[sem título]
Ana C
Navalha na virilha
Carne vibra ardida
Não meto mão
Nem estanco
com língua ou algodão
Deixo escorrer
vermelho quente
Entre conchas e cochas
No centro rubra ostra
Aguenta mais um pouco
Sente o gosto da pele fora do corpo
Quer ser poeta? toma!
Vive por inteiro as dobras do avesso
A loucura é só o teu começo
***
e logo, a pélvis desfraldada fermentando
Carolina Alves
a principio, o leão-marinho persegue
os fios de pêssego abandonados
que fazem seu colo e acariciam os pentelhos cegos
como quem fode procurando gelatinas podres
quando pensar nas vezes que fui gostosa e com
os bicos do peito pra cima
estive morta de olhos sepultados e magnéticos
h. tem o sêmen preso na panturrilha e gengiva cortada
o pênis duro de anteontem amputou meu cóccix, eu pergunto
o que foi a boca baratinada encostada em granito
há sempre do que fugir com a onda sísmica formigando
onde a úlcera seguinte se encontra
i) na raiz das coxas vomitadas
ii) na baleia deteriorada em taquicardias
iii) numa viúva lânguida em telhados redondos
h. de orelhas cortadas dissolvendo flâmula te calcifica
e deus te permite sangrar antes do almoço, você disse?
o maxilar preso em inchaços lambe os ovários
no socorro póstumo e chanfrado
galopando em duas hipertensões
a sua fé bastava em paus circuncidados
estrangulando a febre adotiva
porque cristo finge que a campainha não toca enquanto
suas filhas se masturbam com facas de tomate
não é fácil observar:
a casa emoldurando com pingos de chuva
ou os mamilos lacrimejando feridas na terra quente
***
Estilhaçado
Nicolas Machado
Cora-
ção
Como copo de vidro, sabendo, entra em choque com o chão
Cacos se espalham por entre as brechas das vidas
E os pés, nus de segurança, pisam nas pontas espatifadas
É tudo muito certo
desde o primeiro gole discreto
feito por
olhares trocados na avenida do querer
Sem querer
Apaixonados
Ou mais um desejo terminável
E entre goles no copo decidimos se…
ele não cairá no chão
Como o copo do verso primeiro em questão