Os sopros de África n’Os Contos de Ukamba Kimba: a manipulação da natureza social do signo linguístico na escrita literária

Alexandre Ferreira Martins

RESUMO: Este artigo propõe uma reflexão acerca da criatividade linguística na obra Os Contos de Ukamba Kimba, de João-Maria Vilanova, concernente à descrição do Português Vernacular Angolano (PVA) feita em Inverno (2009; 2011). De maneira a elucidar de que modo a manipulação do signo linguístico se manifesta na escrita literária de João-Maria Vilanova, este texto se propõe a discutir a angolanidade presente nos contos do autor e a descortinar a problemática existente em torno do autor e da autoria de seus textos.

PALAVRAS-CHAVE: literatura; língua; fala; escrita; autoria.

ABSTRACT: This paper proposes a reflection on linguistic creativity in Os Contos de Ukamba Kimba, writed by João-Maria Vilanova, concerning the description of the Angolan Portuguese Vernacular (APV) proposed by Inverno (2009; 2011). In order to clarify how the manipulation of the linguistic sign is manifesting in the literary writing of João-Maria Vilanova, this paper aims to discuss the angolanity present in the author’s stories and to unveil the existing problematic surrounding the author and the authorship of his texts.

KEYWORDS: literature; language; writing; speech; authorship.

 

Introdução

A partir da apreciação das curtas narrativas presentes em Os Contos de Ukamba Kimba, de João-Maria Vilanova, constataram-se tentativas inúmeras de transposição da oralidade, a qual transita entre diferentes normas: observou-se, com base na coleta de dados realizada por Inverno (2009; 2011), a nítida confluência proposta, pelo autor, entre duas modalidades de língua e inúmeros registros orais, na medida em que ele alude à dimensão social do signo linguístico, da qual a linguagem literária reflete e refrata as problemáticas advindas da condição sócio-histórica da língua portuguesa em Angola. Sendo assim, este artigo incide sobre a criatividade linguística nos contos que compõem a referida obra de Vilanova, cuja análise consistiu em uma recolha dos principais aspectos linguísticos presentes nos diferentes textos – particularmente dos morfossintáticos, no que dizem respeito ao sintagma nominal.

A nossa memória se povoava de fantasmas da nossa aldeia. Esses fantasmas nos falavam em nossas línguas indígenas. Mas nós já só sabíamos sonhar em português. E já não havia aldeias no desenho do nosso futuro.
(Terra Sonâmbula, Mia Couto)

1. Estilo e estilização: as formas de subversão da linguagem e da própria língua

1.1. O projeto de inovação linguística: aspectos gerais

A confluência entre a oralidade e a escrita – duas entidades linguísticas distintas e, ao mesmo tempo, intrinsecamente unidas no signo literário em questão – apresenta-se, nos contos de João-Maria Vilanova, pelo processo a que se prefere denominar como estilização da língua. Entendida por Lima (1958, p. 24) como “a transformação por que deve passar uma forma natural ou uma forma de invenção com o fim de adaptá-la a uma função, a um objetivo estético ou a um estilo”, a estilização possui uma finalidade eminentemente social, que, no caso de Vilanova, implica a dependência de fatores individuais (concernentes ao povo e à cultura angolanos e, genericamente, africanos), geográficos (que dizem respeito ao meio em que os contos foram produzidos, ou, ainda, ao meio apresentado pela ficção em correspondência a uma realidade extraliterária) e, por fim, de uma condicionante sociológica, ora presente através das normas orais populares, ora pelas normas orais mais formais.  Estas, menos recorrentes, diferenciam-se por sua relação de similitude com uma norma aparentemente próxima à do português europeu culto, contrariamente aos registros constatados na narração das personagens que se utilizam de variedades menos prestigiadas do português falado em Angola.

Quanto à linguagem, particularmente à morfossintaxe, os textos que compõem Os Contos de Ukamba Kimba inovam em, no mínimo, dois níveis: um primeiro, constituído pela correspondência dos componentes intralinguísticos do texto literário aos do português vernacular angolano, e um segundo, no qual a seleção dos paradigmas aproxima-se de variedades prestigiadas do português europeu, ou, ainda, das cultas vigentes em Angola. Nesse sentido, compreende-se a tentativa de Vilanova de transpor as normas orais populares angolanas à escrita, ao passo que, para um registro oral mais culto, na caracterização de personagens de camadas sociais elevadas, apresenta ligeiras características restritas ao segundo nível. A partir disso, admite-se que a estratificação social, bem como a desigualdade dela advinda, está presente desde a linguagem dos textos às temáticas contempladas.

Desse modo, a criatividade linguística das estórias de Kimba remete ao projeto angolano de inovação literária marcado por José Luandino Vieira, conforme indica Laranjeira (1999). Como em Luuanda (1995), nas curtas narrativas de Vilanova, percebem-se correspondências lexicais – apresentadas em uma estrutura sintática portuguesa que se realiza na alternância de uma base lexical maioritariamente portuguesa e de outra quimbunda –, morfossintáticas e fonológicas, relativamente à variedade do português falada em território angolano.

Engenho de múltiplas transformações linguísticas, a oralidade reflete valores sociais contraditórios, uma vez que as suas estruturas significativas – as palavras – integram-se nos diferentes registros de língua ou ainda nos diferentes sistemas (YAGELLO apud BAKHTIN, 2006).  Seja o sistema em sua multiplicidade de variedades, seja o registro em especificidade e realização, ambos variam consoante a luta de classes, em razão da dimensão social do signo linguístico. Comprovação disso são as mudanças de estruturas intralinguísticas presentes, por exemplo, em um registro e em outro[1], os quais refletem variedades mais ou menos prestigiadas, cujos falantes tiveram ou não acesso ao letramento.

A criatividade dos enunciados de Ukamba Kimba revela um plano de inovação linguística relacionado a fatores sociais: os diversos registros de língua atestados nos contos funcionam dentro dos dois níveis apresentados, os quais, por sua vez, existem em função dos sujeitos que os realizam e são condicionados pela competência linguística de personagens provenientes de diferentes estratos sociais de Angola. O discurso, para tanto, estabelece-se pela adoção da estilização da oralidade, visto que o autor subverte formas mais ou menos estáveis de língua e amalgama-as a outras que daquelas não fazem parte[2].

Em Angola e em Moçambique, as línguas autóctones – provenientes da família de línguas banto – foram fundamentais para a consolidação da atual situação da língua portuguesa nesses países. A partir de um aumento do número de falantes do português como língua primeira e língua segunda, momento que corresponde à pós-independência, as mudanças linguísticas passaram a ser mais regulares e sistemáticas (INVERNO, 2009). O português passou a ser promovido num quadro ideológico que favorecia a unidade nacional, uma vez que a língua portuguesa era associada ao prestígio e à ascensão social.

A literatura em língua portuguesa emergiu, nesse sentido, em função das próprias atitudes dos povos autóctones relativamente à língua do colonizador. Em efeito, ela estabeleceu-se na afirmação dos impreteríveis valores pós-coloniais ante as carências dos povos colonizados. Não obstante, Thiong’o (1981, p. 4) salienta que “the choise of language and the use to which language is put central to a people definition of themselves in relation to their natural and social environment

[…]”.

A partir do que se pode chamar por descolonização da língua, a seleção dos níveis linguísticos de Os Contos de Ukamba Kimba define o que se pode assumir como angolanidade. O estilo e a estilização permitem a legitimação de variedades menos prestigiadas, assumidas em contraposição às normas escritas recorrentes nas ditas literaturas ocidentais, salvo exceções, como o brasileiro Guimarães Rosa ou o irlandês James Joyce, que recorreram à criatividade linguística de maneiras singulares. Apesar disso, João-Maria Vilanova ainda se difere de seus compatriotas engagés, como Luandino Vieira, porque não alude ao processo de criatividade; Ukamba Kimba é a representação da oralidade, na sua variedade de registros, em literatura e, por si só, é a ênfase do processo de criatividade linguística.

1.2. Os níveis de análise linguística em Ukamba Kimba: especificações

Quanto aos níveis anteriormente destacados, o primeiro nível – o marcado pela correspondência intralinguística dos enunciados dos contos em comparação com o português vernacular angolano – é a tendência da maioria das estórias. A morfossintaxe dos contos faz-se em detrimento das construções verificadas nas diferentes camadas sociais – especialmente para a marcação de gênero e para a de número – e presentes nos registros que variam em um mesmo texto ou em textos diferentes. Esses aspectos geralmente estão condicionados a fatores concernentes ao contato estabelecido entre o português e as línguas autóctones em território angolano.

Apesar de se alterarem conforme os registros adotados, os sintagmas nominais, analisados à luz da marcação de número, comumente não a recebem em seu núcleo (INVERNO, 2009). O primeiro conto de Ukamba Kimba, “O Abutre”, em sua frase final, apresenta, a título de exemplo, a co-ocorrência de um artigo e de um determinante possessivo marcados pelo sufixo -s para o plural, enquanto o núcleo do sintagma, o substantivo olho, por sua vez, sofre a apócope de -s: “Aí Vavó ofertou no abutre os seus dois olho.” (p. 9).

Ainda, para a concordância em número, em um único enunciado do conto “Ximbili, o Catequista co-ocorrem duas formas, o que pode vir a apontar a intersecção de dois registros presentes na comunidade linguística do enredo em questão: “As mulher sentadas à porta das casa as mama dela flácida, enxotando as moscas […]” (p. 12). Possibilidade de distanciamento em relação ao português vernacular angolano, a concordância do núcleo moscas com o artigo pluralizado – contrapondo-se, no referido enunciado, à marcação anteriormente adotada – corresponde tanto ao registro de falantes mais jovens e mais instruídos, como lembra Inverno (2011), como também pode indicar, na alternância com outras formas de marcação, a espontaneidade advinda do desempenho característico de camadas menos instruídas da sociedade ou, ainda, da intencionalidade do próprio autor.

A mudança de registros de língua dentro de um mesmo conto indicia, por vezes, a relação de subalternidade de determinados personagens em relação a outros. Em “A Caixa de Takula”, o narrador inicia por descrever a caminhada feita por ele e outros três personagens enquanto carregavam um caixão feito, como indica o título do texto, da madeira de takula, uma árvore da qual se extrai tinta. O corpo que carregam os quatro homens, aparentemente de um morto em combate, ainda sangra, fato que remete à extração de tinta da referida árvore, utilizada, no conto, como matéria-prima para a confecção da caixa, ou caixão, em questão.

É no mesmo conto que se verifica um registro de língua mais prestigiado, ao passo que a fala ponderada de uma personagem contrasta-se em relação à variedade oral popular do português angolano adotada pelo narrador. No mesmo texto, co-ocorrem normas distintas, provenientes de duas personagens de estratos sociais também distintos. O primeiro, narrador da história, parece pertencer a alguma camada desprestigiada do contexto em questão, enquanto que o volunta pertence a algum estrato social prestigiado; esta personagem, além disso, parece ocupar-se de uma função opressora que está indubitavelmente ligada ao enunciado por ela proferido: “cortemos-lhe então a cabeça para que ela não pregue mais a subversão no seio do povo e todos grandes e pequenos possamos todos no respeito da lei e na ordem do governo viver em paz” (p. 16). Como se observa, a marcação de gênero acontece em todos os sintagmas nominais da referida frase, em oposição ao evidenciado pela fala da primeira personagem: “[…] em nossos ombro os muito buraco das bala” (p. 16).

Para além do léxico kimbundo, presente desde o título Os Contos de Ukamba Kimba até a sintaxe da língua portuguesa, é também na concordância de gênero que as línguas autóctones exercem influência sobre a morfossintaxe portuguesa. A ocorrência de modificadores femininos em sintagmas nominais masculinos é exemplificativa do processo, como ocorre no conto “Ximbili, o Catequista”: “Milho pouco, mandioca pouco.” (p. 11). No primeiro constituinte, há a concordância, enquanto que, no segundo, cujo núcleo é o substantivo mandioca, o modificador não recebe a marcação de gênero correspondente ao constituinte antecedente, o substantivo com que deveria concordar. Conforme indica Inverno (2011), essa é a tendência maioritária entre falantes mais velhos e entre os menos instruídos; a explicação do fenômeno reside no fato de que as línguas banto, das quais o português vernacular angolano sofreu influências, apresentam a marcação de gênero somente para seres que possuem os traços semânticos [+animado] e [+humano].

A fim de realçar aspectos prosódicos inerentes a quaisquer variedades orais, a pontuação não remete a quaisquer distinções de classes sociais e, por vezes, a sua presença ou a sua ausência está condicionada a casos particulares. No caso de apostos, constata-se o uso de vírgulas para os que são explicativos, como em “Vinhamo caminhando os quatro por morros e xanas, calados, fechados, segurávamo com o peso da caixa […]” (p. 16), enunciado que integra o conto “A Caixa de Takula”, ou para apostos enumerativos, presentes, por exemplo, no conto O Capataz: “[…] enquanto que eu, Domingos, André, António Sapalo, Cardoso João […]” (p. 28).

2. As problemáticas do autor e da autoria: a criatividade linguística e a inserção da angolanidade nos contos

 1.3. João-Maria Vilanova no quadro das literaturas africanas de língua portuguesa

[…] tal encenação, tal “fingimento” poético, vestindo, à maneira de Pessoa, a pele de um guerrilheiro que não o fora […], acabaria talvez por confrontar-se com relativos méritos poéticos de verdadeiros guerrilheiros, provando que a literatura, para ser apreciável e apreciada, não precisa ser vivida.
(Laranjeira, 1991)

Por muito tempo assumido como um enigma da literatura angolana, João-Maria Vilanova, pseudônimo literário do português João Guilherme Fernandes de Freitas, estabeleceu-se como um caso singular nas literaturas africanas de língua portuguesa. Indubitavelmente inserido no patrimônio literário de Angola, em Os Contos de Ukamba Kimba, obra póstuma organizada por Pires Laranjeira e Lola Geraldes Xavier, tem seu valor estético estabelecido em função do estilo e da própria estilização da linguagem literária e da língua em questão – o português –, dando continuidade ao trabalho de criatividade linguística verificado em seus escritos anteriores e expandindo-o.

A crítica literária moderna entende o autor como a única fonte de explicação para o texto literário, na medida em que a sua perspectiva individual permitiria a análise de seu projeto literário (FOUCAULT, 2011). Assim sendo, o autor seria o indivíduo capaz de superar as possíveis lacunas que o texto pudesse apresentar. Em complementaridade, Foucault (2011) enfatiza a existência de uma função autor, que corresponde precisamente ao distanciamento do autor relativamente a sua obra e à impossibilidade de se estabelecerem similitudes entre os dois egos. Esse é o caso de João de Freitas, escritor que estabeleceu uma identidade pseudonímica no limiar da criação heteronímica.

Como destaca Laranjeira (1991), no excerto que inicia este subcapítulo, para se construir os sentidos a partir do texto literário, não se precisa vivenciá-lo. Este pressuposto é válido tanto para o leitor quanto para o autor de textos literários. Os dois, em suas respectivas funções, são capazes de construir sentido a partir do que não viveram, em razão do caráter ficcional de uma obra literária e da própria autonomização da linguagem.

João-Maria Vilanova, ao confrontar as contradições sociais inerentes à face ideológica do signo linguístico, traça um projeto literário que se destaca pela estratégia de apresentar a língua e o meio de comunicação através do qual os seres humanos utilizam-na – a linguagem verbal – como fator, no gênero literário, que reflete e refrata a estratificação social e as problemáticas dela advindas. É dessa maneira que o pseudônimo angolano delineia a estória de um homem pobre que se submete ao trabalho de lavragem de uma paróquia em decorrência da falta de animais que o executasse, no conto “A Penitência”. A norma linguística empregada pelo padre que impõe a penitência sobre o homem é a mais prestigiada e corresponde à norma culta do português europeu, isto é, à norma do (ex-) colonizador: “Ainda bem que vieste, pois os bois eles dois morreram vítimas da mosca tsé tsé e não temos animais nenhum mais para nos lavrar a granja da paróquia” (p. 13). Ao fim da pequena narrativa, contrasta-se a norma anterior a uma norma popular angolana, utilizada pelo homem pobre, cujo registro de língua ratifica a relação de subalternidade entre as duas personagens: “[…] quando que pelas hora dos meio-dia […]” (p. 13).

Ao recuperar os denominadores do processo de nativização da língua portuguesa em território angolano, Vilanova abre caminho a uma literatura cuja expressão traduz a condição não nativa da língua portuguesa em Angola. Quer pelas personagens que aparentam não possuí-la como primeira língua, quer pela presença das línguas autóctones angolonenses, fortemente influentes na morfossintaxe do português e no próprio léxico (por vezes, kimbundo ou umbundo), Ukamba Kimba insere-se no quadro das literaturas africanas como obra literária que, apesar de não ter sido escrita por um angolano, deu margens à legitimação de uma variedade africana da língua portuguesa adquirida historicamente em um contexto de língua segunda.

Conclusão

Apesar da delimitação de estruturas linguísticas que exemplificassem a criatividade linguística de João-Maria Vilanova, considera-se que o propósito do autor, ao adotar a transposição da oralidade, ultrapassa os limiares do texto enquanto entidade física, relacionando-se com o universo sócio-histórico e sociolinguístico das narrativas. A dimensão social do signo linguístico, em sua configuração literária, permite a exposição das relações existentes entre as entidades humanas descritas nos textos. Nesse meandro, a injustiça social materializa-se e se revela por meio da linguagem, em uma gama de variedades de língua que é expressa pelas diferentes personagens, aludindo a uma proposta engagée, de cariz essencialmente pós-colonial.

REFERÊNCIAS

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FOUCAULT, Michel. “O que é um autor?”. In: FOUCAULT, M., Ditos e escritos: estética – literatura e pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 264-298.

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LIMA, Enoch da Rocha. Estilo e estilização. São Paulo: Edigraf, 1958.

MATA, Inocência. “A crítica literária africana e a teoria pós-colonial: um modismo ou uma exigência?”. In: O Marrare, Rio de Janeiro, n.º 8, 2008.

MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da língua portuguesa. Lisboa: Caminho, 2003.

NASCIMENTO, Fernanda, “O português em África”. In RAPOSO, Eduardo et al., Gramática do português. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 2013, p. 157-174.

THIONG’O, Ngugi Wa. Decolonising the mind – the politics of language in African Literature. Harare: Zimbabwe Publishing House, 1981.

VILANOVA, João-Maria. Os Contos de Ukamba Kimba. Vila Nova de Cerveira: Editora Nossomos, 2014.

 

[1] (Essa variação ocorre em normas orais distintas: no caso de normas orais cultas, verificam-se registros de fala ou da transposição dela) que se aproximam e que, ao mesmo tempo, distanciam-se entre si, do ponto de vista intraliguístico. O mesmo ocorre com as normas orais populares, cujos registros, tendencialmente informais, pressupõem comunidades linguísticas que tiveram contato diferenciado com a língua portuguesa: Nascimento (2013) assinala as consequências da situação do português em África, adquirido como língua segunda nas ex-colônias portuguesas, em contato com as línguas autóctones.

[2] Cf. “Os níveis de análise linguística em Ukamba Kimba: especificações”, terceiro parágrafo.