Apresentação e editorial

Cristiano de Sales

Caro leitor,

É com sincero prazer que deixamos à deriva o número 3 da Mafuá para que navegadores, talvez náufragos, de plantão se utilizem, na medida exata em que julgarem necessários, dos suplementos propostos pelos alunos/autores que nos ajudam a rumar para águas profundas. Lembremos sempre que o mais forte vento a nos guiar nessa viagem é o da abertura, com todo o sentido que os pós-estruturalistas dão a esse termo. Primar pela abertura de um espaço a ser ocupado, ou atravessado, por alunos em fase de graduação é a nossa contribuição para aquilo que acreditamos ser um bom caminho, qual seja, a multiplicação dos significantes, a multiplicação dos barquinhos de João Cabral.

Quanto aos artigos, a exemplo do que ocorreu nos números anteriores, o teatro está presente e bem representado na pena (ou melhor, no teclado) de Claudia Cristina Maia com o texto Tradição e Modernidade: elementos narrativos na tragédia e no melodrama em que é possível verificar uma sugestão de leitura do melodrama – gênero popular surgido em fins do século XVIII, na França -, que propõe esta manifestação cênica como tributária da tragédia grega, sem ignorar, claro, as transformações pelas quais alguns elementos passam. Entretanto, o grande apontamento que o dedo da autora parece fazer vai em direção ao comportamento do espectador diante da cena: mesmo se tratando de contextos e necessidades históricas diferentes (os da tragédia e do melodrama) a condição humana do publico parece falar mais alto. Outro texto que tenciona o melodrama e a tragédia grega é Sob o signo de Dionísio, entre as armas da Revolução: A representação do riso na Tragédia Grega e no Melodrama Francês – relações possíveis; neste os recortes teóricos escolhido pela autora são a popularidade, a composição dos personagens e as convenções teatrais.

O convite aos apreciadores da literatura hispano-americana fica na responsabilidade de Sérgio Roberto Gomes Gonzáles, crítico e pesquisador de Onetti. Sua leitura atenta de La muerte y la niña põe em discussão a relação leitor/texto e é amparada, dentre outros, por Roland Barthes. Ainda em se tratando de península ibérica, muito embora inserido num cânone luso-universal, podemos destacar o texto de Priscila Pereira Paschoa que aborda Amor de Perdição numa perspectiva que vai do imanentismo ao histórico literário – bem como à história não literária.

No que diz respeito aos estudos pós-colonialistas, Marco Zero, de Oswald de Andrade, é analisado por Egídio Nascimento numa intervenção que parte das “nuances que determinam diferentes formas de migração” e tenta, por meio de tenções e aproximações, clarear possíveis contra-sensos que se constituem em torno dos estados de exílio e de migração.

Por fim, os artigos desta ocasião enveredam ainda por caminhos vários como a narrativa infantil; o universo poético de T. S. Eliot, que neste caso em particular poderia ser pensado como o universo fabuloso de T. S. Eliot; o dentro e o fora de Memórias de um sargento de milícias; e os Aspectos da imanência transcendente do poeta do Mafuá.

Boa leitura,

Cristiano de Sales.

 


 

O terceiro número da Revista MAFUÁ conta com a honrosa participação de André Vallias, poeta e designer. Fica registrado, aqui, nosso agradecimento.

Agradecemos também ao poeta e cronista do Diário Catarinense Dennis Radünz, que contribuiu com dois poemas do Extraviário, livro que será publicado ainda nesse ano.

E aos poetas Ricardo Aleixo e Manoel Ricardo de Lima, que cederam uma conversa para inaugurar a sessão de entrevistas.

 


 

COMISSÃO

Aírton Sampaio Araújo (Universidade Federal do Piauí)
Alamir Aquino Correa (Universidade Estadual de Londrina)
Alckmar Luiz dos Santos (Universidade Federal de Santa Catarina)
Armelle Le Bars (Universidade Paris 3)
Carlos Maciel (Universidade de Nantes)
Jaime Ginzburg (Universidade de São Paulo)
João Ernesto Weber (Universidade Federal de Santa Catarina)
José Luís Jobim (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Lucila Nogueira (Universidade Federal de Pernambuco)
Luís André Nepomuceno (Centro Universitário de Patos de Minas)
Luis Filipe Ribeiro (Universidade Federal Fluminense)
Marcos Antônio Siscar (Universidade Estadual Paulista – S. J. Rio Preto)
Markus J. Weininger (Universidade Federal de Santa Catarina)
Saulo Cunha de Serpa Brandão (Universidade Federal do Piauí)
Suzi Frankl Sperber (Universidade Estadual de Campinas)
Tânia Regina Oliveira Ramos (Universidade Federal de Santa Catarina)
Wander Nunes Frota (Universidade Federal do Piauí)

CONSELHO

Deise Freitas [editora responsável] – SC-00511 JP
Alckmar Luiz dos Santos
Cristiano de Sales
Saulo Cunha de Serpa Brandão
Victor da Rosa