CIÊNCIA DE FICÇÃO
salvaguardo no guardado de salvados
um chumaço dos curativos ao contrário
uns tufos de inchaços bem imêmores
os invernos duma lágrima sem farmácia
conseqüência não me causa mais efeito
(o princípio dessas margens de hipótese)
(o sereno das sirenes sem alarme)
(o espelho meu inteiro no grau máximo)
mas a chuva não me custa as horas mortas
em procuras pelas águas prematuras –
eu dedilho dois tufões ainda filhotes
deixo vago o meu lugar para tormentas
DESVIO PARA O DILÚVIO
En el centro incólume del aguacero un pájaro cantando
– josé kozer
o ar baldio da chuva, às vésperas de abril,
as vértebras vasculha, vibra então as vísceras,
os tímpanos e as têmporas e os hímens do vazio
(PRIMEIRA PROVISÃO)
o nado é urgentíssimo
na travessia do sinal
:
o sol sem serventia – ventanias
se esfoliam no escuro da água falsa
e a cegueira as desossa: lascas
da lua fria nos alvéolos dessa rocha
:
o ar bravio estronda e estira-se o estio
nos rasos do baixio da gávea de vigília:
eu, sem mais nenhum brevê de vida
(NENHUMA PROVISÃO)
o ninho às escondidas
no colo do temporal