Caros leitores e caras leitoras, é com grande alegria e satisfação que vimos anunciar a mais nova edição da Revista Mafuá. Do mesmo jeito que as edições anteriores, a edição 41 apresenta trabalhos que certamente contribuirão para os seus conhecimentos em se tratando de estudos desenvolvidos na área dos estudos literários. Nesta edição, contamos com seis ensaios, duas resenhas e uma obra rara. A saber:
No primeiro ensaio desta edição, intitulado Só me interessa o que é quase (m)eu: o Manifesto Antropófago em perspectiva, Bianca Patrícia de Medeiros Nascimento analisa o Manifesto Antropófago como sendo ele um “equalizador da presença dos habitantes das terras antes colonizadas”. Além disso, a autora também revisita os registros coloniais acerca do ritual tupinambá. Para isso, ela recorre ao que postula, por exemplo, Eduardo Viveiros de Castro (2002, 2018). De maneira geral, a hipótese de Bianca Nascimento é, conforme escreve, a de que, “na contrariedade à condenação da antropofagia, o Manifesto subverte a presença parcial fixada pela frente-colonial na ‘guerra etnológica’”.
A seguir, Camila Weege traz, em seu ensaio A literatura como representação da realidade brasileira em Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, uma análise minuciosa da maneira como Machado de Assis, um dos principais e mais notáveis escritores da Literatura Brasileira, apresenta o Brasil de meados do século XIX, país esse repleto de mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas.
De outro modo, Larissa Carvalho Gomes nos apresenta um convite irrecusável. Ela nos convida a conhecer a intimidade dos amigos Mário de Andrade e Carlos Drummond. No ensaio Convite a lição do amigo: um novo Brasil no diálogo por cartas entre Mário de Andrade e Drummond, Gomes analisa como a relação de aprendizado e amizade entre os dois autores contribui para o ideal de “um novo Brasil”, se apoiando especificamente no poema “Convite ao suicídio” de Drummond e o paradoxo de ambos os escritores.
Em Fagundes Varela sob a ótica do grotesco e do sublime e o contexto sinistro em suas obras, João Pedro Igrejas Siquara Nóbrega fala de um dos principais poetas do movimento literário Romantismo, precisamente de Fagundes Varela. Nesse seu estudo, Nóbrega analisa, como o título do seu ensaio deixa claro, o grotesco e o sublime presentes na obra de Varela, especificamente nos contos “A enchente” e o “Cântico do Calvário”. Para isso, ele se baseia no que postula Vitor Hugo em seu famoso trabalho Do grotesco e do sublime.
No ensaio Mirandolina e Aurélia: um diálogo entre as protagonistas femininas de Goldoni e Alencar, Ângela Prestes traça um paralelo entre as personages Aurélia, do romance Senhora (1875), de José de Alencar, e Mirandolina, da peça “La Locandiera” (1753), de Carlo Goldoni. Segundo escreve a autora do ensaio, apesar de “La Locandiera” e Senhora serem obras de gêneros distintos, bem como terem sido produzidas em contextos diferentes, essas duas tramas apresentam protagonistas que compartilham de diversas características, quais sejam: a inteligência, a astúcia e o poder de sedução. Somado a isso, vale dizer também que Prestes analisa, nessas duas narrativas, os temas casamento, dinheiro e amor.
Por fim, temos o último ensaio, de autoria de Rauenas Silva Oliveira, Lara Sousa Pires, Sabrina de Araujo Aparecida e Walquiria Leal Moreira, que busca discutir a inserção de plataformas digitais no processo de ensino e aprendizagem, tendo como aporte teórico o que recomenda a Base Nacional Comum Curricular, precisamente no que compete ao Letramento Digital na Educação Básica. Com esse objetivo, as autoras utilizam, no estudo, a ferramenta digital Canva, ferramenta essa de design, que pretende ser acessível e intuitiva, sendo ela apresentada como um contribuinte para o desenvolvimento do aluno, conforme exposto pela BNCC. Grosso modo, as autoras do trabalho discutem sua funcionalidade e formas de empregá-la no ambiente sala de aula.
Na parte das resenhas, temos o trabalho de Catharina Viegas de Carvalho. Nele, a autora fala sobre o livro Poéticas da masculinidade em ruínas: o amor em tempos de AIDS, organizado pelo professor Dr. Anselmo Peres Alós. Ela explica cada um dos 13 capítulos que compõem a obra e que se referem a trabalhos desenvolvidos por diferentes autores, os quais permeiam o mesmo tema. Também indica os pontos de reflexões presentes a respeito de identidade, masculinidade, sexualidade, saúde e, principalmente, literatura, apontada como uma ferramenta de resistência, ligada às desconstruções de ideias e representações prejudiciais que advêm nos contextos culturais e sociais a respeito da masculinidade.
Ainda na mesma seção, temos Transresistência: pessoas trans no mercado de trabalho, de autoria Kyury Assis. Nessa resenha, Assis fala dos 13 relatos presentes na obra de Caê Vasconselos, na qual o assunto central é a cidadania das pessoas trans ligadas ao mercado de trabalho. Com isso, são descritos alguns dos desafios enfrentados pela comunidade trans, buscando evidenciar a necessidade de inclusão na abordagem das questões de gênero, orientação sexual e seus direitos, bem como os direitos reprodutivos, evidenciando, ainda, a importância do ativismo para o meio social. Não esquecendo, também, de demonstrar as conquistas vividas pelos sujeitos dessas histórias relatadas.
Para finalizar, na seção obra rara, Isabela Melim Borges apresenta Contos Azuis (1906), coletânea de contos infantis, de Cecília Moncorvo Bandeira de Mello Rebelo de Vasconcelos. Escritora, jornalista e feminista brasileira, que utilizava o pseudônimo Chrysanthème. Autora de considerável obra literária, ela completa o rol de escritoras invisibilizadas do início do século XIX.
Boa leitura a tod@s!