A construção do efeito herói no cordel natal e os mitos potiguares, do Antonio Costa

Narumi Ito

RESUMO: Essa análise embrionária teve como principal objetivo compreender a construção dos efeitos de sentido em relação a riqueza cultural, artística e literária potiguar, que já são reconhecidos nacionalmente e foram “canonizados” como heróis no cordel. Sob a perspectiva teórica da Análise do Discurso, autoras como Almeida (2014) e Orlandi (1988; 2001; 2007) foram essenciais para a explorarmos o cordel. Dessa maneira, foi possível perceber a inexistência de um discurso totalmente novo, bem como não há um absolutamente velho, uma vez que todos são parafrásticos (velho) e polissêmicos (novo), simultaneamente. Por consequência, os sentidos são constituídos na e pela linguagem e, por isso, dependem do sujeito, da história e da ideologia para significarem no discurso.

PALAVRAS-CHAVES: cordel; Antonio Costa; Herói Potiguar; análise do discurso.

ABSTRACT: This embryonic analysis had as main objective to understand the construction of the effects of sense in relation to cultural wealth, artistic and literary potiguar, that are already recognized nationally and were “canonized” as heroes in the cordel. From the theoretical perspective of Discourse Analysis, authors such as Almeida (2014) and Orlandi (1988, 2001, 2007) were essential for exploring the string. In this way, it was possible to perceive the inexistence of a totally new discourse, just as there is not an absolutely old one, since all are paraphrastic (old) and polysemous (new) simultaneously. Consequently, the senses are constituted in and by language and therefore, depend on the subject, history and ideology to mean in the discourse.

KEY WORDS: cordel; Antonio Costa; Hero Potiguar; speech analysis.

 

Pela perspectiva da Análise do Discurso, o presente artigo tem o objetivo de compreender a materialidade em: “Natal E os Mitos Potiguares”, do cordelista nordestino Antônio Costa, guiada pela pergunta ancorada teoricamente: De que modo as predicações no cordel de Antônio Costa constroem o efeito herói para o sujeito potiguar? Em busca das possíveis respostas à essa questão, teremos como embasamento teórico, sobretudo, as autoras Almeida (2014) e Orlandi (1988; 2001; 2007).

Em primeiro plano, vale ressaltar que a literatura de cordel é ladeada por polêmicas, uma vez que pesquisadores como Luyten (1983) e Curran (1991) defendem que o folhetim chegou ao Brasil por meio dos europeus, os quais se instalaram primeiramente no nordeste brasileiro, trazendo com eles os livretos da tradição europeia. Dessa forma, são popularmente conhecidos como folhas volantes ou folhas soltas em Portugal, littérature de colportagena na França e pliegos sueltos na Espanha.

Por outro lado, Abreu (1999) acredita que a literatura de cordel teve origem na tradição oral do nordeste brasileiro e apresenta diversas características próprias, como, por exemplo, a versificação das narrações, a estrutura formal e a padronização da editoração, diferente dos folhetins europeus. É importante perceber na história da literatura de cordel que ela conseguiu produzir sentidos para a população de modo divertido e simples. Além disso, a rima contribuiu e continua ajudando na memorização dos versos.

Para tanto, torna-se relevante destacar alguns conceitos da Análise do Discurso referente a teoria que sustentará a análise do cordel. Neste sentido, dizer o significado do efeito de sentido fará toda a diferença para a compreensão do material, levando em conta um determinado lugar de observação. Segundo Orlandi (2007), a compreensão do que é efeito de sentidos se relaciona com a necessidade da ideologia na constituição dos sentidos e dos sujeitos. Tendo em vista que:

A linguagem serve para comunicar e para não comunicar. As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentidos entre locutores (ORLANDI, 2007, p. 21).

Dessa forma, podemos compreender que os efeitos de sentido se constituem a partir das formações discursivas, e, além disso, vale ressaltar que o não dito também significa. Logo, o sujeito, a história e a ideologia se fundem e, por isso, há efeitos de sentido variados. O foco deste trabalho é entender o discurso pela língua, enquanto relação com a história e o inconsciente, produzida a partir das condições de produção, uma vez que a língua não é mais vista como transparente e nem é capaz de dar conta de todos os sentidos possíveis.

Além disso, para Orlandi (2007) o funcionamento da linguagem é repleto de processos parafrásticos e polissêmicos, sendo a paráfrase – memória do já dito – no espaço do dizível, enquanto a polissemia trabalha com o deslocamento, rompendo com os processos de significação e jogando com o equívoco. Neste sentido, a autora defende que: “essas são duas forças que trabalham continuamente o dizer, de tal modo que todo discurso se faz nessa tensão: entre o mesmo e o diferente” (p. 36).  Portanto, podemos perceber que em todo discurso aparecerá coisas já ditas ao mesmo tempo que é polissêmico, podendo significar de diferentes maneiras.

Neste contexto, devemos ressaltar que a tensão da paráfrase e da polissemia faz com que os sentidos se mantenham no interdiscurso, e, de acordo com Orlandi (2007) esse conceito pode ser explicado da seguinte forma:

O interdiscurso é todo o conjunto de formulações feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos. Para que minhas palavras tenham sentido é preciso que elas já façam sentido. E isto é efeito do interdiscurso: é preciso que o que foi dito por um sujeito específico, em um momento particular se apague na memória para que, passando para o “anonimato”, possa fazer sentido em “minhas” palavras (ORLANDI, 2007, p. 33-34).

Assim sendo, o interdiscurso possibilita o dizível, tendo em vista que o sujeito, a história e a ideologia que determinam a memória discursiva, mas, ao mesmo tempo, essa memória é afetada pelo esquecimento. Por consequência, torna-se novamente apta a ser dita, somente porque algum dia já foi tomada por um sujeito e logo após esquecida. Outra discussão pertinente é em relação ao discurso oral e escrito. Neste contexto, Almeida explica que:

O discurso da escrita é legitimado no cordel, sustentando-se numa memória de escrita do ritual literário, disciplinarizando essa oralidade, sob as convenções esquemáticas do ritual literário de escrita. O cordel, como arte literária, uma estética da escrita, se dá enquanto espaço de dizer do sujeito-poeta, ocupando posições na escrita no modo em que nela se inscreve (…). No cordel, essa tensão define o discurso da escrita enquanto efeito ideológico de sentido único, desambiguizado e de legitimidade normativa numa relação de contradição com o discurso da oralidade (e sua transcrição), produzindo o sentido do diverso, do ambíguo, inacabado (ALMEIDA, 2014, p. 6).

Dessa maneira, percebemos que a escrita oficializa a oralidade e o cordel é um exemplo disso. Porém, não se restringe a legitimidade da língua, pois, levando em conta que a língua escrita é a do estado/nacional, a linguagem que o sujeito é interpelado está longe de ser a fluida. Apesar da impressão de homogeneidade no sentido da língua escrita, isso não acontece de fato, já que existem posições que o autor toma para escrever de determinada forma, e isso está totalmente relacionado a história, a ideologia, as condições de produção e suas relações de sentidos.

Após a exposição do quadro teórico analítico, propomos observar no material de análise que, desde a titulação “Natal e os Saudosos Mitos Potiguares”, se exalta os mitos potiguares pelo adjetivo “saudoso”, aquele que é lembrado com saudade, sob o ar de nostalgia. Tendo em vista que o mito é da ordem transcendental – semideus – o sujeito toma do imaginário clássico para formular a primeira e a última estrofe:

1. Ó musa santa divina

2. Da-me saber ao falar
3. Desta cidade tão linda

4. Vou neste verso citar
5. Também os saudosos mitos
6. Do famoso Potiguar

7. Agradeço ao grande Deus

8. Não posso isto negar
9. Toda pesquisa que fiz
10. O que faço é recitar
11. Não acrescentei um triz
12. Inda devo dizer bis
13. O desta Cidade falar.

Levando em consideração a literatura clássica e os conceitos de paráfrase e polissemia, percebemos que tudo era regido pelos deuses, a mitologia grega explicava tudo em relação a vida e a morte do homem na terra. Neste sentido, a criação era guiada pelas Musas, deusas da inspiração e proclamadoras de heróis. Assim sendo, o trabalho do escritor era “somente” invocá-las e, em preces, suplicar a sua ajuda para o sucesso de suas obras. Notamos isso com clareza nas aberturas das epopeias, como se lê no Livro I da Odisséia, de Homero: “Canta, ó Musa, o varão que astucioso, Rasa Ílion Santa, errou de clima em clima, Viu de muitas nações costumes vários”.

Torna-se perceptível que o gesto de Costa no cordel em pedir inspiração divina para um “herói maior” está relacionado a paráfrase, pois o já dito volta no discurso que foi esquecido e deixa implícito uma produção perfeita, do mérito transcendental. Sem falar que também pode ser considerado polissêmico, tendo em vista que o sentido de herói deslizou, se compararmos o herói clássico e o herói potiguar. Nas seguintes estrofes, o sujeito-autor vai construindo a paisagem de Natal-Rio Grande do Norte, ao mesmo tempo que desvenda o lugar que viveram os heróis potiguares.

1. Tem o morro do estrondo
2. E uma das paisagens mais lindas
3. E a praia de Ponta Negra
4. Passarela das meninas
5. Onde nós fica babando
6. Com tantas coisas granfinas

7. A Capital Espacial
8. Onde o sol é mais forte
9. Terra de índio valente
10. Que lutou até a morte
11. Pra defender nossa Pátria
12. E o Rio Grande do Norte

Nesta perspectiva, conseguimos analisar como o efeito herói em relação ao sujeito potiguar vai sendo construído no cordel. Percebemos sobretudo nas predicações: “lindas, forte, valente”, como a linguagem instaura o mito construindo um panteão – templo consagrado – onde os gregos e romanos guardavam os restos mortais de homens ilustres, deuses da nação. O cordelista Antônio Costa faz o mesmo no século XXI, tendo em vista que, organiza e narra as principais referências de personagens “mitológicos”, nascidos em Natal, construindo pela linguagem esse conjunto de mitos (narrativas de heróis). Sobretudo, devemos levar em conta o interdiscurso presente em todo o cordel, pois o discurso versificado é constituído pelo velho: paráfrase, ao mesmo tempo pelo novo: polissemia. Perceptível nas seguintes estrofes:

1. O Felipe Camarão
2. É um famoso guerreiro
3. A defender nossas terras
4. Foi um grande pioneiro
5. Que reentegra o estado
6. Pra o povo brasileiro

7. Era um comandante índio
8. Valioso e valentão
9. Na defesa do estado
10. Também de nossa nação
11. Provando ser bom Guerreiro
12. Morrendo em plena ação.

13. Foi o Augusto Severo
14. Engenheiro por formação
15. Natural de Macaíba
16. E pioneiro em balão
17. Defendeu a nossa Pátria
18. Com esta sua invenção.

19. Por todo grande feito
20. Nesta arte genial
21. Recebe as homenagem
22. Duma forma natural
23. De Praça a Aeroporto
24. Na cidade de Natal.

25. A nossa Nísia Floresta
26. É heroína de bondade
27. Foi grande batalhadora
28. Ainda na mocidade
29. Recebe a homenagem
30. Com o nome da cidade

31. Fabião das Queimadas foi
32. Um escravo de valor
33. E um grande instrumentista
34. De rabeca a tocador
35. Com tantas habilidades
36. Foi poeta e cantador

37. Esta é Auta de Sousa
38. Foi poetisa de drama
39. Com o seu livro O Horto
40. Repercutiu sua fama
41. Da famosa Macaiba
42. Foi a senhorita dama

43. O grande Chico Antônio
44. Foi coqueiro e cantador
45. Na arte de cantar Coco
46. Teve ele grande valor
47. Com o seu ganzá na mão
48. Consagra-se embolador.

49. Nascido em Pedro Velho
50. Onde tudo começou
51. Sempre ao lado de seus pais
52. Pois na roça trabalhou
53. Não teve quase estudo
54. Poucas aulas frequentou

55. Zé Areia é uma figura
56. Lendária aqui de Natal
57. Foi poeta e repentista
58. De forma sensacional
59. Usava traje a rigor
60. Na época do Carnaval

61. Foi ele grande humorista
62. Na vida fazendo planos
63. Barbeiro por profissão
64. Com os decorrer dos anos
65. Chegou a vender urubu
66. Aos soldados Americanos

67. E chegando até Martins
68. Famoso por serrania
69. Tem este sítio Jacú
70. La nasceu e residia
71. O grande cancioneiro
72. Nome Eliseu Ventania

73. Foi famoso no Nordeste
74. Onde teve atuação
75. Alegro todo caboclo
76. Do litoral ao sertão
77. Fez muita gente sonhar
78. Cantando belas canção.

79. Zé Saldanha se destaca
80. Na forma sensacional
81. Veio de Santana do mato
82. Morar na grande Natal
83. Do poeta a Cordelista
84. Ganhou fama natural

85. Um dos maiores Cordelista
86. Do Rio Grande do Norte
87. Escreveu ele o Cangaço
88. Sobre esse povo forte
89. Dedicou-se a poesia
90. Escrevendo até a morte

91. A cidade de Patu
92. Tem fato interessante
93. Foi terra de cangaceiro
94. O Jesuino Brilhante
95. Que logo se destacou
96. No Paraíso do Amante

97. Filho de Paraibano
98. Foi cangaceiro de porte
99. Na defesa dos humildes
100. Ele encarou Cabra Forte
101. Robim Hood do nordeste
102. No Rio Grande do Norte

103. Timbauba dos Batistas
104. Nasceu o Elino Julião
105. Foi um cantor de forró
106. E filho de Sebastião
107. De renome Potiguar
108. Falo é com convicção

109. Compôs várias melodias
110. Naquele seu aposento
111. Foi destaque nacional
112. Falando pra nascimento
113. Exigindo que queria
114. Outro rabo no jumento

115. Theodorico Bezerra
116. É o grande senhor feudal
117. E político de destaque
118. Deputado estadual
119. Na fazenda Irapuru
120. Foi seu quartel general

121. Grande latifundiário
122. No cultivo de algodão
123. Nas suas quatro fazendas
124. Daqui desta a região
125. Passou no globo reporte
126. Imperador do sertão.

127. Pedro Soares Bezerra
128. É nome registrado
129. Mais é o Carlos Alexandre
130. Que o povo ficou lembrado
131. Nascido em Nova Cruz
132. Foi um cantor afamado

133. Cantando A Ciganinha
134. Foi destaque nacional
135. Depois veio a Feiticeira
136. Muito sensacional
137. E tocada no Nordeste
138. Do sertão ao litoral

139. Vou falar de Café Filho
140. Que foi também Presidente
141. Nascido em Macaíba
142. Cidade de clima quente
143. Morava aqui em Natal
144. Esta Capital pra frente

145. Foi jogador do Alecrim
146. Na posição de goleiro
147. Não teve grande destaque
148. Mas foi ele o pioneiro
149. Nesta função é o único
150. Presidente Brasileiro.
151. Ele é Câmara Cascudo
152. Um dos maiores escritor
153. De renome Nacional
154. E também no exterior
155. No seu campos de pesquisa
156. Teve obras é de valor

157. Sobre as lendas do Brasil
158. E destaque em vários temas
159. Na cultura do Nordeste
160. História, fatos, lemas
161. Fez abordagem primária
162. Sobre os nossos sistemas

163. O grande Newton Navarro
164. Desenhista e pintor
165. Poeta e dramaturgo
166. Também um bom escritor
167. Um famoso natalense
168. Nesta arte foi doutor.

Na busca por responder de que modo as predicações no cordel de Antônio Costa constroem o efeito herói para o sujeito potiguar, percebemos que o autor cria a “academia de Natal” ou panteon de deuses. Dessa maneira, é na e pela linguagem que cada efeito de herói vai sendo criado, e em forma de estrofes e versos a galeria dos mitos se constitui. Vale ressaltar que os mitos no cordel imitam a personalidade perfeita/incorruptível, uma vez que os heróis vão sendo construídos a partir das predicações e adjetivos que se repetem constantemente no cordel. Necessitam ser destacadas: “bom, famoso, maior, grande, sensacional, destaque, valioso, valentão, pioneiro, entre outros”. Assim, são efeitos de sentidos que se repetem ao longo da história, e tem relações com o sujeito e a ideologia sob alguma determinada condição de produção. Dessa maneira, o funcionamento parafrástico e polissêmico contribuiu extremamente para a compreensão do interdiscurso presente na materialidade do cordel.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa análise, mesmo que embrionária, me permitiu compreender a construção dos efeitos de sentido em relação a riqueza cultural, artística e literária potiguar, que já são reconhecidos nacionalmente e foram “canonizados” como heróis no cordel. Vale ressaltar que há uma diversidade de protagonistas na história do Rio Grande do Norte, os quais são construídos pelo nordestino Antônio Costa remetendo as figuras clássicas e mitológicas, dentre eles: pintores, poetas, escritores, políticos, cantores, senhores feudais, cordelistas, cangaceiros, cancioneiros, escravos, heroínas da bondade, engenheiros, guerreiros e até mesmo comandante índio.

Portanto, foi possível concluir que não existe um discurso totalmente novo, bem como não há um absolutamente velho, uma vez que todos são parafrásticos (velho) e polissêmicos (novo), simultaneamente. Por consequência, os sentidos são constituídos pela linguagem e dependem do sujeito, da história e da ideologia para significarem no discurso.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, E.. Narrativa Em Cordel: Uma Relação Entre Literatura E Religião. In: Ferreira, A. M.; Castrillon-Mendes, O.M.; Maquêa, V.. (Org.). Literatura, Tradição, Religiosidades. 1ed.Cáceres: UNEMAT, 2014, v. 1, p. 101-112.

D’OLIVIO, Fernanda Moraes. O social no cordel: uma análise discursiva. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem – UNICAMP. Orientadora: Suzy Maria Lagazzi. Campinas, SP : [s.n.], 2010.

ORLANDI, Eni. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2ª Ed. Editora Pontes, Campinas: SP, 1988.

ORLANDI, Eni. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 7ª Ed. Editora Pontes, Campinas: SP, 2007.

ORLANDI, Eni. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 2ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1993.

ORLANDI, Eni. Discurso e texto. Formação e circulação dos sentidos. Editora Pontes, Campinas: SP, 2001.