street only Dr Little’s family and our own remained without loss.

On some days the cholera was more fatal than on others, and on those days we could see a heavy sulphurous looking cloud hang low over the house, and we heard that birds were found dead on the shores of Lough Gill.

Early on the morning of the fourteenth day, my mother heard a great commotion among the poultry in the backyard, and on going out found several of them dead or dying. She came in and said it was time for us to go and pack up. So we put up a few things, sent the cow to a meadow in the neighbourhood where there was water, begged the people near to milk her and make use of the milk, and at ten o’clock we (that is, my father, mother, two brothers, myself and a servant) started on the mail coach for Ballyshannon, where lived some of my father’s friends who we were sure would receive us for a few days till we could get some place to live in.

It was a damp, drizzling morning, and we felt very miserable, as if we had a forewarning of what lay before us. All went well until we got within a mile of a village about four miles from Ballyshannon, when the coach was met and stopped by a mob of men armed with sticks, scythes and pitchforks. They were headed by a Dr John Shields, who was half-mad. He was the son of one of the first physicians and most respected men in the county, but he did not take after his father. The coach was stopped and we were ordered out, our luggage taken off, and no entreaties could prevail on those men to allow us to pass. Fear had maddened them. After a long parley and many threats of the vengeance of the law, the coach was allowed to proceed, and we were left on the roadside sitting on our trunks, cold, wet, hungry, and well-nigh hopeless. My father feared to leave us to go and seek assistance, but after about an hour and a half, we saw my uncle’s carriage and a hack chaise coming towards us.

One of my cousins was in the carriage. The family had heard of our situation and he had come out to try and bring us in. An old servant of the family who had a livery stable had brought his chaise – for the sake of old times. We got into the carriages, but when we neared Ballyshannon found we would not be allowed to remain; all we could get leave to do was drive through the town. My uncle had an old friend, a Mrs Walker, in Donegal, about twenty miles further on, and he advised our going there and wrote to beg her to receive us for a little. So on we went, my mother and we children in the chaise, and my father, the servant and luggage in the open carriage.

It was now raining as if heaven and earth were coming together, and after driving for about ten miles, my father looked very ill. Our store of cholera medicines (without which no one moved a yard) was produced, but we had no vessel to mix them in, so one of the drivers ran to a cabin in the fields and begged the loan of a mug and a little water. The woman gave it, but on the mug being returned, she broke it into pieces, and when offered some money said if we left it on the road she would take it up after a while, but feared to touch anything from our hands.

My father’s illness was not cholera but the result of cold, anxiety and exhaustion, and he was soon well enough to continue. We entered Donegal, but our arrival had been announced in some way and we found the square where we entered full of men howling like devils. In a trice ourselves and our luggage were taken, or rather torn from the carriages, the luggage was piled in the centre of the square, we placed on it, and a cry went out, ‘Fire to burn the cholera people!’ We thought our last hour had surely come, and sat as quiet as we could and tried to be resigned to our fate. Fortunately, the officer in command of the regiment quartered in the town was a man of promptitude and humanity. The barracks gate opened into the square, and in an incredibly short time he ordered out the troops, who surrounded us in a square and faced the mob on all sides with fixed bayonets.

We were now comparatively safe, but in what condition. Wet, cold, hungry, houseless, and surrounded by a howling multitude who would not even allow us to go on. Presently a meeting of the magistrates was held to decide on what was to be done with us, and (I regret to have to tell it of a minister of Christ) the bitterest and least merciful among them was the rector of the parish. In the meantime some kind person sent us out a large jug of hot tea and a loaf, which we thankfully received. It was all the food we had had that day.

The magistrates decided that we should not be allowed to pass, but be sent back by the way we came, escorted by the military to protect us from the fury of the mob. So our carriages were again packed, and back we went with our escort, who left us about seven miles on the road. We now held a council of war as to what was to be done, and the drivers advised that we should wait till dark, and they would drive us by a back way to our cousin’s house in Ballyshannon, where we were sure of shelter if we could once get there.

They walked the horses and about ten at night we arrived without detection and were warmly received by our cousins. We were fed and our feet bathed, and beginning to feel quite comfortable, when there was a great uproar in the street and the voice of our old enemy, Dr John Shields, called for us to be brought out. But we now had the best of it, and our cousins refused to open the doors.

The noises continued, and presently the chief magistrate of the town and two doctors arrived, and civilly requested admittance. They were let in on promising to abstain from violence, and we had to submit to a medical examination. We were declared free from cholera so far, but the house was put into quarantine and no one let out for some days.

At the end of that time we were able to live in peace till the plague had abated and we could return to Sligo. There we found the streets grass-grown and five-eighths of the population dead. We had great reason to thank God who had spared us.